Desemprego no Brasil

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No momento em que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas anuncia que o Brasil tem 207.660.929 de habitantes, o mesmo instituto divulga, em seguida, que a taxa de desocupação foi de 12,8% no trimestre encerrado em julho e já atinge 13,3 milhões de pessoas. As informações são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua. Segundo os levantamentos, a queda no desemprego no trimestre frente ao anterior foi puxada pelo aumento do trabalho informal e, por conta própria, pois o número de empregados com carteira assinada manteve-se estável em relação ao trimestre anterior (33,3 milhões de pessoas).

Já o número de empregados sem carteira assinada cresceu 4,6% em relação ao trimestre anterior, para 10,7 milhões de pessoas. O contingente de trabalhadores por conta própria subiu 1,6% no período, para 22,6 milhões de pessoas. Além disso, o recuo do rendimento médio recebido pelos trabalhadores no trimestre em relação ao anterior passou de R$ 2.111 para R$ 2.106.

Os números sobre o desemprego, comparados ao levantamento populacional, aumenta ainda mais as incertezas sobre os próximos meses. Entretanto, o problema tem que ser entendido pelo Governo Federal como uma ferramenta para alavancar as ações de retomada do crescimento da economia, que passa naturalmente pela correção dos rumos, que implica não somente na implementação de medidas de reformas, como também, de incentivo ao desenvolvimento econômico e social e que possam contribuir para a geração de empregos.

Na realidade o Brasil, diante da aguda crise política, vem tentando reforçar o Produto Interno Bruto que, nos últimos anos, teve uma queda de 3,4%, trazendo de volta o fantasma da recessão, gerando consequentemente o endividamento familiar e empresarial e uma crise fiscal gravíssima.

É inegável que o cenário já está menos cinza do antes. A credibilidade do País diante de investidores internacionais já está bem melhor do que antes. Entretanto, os índices sobre desemprego divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas deixa um rastro de insegurança diante do que ainda está por vir.

Contundo, dificilmente a retomada pode se dar pelo aumento do consumo da população, tendo em vista o elevado grau de endividamento que, em novembro, atingiu 57,3% das famílias e o desemprego, que atinge 11,9% da população. Diante deste quadro, é importante ressaltar que a criação de empregos consiste em uma das variáveis de mais lenta resposta no ciclo econômico. Segundo especialistas, a queda do desemprego em qualquer nação começa a surgir após a retomada econômica. Portanto, o nível de desemprego só deve começar a cair após um período maior de estabilização e crescimento da economia brasileira. Dessa forma, não deve ser esperado um incremento significativo do consumo das famílias no final de 2017 e em 2018, sinal do esgotamento do modelo de crescimento econômico, baseado no incentivo ao consumo adotado na última década.

Para vislumbrar a retomada do desenvolvimento, restam, portanto, um aumento na demanda externa e um crescimento dos investimentos como alternativas para impulsionar de forma mais efetiva a economia a partir de 2017. Face ao cenário atual, cabe observar a trajetória da taxa de investimento no Brasil e apontar as dificuldades estruturais a serem corrigidas para a retomada do crescimento econômico. Atualmente, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, a taxa de investimento gira em torno de 16% do Produto Interno Bruto, próxima de seu valor mais baixo em 20 anos. Entre 2013, e o terceiro trimestre de 2016, a taxa caiu de um patamar de 20,88% para 30% no nível dos investimentos no País.

Esta retração contribuiu para o quadro recessivo de 2014 a 2016. Este cenário se torna ainda mais preocupante, ao considerarmos o status do Brasil como economia ainda em desenvolvimento, com muitas deficiências em sua cadeia produtiva e enormes gargalos em sua infraestrutura que, por sua vez, precisam de fluxos intensos de capital para aumento de eficiência e competitividade.

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