Iúna é um município brasileiro do estado do Espírito Santo.
História
A história da região do Caparaó pode ser contada a partir da vinda da família real, em 1808. Em 1814, o príncipe regente João, filho de D. Maria I, determinou que as remessas de ouro, pedras preciosas ou madeira fossem feitas obrigatoriamente pelo Rio de Janeiro.
Para tanto, o governador da província, Francisco Alberto Rubim, recebeu ordens para construir uma estrada ligando Minas Gerais ao Espírito Santo. Vários povoados se formariam futuramente nesse caminho, em volta dos postos militares então instalados.
Um desses foi o povoado de São Pedro de Alcântara do Rio Pardo, erguido em volta da capela erguida em 1855 em terreno doado pelo fazendeiro Joaquim Ferreira Val[6]. O povoado foi primeiro subordinado a Vitória, e depois a Cachoeiro de Itapemirim.
Em 14 de julho de 1859, esse povoado é elevado à condição de paróquia; em 24 de outubro de 1890, obtém a emancipação de Cachoeiro de Itapemirim. O município foi criado em 11 de novembro de 1890, e instalado em 3 de março de 1891, com o nome de Rio Pardo.[7]
O nome de Iúna seria adotado em 1943. Significa “águas pardas”, em língua tupi.
O surgimento do Município de Iúna
O território que hoje corresponde ao Município de lúna pertencia, inicialmente, ao Município de Vitória. Era totalmente coberto pela Mata Atlântica e habitado por diversas tribos indígenas, da nação purí. Os purís eram de estatura mediana, de cor morena e cabelos pretos e lisos. Andavam nus, se alimentavam da caça e da pesca, cultivando alguns produtos agrícolas.
Em 1816, o Governador Francisco Alberto Rubim, valendo-se da Carta Régia do Príncipe Regente, Dom João, ordenou a construção da Estrada São Pedro de Alcântara, que ligava Vitória a Vila Rica, em Minas Gerais. O responsável pela construção em território capixaba foi o Comandante Duarte Carneiro. Para a manutenção da estrada foram estabelecidos quartéis de três em três léguas para que os viajantes pudessem descansar e encontrar proteção contra os constantes ataques das feras e índios, que viam no homem branco um invasor de suas terras.
Em território rio-pardense existiam três quartéis: a) Quartel de Chaves, que logo recebeu o nome de Quartel do Rio Pardo, por situar-se às margens de um rio de águas pardas; b) Quartel de Santa Cruz e Quartel do Príncipe.
Com o passar dos anos, ao redor do Quartel do Rio Pardo, surgiu a pequena povoação, denominada “Arraial de São Pedro de Alcântara do Rio Pardo”.
No decorrer do ano de 1845 o missionário capuchinho Frei Paulo de Casanova, construiu, com o auxílio dos índios purís, a Capela de São Pedro de Alcântara, inaugurada com a presença do Barão de Itapemirim e benzida pelo seu idealisador.
No ano de 1855 o Alferes José Joaquim Ferreira Valle doou 42 alqueires de terra para a construção de uma capela dedicada a Nossa Senhora Mãe dos Homens e expansão do arraial que se formava às margens do Rio Pardo. Contudo, em 1858, Frei Bento di Gênova liderou a construção da capela, que foi inaugurada e dedicada a Nossa Senhora da Pureza. Em 1859 o Arraial foi elevado a Distrito de Vitória, como nome de Freguesia de São Pedro de Alcântara do Rio Pardo. Posteriormente, o distrito passou a pertencer ao Município de Viana e, em 1867, foi anexado ao recém-criado Município de Cachoeiro de Itapemirim.
Com o crescimento da Freguesia, Frei Bento di Gênova construiu a Capela e o Cemitério de São Miguel Archângelo, no qual foi sepultado no dia 02 de janeiro, de 1862, pois falecera sentado na Pedra do Pecado, na Água Santa, no dia 01.
No período compreendido entre 1865 a 1870, chegaram à Freguesia de São Pedro de Alcântara do Rio Pardo diversas famílias de origem portuguesa, remanescentes da Guerra do Paraguai e que receberam, de Sua Majestade Imperial, Dom Pedro II, sesmarias no “Sertão do Norte” como era conhecida a extensa região que compunha o Distrito de Rio Pardo, abrangendo os territórios que hoje correspondem aos municípios de Castelo, Conceição de Castelo, Venda Nova do Imigrante, Muniz Freire, Ibatiba, Irupi, no Espírito Santo e Lajinha, Chalé, Ipanema, Conceição de Ipanema e Mutum, em Minas Gerais.
Dentre os remanescentes da Guerra do Paraguai, podemos citar: Vicente Antônio da Silveira Leite, Capitão João Ignácio de Almeida, Capitão Quincas Nunes, Tenente Ambrósio Leite, Capitão Francisco Antônio Rodrigues Justo.
Ainda no século passado chegaram outras famílias de origem portuguesa, vindas de Minas Gerais: Ferreira Valle, Ferreira da Costa (Felisbino) Ferreira Viana (Laje), Mariano Antônio Pereira (Mariano/Ricarte), Osório Pereira e Osório de Mattos, Maximiniano José de Lima, Trindade, Almeida, Ribeiro de Almeida, Ribeiro Leite, Barbosa, Gonçalves, Castro, Barros, Florindo de Freitas, Machado, Goulart de Almeida, Roberto de Moraes, Gomes, Amorim, Ferreira de Almeida, Ferreira de Amorim (Tebas), Ferreira Rios, Ribeiro Leal, Bernardo, Faria, Teixeira, Fonseca, Oliveira, Souza (Flóra). Também se fixaram em Rio Pardo, no final do século passado e início deste, famílias de outras nacionalidades: a família Lamy – de origem francesa; as famílias Hubner de Miranda, Emerick, Eller, Heringer, Von Randow – de origem alemã. Montenor, Rocen de Poncem – de origem suíça,e a partir da década de 20, do século atual, os libaneses: Amim, P.Alcure, Fadlalah, Antônio (Mansur Amar), Chequer Bou-Habib, Tanure, Abikahir, Cade, Bechepeche.
Dentre as famílias italianas que imigraram em 1879, podemos citar: Amigo, Bazzarella, Canabarro, Carlomagno, Catalano, Chrispim, Conde, De Biase, Labanca, Lofêgo, Finamore, Galotti, Gioia, Madeira, Mastrotti, Miglioni, Oggioni, Pagani, Pevidor, Poncio, Rossi, Scardini, Scussulini, Vivacqua, Tiengo. E, a partir deste século os Coletta, Campagnaro, Salotto, Bertholini, Quarto, Cassini, Henriques (Juca Italiano), Prottes, Fardim, Tomazzi (Thomaz), Vimercati.
Em 1879 foi construída a Igreja Matriz de Nossa Senhora Mãe dos Homens, criadas as escolas masculina e feminina da Vila e em 1881 foi instalado o Correio.
No dia 11 de junho de 1888 foi realizado, na Freguesia de São Pedro de Alcântara do Rio Pardo, o primeiro casamento civil da Província do Espírito Santo, antes mesmo da Proclamação da República. No dia 24 de outubro de 1890 os moradores de Rio Pardo decidiram pedir à Assembléia Constituinte a criação do município, visando o crescimento sócio-econômico da extensa região. Com efeito, no dia 11 de novembro de 1890, quando da promulgação da primeira Constituição Republicana do Estado do Espírito Santo, os Deputados Constituintes aprovaram o desmembramento do Distrito de São Pedro de Alcântara do Rio Pardo, então pertencente ao Município de Cachoeiro de Itapemirim, criando o Município da Villa do Rio Pardo, com sede na antiga Freguesia de São Pedro de Alcântara do Rio Pardo e tendo como distritos: Santa Cruz e São Manoel do Mutum.
Em conseqüência do desmembramento do Município de Cachoeiro de Itapemirim, no dia 03 de março de 1891, foi instalado o primeiro Conselho de Intendência Municipal, composto pelos cidadãos: Wenceslau Carvalho de Oliveira, Tenente Coronel Gabriel Norberto da Silva, Capitão João Osório Pereira, José Maria de Amigo e Antônio Carlos Rodrigues. A Comarca do Rio Pardo foi criada em 1890, teve como pioneiros os Magistrados: Dr. Cassiano Cardoso Castello, Dr. Augusto Afonso Botelho, Dr. Epaminondas Amaral. Na Promotoria, os pioneiros foram Dr. Waldemar Pereira (depois Juiz e Desembargador), Dr. Eurípedes Queiroz do Valle (depois Juiz e Desembargador).
O primeiro estafeta de Rio Pardo foi o Sr. Francisco Augusto de Castro (Chico Augusto) que, montado em sua mula, levava as malas do correio até Muniz Freire, de onde seguiam para Castelo e daí, de trem, para Cachoeiro de Vitória. O Sr. Chico Augusto trazia as malas destinadas a Rio Pardo e fazia a distribuição para os destinatários.
O primeiro Prefeito foi o Sr. José Antônio Lofêgo, que tomou posse do cargo em 1914, porém, como já era Intendente, administrou o município de 1905 a 1920. Foi o criador da Banda de Música Carlos Gomes, do teatro, do primeiro Jornal “O Boatto” iluminou a rua principal da Vila com lampiões a querosene e construiu o prédio da Prefeitura, inaugurado em 1914 e que hoje abriga a Câmara Municipal, o Sub-Núcleo/Departamento Municipal de Educação e o Museu Histórico da Casa da Cultura.
No ano de 1917 foi fundado o primeiro time de futebol do município, denominado ainda hoje: “Rio Pardo Futebol Clube”, com uniforme vermelho e branco.
Em 1922 chegaram os primeiros automóveis na antiga Vila do Rio Pardo. Foram recebidos com festa. Integrava a comitiva o Coronel Leôncio Vieira de Rezende e outras autoridades. Durante a administração do jovem Prefeito Antônio Lofêgo, em 1924, foi construída a primeira usina que gerou a eletricidade para toda a Vila do Rio Pardo, pioneira no sul do Estado. Em 1930 aconteceu a Revolução, sendo deposto o então prefeito Alfredo Hybner e fechada a Câmara, presidida pelo Coronel Pedro Scardini.
A professora Terpsichore Felisberto Lacerda (dona Terpinha) agrupando as escolas feminina e masculina da Vila do Rio Pardo, fundou o Grupo Escolar “Henrique Coutinho”, do qual foi a primeira Diretora, idealizadora e construtora do prédio, inaugurado dois anos depois e em funcionamento até os dias de hoje.
Em 1943 existiam no Brasil três municípios com a denominação de Rio Pardo: nos estados do Espírito Santo, em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul. Em virtude de Lei Federal, a duplicidade de nomes foi proibida. O Rio Pardo do Rio Grande do Sul, por ser mais antigo, permaneceu com o nome inalterado. O mineiro passou a denominar-se “Rio Pardo de Minas” e o capixaba foi denominado IÚNA, numa homenagem aos primitivos habitantes, banidos de seu território, pois no idioma tupi, lúna significa “águas pardas”.