Quando a esperança morre na véspera

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No dia 15 de março de 1985, o Brasil iria dar posse ao seu primeiro presidente civil, depois de vinte anos de ditadura militar. Como resultado de uma mobilizadora campanha popular por eleições diretas, o Brasil estava finalmente retornando ao rol dos países democráticos. O senador mineiro Tancredo Neves fora eleito pelo Congresso com 480 votos contra 180 obtidos por Paulo Maluf, candidato dos militares. A eleição, mesmo indireta, foi uma festa só. Mas no dia 14 de março, véspera da posse, a imprensa noticiava que Tancredo fora internado às pressas. Nos 38 dias seguintes, o presidente eleito sofrera sete cirurgias, e o quadro só piorava. Até que no dia 21 de abril veio a notícia fatal: Tancredo estava morto. O país inteiro, que antes acompanhara atento os boletins médicos, agora chorava desconsolado o funeral de suas esperanças.

Não é só um País que pode passar por uma tragédia assim. Pessoalmente, cada um de nós também tem a sua lista de sonhos que não se concretizaram. Um hino, que nosso povo gosta de cantar, diz: “Graças dou por minha vida… e a esperança que falhou”.

Creio que Tomé se sentiu assim, quando viu o corpo de Jesus, ensanguentado e morto, descendo da cruz para ser depositado num túmulo frio. Todos os sonhos daquele discípulo foram dinamitados com a crucificação de Cristo. Onde estariam as promessas de um mundo melhor? Essa frustração levou Tomé a distanciar-se dos discípulos, de tal modo que quando Jesus apareceu a eles, no domingo mesmo da ressurreição, Tomé estava ausente. E só “oito dias depois” (Jo 20.28) é que ele retornou ao convívio dos crentes.

O ser humano tem muita facilidade para apostar na esperança. E com a mesma facilidade passa a descrer de tudo, se essa esperança não se traduz em realidade. Depois de ver que Jesus estava vivo, Tomé se rendeu a Cristo, dizendo: “Senhor meu, e Deus meu” (Jo 20.28). Jesus já é também o seu Senhor?

Pr. João Soares da Fonseca – [email protected]

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