Sem medo do último dia

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Rex Humbard contou a história de uma senhora, que estava gravemente enferma. Depois de algum tempo no hospital, ela retornou à casa, ficando, entretanto, confinada ao leito. Sua filha, de 8 anos, não estava ciente da gravidade da doença.

Um dia, o médico foi à casa da mulher para consultá-la. No quarto, ficaram a menina e seu pai. A menina ouviu quando o médico disse à mãe: “Serei franco com a senhora: não lhe resta muito tempo. É outono, e a senhora deverá morrer antes que caiam as últimas folhas das árvores”.

Alguns dias depois, o pai foi sentar-se à mesa da cozinha para o café da manhã. Diante da ausência da filha, saiu pela casa a procurá-la. Mas não a encontrou. Já ia come-çar a se preocupar quando pela vidraça viu a filha lá fora. E o que viu cortou seu coração. A menina estava na frente da casa, apanhando as folhas que já haviam caído. Com agulha e linha, a pobre criança tentava costurar as folhas de volta aos galhos das árvores.

Humanamente falando, é triste saber que um dia deixaremos este mundo e nos separaremos de pessoas queridas. E certamente tudo faríamos para evitar separação assim dolorosa. Mas isso não nos deve assustar. O Senhor mesmo avisou o primeiro homem: “Tu és pó, e ao pó voltarás” (Gn 3.19). Como disse Emil Brunner, teólogo suíço, em seu livro Nossa Fé: “Todos os caminhos levam à cova. Esta é a horrível geografia desta vida. [….] Vive-

mos como negociantes que sabem da falência inevitável, mas que não arriscam pensar nisso, que não fazem um balanço nem tentam uma recuperação”.

Mas esta certeza, a de que voltaremos ao pó, não nos reduz a pó, porque o coração crente orienta-se por uma outra certeza: “O pó volte ao pó, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Ec 12.7). Para o crente, morrer significa retornar para Deus. Paulo disse: “…se já morremos com Cristo, cre-mos que com ele viveremos” (Rm 6.8). Esta convicção nos anima a prosseguir sem medo do último dia.

Pr. João Soares da Fonseca – [email protected]

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