A caminho dos braços doces dos demônios

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A caminho dos braços doces dos demônios

(Um texto de Theresa Russo – Fortaleza/CE).

 

Sobre o caso da estudante violentada moralmente numa faculdade de São Paulo. O que podemos esperar dessa nova geração? Aprisionados e confeccionados moralmente por valores humanos envoltos na hipocrisia absoluta, os jovens de hoje abrem suas arenas e demonstram sem qualquer remorso suas verdadeiras faces. Quando o homem cria novas tecnologias, onde a comunicação e as ciências atingem um patamar jamais imaginado, a não ser em ficção científica, observamos em outra forma de arena, os comportamentos animalescos (talvez eu esteja aqui agredindo os animais com essa comparação) dos novos seres humanos do século XXI. Uma forma de “queima as bruxas”, uma inquisição moderna e malvada se instala na sociedade dita “humana” e um deus criado por essa sociedade é configurado como ditador de regras e princípios morais anômalos de mentes torpes atordoadas de concreto em notas em euro e dolares efêmeros da moderna ignorância. São como crianças que podem atacar umas as outras para terem o poder da pretensa e não menos doentia moral moderna que considero totalmente anti-cristã. Se há um “Deus” e uma representação humana desse Deus em seu filho feito homem, há um modelo desfigurado e falido dessa representação, onde os valores compaixão, piedade, perdão e amor ao próximo se perderam nas ruas dos egoísmos, vaidades e preconceitos rudes de vikings modernos atropelados por gerações anteriores- tão falhas e medíocres em seus prórios valores e conceitos humanos. Eu sinto vergonha de ser humana. Sinto vergonha de ter nascido dessa tribo e conceber filhos descendentes dessa falsa liberdade de ser e proceder. Onde estamos? Estaremos nós de volta as antigas inquisições das igrejas absolutistas e assim caminhamos para os braços doces dos demônios?

RUSSO,T.C.F

Link para a postagem original:
http://muraldosescritores.ning.com/profiles/blogs/a-caminho-dos-bracos-doces-dos?xgs=1

2 COMENTÁRIOS

  1. Theresa, primeiro parabéns pelo texto e pela postura frente a mais essa agressão a que estamos sujeitos a assistir.
    Penso que custaram tanto para pregar valores, para ‘conquistar’ a sonhada liberdade, que hoje os próprios valores são usados para violentar, para ferir, para degradar a imagem do outro. E o que mais assustou foi que fui comentar a respeito do acontecido e tive que ouvir de pessoas ditas esclarecidas que foi bem-feito, que ela mereceu. E falaram tão normalmente que fiquei sem palavras no momento. Quer dizer que se as pessoas começarem a se reunir em bandos e atacar outras em nome da moral e bons costumes teremos que aceitar? “Que atire a primeira pedra quem não tiver pecados”. Será que a zombaria, a humilhação e outros são atos atos na moda? Parece que ando perdendo a noção de muita coisa. Sou da geração atrasada, só que não envergonho-me. Sou da geração dos que acreditam em amor, dos que acreditam em liberdade, dos que ainda sonham com seres capazes de viver em harmonia.
    Não há justificativa para o acontecido e dói ouvir as pessoas comentarem que a moça estava errada em se vestir daquela forma. É isso o que mostra os desfiles, é assim que algumas pessoas vestem há bastante tempo. Há uma cobrança contínua da sociedade em relação a imagem, então que respeitem os gostos, que aceitem que os dedos das mãos não são iguais, mas que se nos faltar um sentimos falta.
    Se não havia um estatuto por parte da faculdade em relação a trajes, por que ela é a errada?
    A falta de respeito com o indivíduo é só o que vemos ultimamente. Ou se é assim ou se é escorraçado. Muitas vezes penso nisso, penso em como estaremos daqui mais alguns anos e tenho medo pelos filhos, netos, bisnetos, próximos e próximos. Não é a toa que a própria natureza tem se rebelado contra o homem. Nem a própria Terra espera presenciar o que vem por aí.
    Deus? Como falar de Deus se as pessoas não cultivam o próprio ser criador que existe dentro de si? Criar para mim não é só Deus quem cria, nós criamos a todo instante. Criamos a miséria, criamos os transtornos, os marginais, criamos nossos sepulcros. E tudo quando poderíamos criar a beleza, quando poderíamos viver como irmãos e valorizar o que cada um tem de bom. Fiquei estarrecida ao assistir ao vídeo e, sinceramente? Façamos a nossa parte para não nos sentirmos ‘mais’ culpados pela brutalidade do mundo.
    Que seu texto ecoe, e que muitos possam refletir o que estamos a preparar para o futuro.
    Beijos!

  2. A necessidade de mais textos como o teu, Theresa, é grande. Pessoas perderam o senso de valorização com o próximo e hoje a selvageria é o que nos rodeia. Excelente escrita. Beijinhos.

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