Desencanto

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Eu faço versos como quem chora
De desalento…
de desencanto…
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue.
Volúpia ardente…
Tristeza esparsa…
remorso vão…
Dói-me nas veias.
Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
– Eu faço versos como quem morre.
(Manuel Bandeira – Teresópolis, 1912).
(Estrela da Vida Inteira, pág. 43).
Ternura completa.
Revelas ao meu pensar as faces de uma saudade
E tua voz em cirandas coloridas gira em meu corpo
Certa eternidade descrita por meus lábios em sussurros.
Confundo os passos entre a distância a cortar-me
E a verdade de quem somos no espelho de nossos atos,
Cria-se encanto e fúria a reinventar o desejo.
Galopas minhas tardes e estremeço se tu és ausência
Na infinidade em que o meu anseio publica a tua presença
E abro-me luar meio aos lençóis suados – imagens.
E de conhecer-te tanto sem saber-te
E de confundir-me ao ter-te único para sempre,
Mato-me e recrio-me pétala orvalhada de carinhos.
De ser tua, tão maior brincadeira,
Propago teu nome em minha alma sem medo,
Paixão certeira a conduzir minha sina
A ventura de amar-te mais uma vez
Quando muito não te esqueço um só segundo,
Sentinela da razão, a qual, eu chamo sonho.

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