O camelo do beduíno

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Conta antiga história oriental que um beduíno armou sua tenda no deserto. Para proteger-se do sol causticante, abrigou-se sob a tenda. Do lado de fora ficara o camelo. Eis que de repente, o beduíno levou o maior susto: o camelo se abaixou, esticou o pescoço e pôs a cabeça do lado de dentro da tenda.

O beduíno protestou, mas o camelo pediu permissão para proteger do sol apenas a cabeça, e o fez de modo tão comovente que o beduíno não viu outra solução senão concordar.

Algum tempo depois, quando o sol estava ainda mais quente, o camelo pôs o pescoço e parte do corpo dentro da tenda, alegando que o sol estava insuportavelmente quente. O beduíno só fez concordar. A história termina de modo escandaloso: o camelo completamente dentro da tenda, e o beduíno fora.

O propósito original da história era lembrar às pessoas que os maus hábitos vão se instalando devagar dentro da gente, e quando a gente se dá conta, está totalmente dominado por eles.

A história também pode ser adaptada pelo povo de Deus para lembrar que o pecado age de modo parecido ao do camelo do beduíno. Vai aos poucos assumindo o controle da vida do pecador. O autor de Hebreus adverte: “Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem” (Hb 12.15). As raízes brotam sem estardalhaço, e, por isso, não as vemos crescer. É uma amargura aqui, uma concessão ao pecado ali, maus hábitos que passamos a adotar de modo quase imperceptível, minúsculas negligências espirituais que achamos inofensivas… e quando menos se espera, perdemos nossa liberdade e ficamos algemados nas masmorras escuras da impiedade. Dizer “não” aos camelos é o melhor bem que alguém possa fazer à sua vida.

Pr. João Soares da Fonseca – [email protected]

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