Lilino Pinto Coelho

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Nasceu em Viçosa em 18/04/1915, saindo de lá com um ano e meio de idade, vindo direto para Manhuaçu. A cidade estava precisando de um político da área do PR, assim o Arthur da Silva Bernardes, mandou meu pai, Cordovil Pinto Coelho para aqui, a fim de dirigir a política do PR e também para exercer a profissão de medicina. Encontramos uma epidemia de tifo, nesta ocasião morria muita gente e a razão disse é que existiam muitos porcos espalhados na cidade. A primeira providência tomada por meu pai, Dr. Cordovil Pinto Coelho, foi exatamente evitar a engorda de porcos dentro da cidade perto das moradias. Tão logo foram retirados os porcos, a epidemia diminuiu e assim imediatamente o número de mortos. Pouco depois veio a Gripe espanhola, a qual atingiu durante a população de Manhuaçu. Meu pai teve uma luta tremenda, noite e dia sem dormir, socorria um aqui, outro ali. A doença era muito forte, mas ele conseguiu vencê-la, com a ajuda de Deus e muitos que com ele colaboravam. (1918 a 1919).

Nesta mesma ocasião, esteve na cidade um alemão que vendeu para o meu pai, um relógio de “cuco”, segundo ele foi o primeiro a entrar no Brasil e foi construído por ele mesmo.  Era todo esculpido a canivete e o conservamos conosco até hoje. Meus pais vieram já casados para Manhuaçu. O Hervê é de 1914, Lilino de 1915. René de 1917. Meu pai era de Porto de Santo Antônio, hoje Astolfo Dutra. Minha mãe estudava em Ubá, porque ela foi criada lá com o tio Levindo Coelho, que foi senador e pai de Ozanan Coelho. Meu pai ia passear muitas vezes em Ubá e ficou conhecendo minha mãe.

Namoraram e posteriormente se casaram. Mudaramse para Viçosa onde ele passou a exercer a profissão, a pedido de Arthur da Silva Bernardes, ex-presidente da República. Dª. Sinhá, como a chamavam (Maria De Lucca), era professora e começou a dirigir algumas escolas daqui. Gostava muito de costura e teve um atelier de alta costura. Passou então a costurar e a lecionar.

Em 1926, Dona Sinhá foi a primeira diretora de Escola Normal de Manhuaçu. No governo de Arthur Bernardes, foram criadas 12 escolas no Estado e Manhuaçu foi agraciado com uma delas. Mas nesta época meu pai ficou meio cansado da política e foram morar em Barra Mansa estado do Rio de janeiro e lá ficaram por 04 anos, até 1930. Foi quando Antônio Carlos, governador do Estado, foi buscar o papai novamente para fazer a política do PR em Manhuaçu e sua mãe já tinha voltado como diretora da Escola Normal Oficial de Manhuaçu. Nós os filhos, estudamos no Rio, no Ginásio Americano em São Cristóvão ao lado do Campo do Vasco da Gama, o que era bom porque assistíamos e participávamos dos jogos infantis do Vasco da Gama. Passávamos as férias em Manhuaçu. O meu irmão o Hervê Cordovil estou no Colégio Militar. Antigamente o prefeito era o Presidente da Câmara e Dona Sinhá, que era uma senhora muito preparada, ajudava na área social. Naquela época a política constava somente de dois partidos: Governo e Oposição. Era uma luta quente, acirrada e piorava muito no tempo das eleições. Depois de um mês tudo se tranquilizava, os ânimos se acalmavam e tudo seguia em paz. Mas sempre havia aqueles inconformados, que não sabiam perder. Mas isto acontecia nas classes mais baixas, não na cúpula. Eram os fanáticos e tudo era gerado em torno de um fanatismo. Tanto do lado do Governo, como da Oposição. Não importavam de morrer lutando. Tínhamos 02 partidos: o Partido do Governo (PR) e o Partido da Oposição (Concentração). O Dr. Alcino Salazar era chefe político, pessoa boníssima Dr. Abílio de Albuquerque que também era da Concentração, era muito firme e agressivo.

Certa vez recebeu um tiro do adversário. Existia o voto de cabresto, que significava que os adeptos daquele partido, obedeciam aos chefes políticos cegamente. Votavam em quem eles mandavam. Dr. Cordovil era um homem muito prestigiado, diziam  que ele fazia festas muito brilhantes. Quando o Grupo Monsenhor Gonzalez foi inaugurado, no planejamento da festa, soube que o partido da Oposição havia contratado todas as bandas da redondeza e que a festa não teria sucesso. Nesse mesmo dia ia haver também as inaugurações da Igreja São Lourenço, e a Ponte de Cimento Armado (Ponte dos Arcos) e do Grupo Escolar. Todas as pontes de Manhuaçu, eram de madeira, por esta razão todos conheciam essa ponte por “ponte de cimento armado”.

2 COMENTÁRIOS

  1. Eu náo tenho mais a memória de antigamente, tanto que não me lembro mais do nome da minha professora de francês na Escola Normal de Manhuaçu, esposa do Lilino.
    Sugiro que entre em contato com meu antigo colega de escola e amigo em Manhuaçu, Agildo Campos Ribeiro, advogado muito conceituado na cidade.
    A memória dele é melhor do que a minha.

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