Educação sai das salas de aula e conquista os ares

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Luiz Lenarth Gabriel Vermaas durante uma das aulas do projeto

Educação sai das salas de aula e conquista os ares com estudantes de Itajubá.  Tentar entender o que faz um avião se sustentar no ar sempre foi uma das curiosidades do jovem Marcos Gabriel Carvalho de Oliveira, de 15 anos. “Desde pequeno achava bonito ver um avião voando, depois quis entender como isto podia acontecer”, explica o estudante, que cursa o 1º ano do Ensino Médio na Escola Estadual João XXIII, em Itajubá, no Sul do Estado.

Em pouco tempo, a oportunidade chegou e Marcos pode encontrar respostas para suas curiosidades. Ele faz parte de um grupo de 46 alunos da Escola Estadual João XXIII que participam do projeto de aeromodelismo “Educação nas alturas com os pés no chão”, desenvolvido pela Universidade Federal de Itajubá. Uma das ações do projeto é a visita à fábrica de helicópteros Helibrás. Os estudantes vão conhecer o processo de produção dessas máquinas, que têm nos céus o cenário de atuação.

A visita à Helibrás faz parte do cronograma de atividades estabelecido para o projeto. Para que os alunos tenham uma atenção maior durante o passeio, a equipe de quase 50 estudantes foi dividida três grupos. O primeiro deles fez a visita nessa terça-feira (5). “Foi muito interessante e serviu para consolidar o que aprendi sobre os helicópteros. Uma coisa que me chamou muito a atenção foi a balança utilizada para medir cada parte do avião. Como um objeto pode ser tão preciso ao medir algo tão grande?”, questiona a estudante Joyce Mayara Almeida, de 15 anos. A medição das partes do avião é feita para avaliar a possibilidade de equilíbrio e sustentação na hora do voo.

Relação com as aulas

Com o tema aviação, as ações buscam fortalecer o processo educativo dos alunos do 1º ano do ensino médio. Na Física, os estudantes aprendem como uma aeronave consegue voar; na Matemática, são feitos os cálculos dos deslocamentos das aeronaves; com a Geografia, são trabalhamos os conceitos de latitude e longitude. Na História, os alunos aprendem, em uma linha do tempo, a trajetória da aviação, que vai do 14 Bis, de Santos Dumont, às aeronaves atuais.

A relação com as disciplinas estudadas na escola não para por aí. Os compostos químicos utilizados na construção das aeronaves são estudados na Química, assim como o estudo de Inglês se faz importante, por ser a língua técnica utilizada na aviação. “Geralmente os alunos estudam essas disciplinas sem uma aplicação. Nós partimos do problema, o avião voando, por exemplo, para o conteúdo, tentando entender esse processo. Vamos resgatando esses temas aplicados à educação”, argumenta o coordenador do curso de Engenharia de Controle e Automação da Universidade Federal de Itajubá, Luiz Lenarth Gabriel Vermaas. Ele também coordena o projeto de extensão da universidade “Educação nas alturas com os pés no chão”. Para a realização das atividades, os alunos se organizam em dois grupos que possuem duas horas semanais de aula. As ações são realizadas no contraturno do ensino regular.

Outra interessada nos estudos da aviação, a estudante Ana Caroline Consentino Batista observou que as aulas no ensino médio ficaram mais atrativas. “Eu aprendi sobre as forças que fazem o avião voar, além das aplicações de conceitos da Física. Também sei um pouco do Inglês utilizado para passar as orientações na aviação e sobre os fenômenos relacionados à mecânica do avião. Nas aulas do projeto, utilizamos os simuladores de voo no computador”, detalha.

“Na semana passada fizemos uma avaliação com os pais e alunos, na qual destacamos os pontos positivos e negativos das atividades do projeto. Observei que há uma aceitação muito grande deles. É no 1º ano do ensino médio que alunos têm o primeiro contato com as disciplinas de Física e Química. O projeto auxilia muito na parte prática do ensino desses conteúdos”, avalia a coordenadora do projeto na escola, Ediléia Ribeiro Santiago.

Com programação prevista até novembro de 2011, os alunos ainda vão ter a oportunidade de construir um aeromodelo a partir do Demoiselle, segundo avião criado por Santos Dumont. “Os alunos vão montar e poder voar com esse aeromodelo”, adianta Luiz Lenarth. Uma visita ao Museu da TAM também está prevista para o segundo semestre.

Na história da aviação

Com o significado de ‘Senhorita’, o nome francês Demoiselle caracteriza o avião por suas proporções menores, comparadas às características do 14 Bis. O segundo invento mais conhecido de Santos Dumont foi construído em 1907. Ele é o resultado de um aprimoramento dos aviões e das tecnologias utilizadas nos estudos da aviação.

“O Demoiselle era um avião menor, mais rápido e com maior possibilidade de controle. Por suas características é considerado o primeiro ultraleve da história”, explica o coordenador do projeto na Universidade Federal de Itajubá, Luiz Lenarth Gabriel Vermaas. A ‘Senhorita’ de Santos Dumont tinha, aproximadamente, 115 quilos, envergadura de 5,5 metros e comprimento de 5,55 metros. De acordo com o coordenador, o avião foi o último invento aeronáutico de Santos Dumont.

 

Agência Minas

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