Escritor – Luiz Carlos Amorim
Essa história do Enem – Exame Nacional de Ensino Médio – está muito esquisita e não é de agora. O tal Enem de 2009 foi cancelado, por vazamento da prova, e nova empresa foi contratada, em regime de urgência, para a realização do exame, marcado para os dias 5 e 6 de dezembro. O novo contrato para operacionalização do novo Enem vai custar nada menos do que 100milhões de reais. Com o que já havia sido gasto, já passa de130 milhões os recursos gastos com ele. Os mais de quatro milhões de estudantes inscritos este ano para prestar o exame, ao valor de trinta e cinco reais a inscrição, dá cerca de cento e quarenta milhões de reais, mais isso, como vimos, já está sendo gasto. Não é muito dinheiro? E ainda há mais “despesas”. Considerando-se que o Enem é realizado todo ano, há muito dinheiro correndo aí.
Para quê? As modificações feitas pelo governo para aplicar o Enem preveem o seu uso pelas universidades federais como primeira fase única do vestibular para ingresso ao terceiro grau, ou como primeira fase, ou combinado com o vestibular ou ainda como fase única para vagas remanescentes do vestibular.
Inicialmente, no entanto, o Exame Nacional de Ensino Médio foi idealizado para verificar o grau de qualidade do ensino oferecido pelas escolas e o grau de aproveitamento dos alunos. Um pouco complicado, não é mesmo? Porque se a educação dada for de baixa qualidade, as notas dos estudantes serão baixas, proporcionalmente.
Então o governo diz que um exame que foi criado para medir uma coisa, já sem muita exatidão, está sendo redirecionado para substituir o vestibular. E mesmo assim não é cuidado com o devido respeito, deixando vazar o conteúdo das provas, ainda na gráfica. Ou será que há alguma coisa a mais por trás disso tudo?
A verdade é que a própria Defensoria Pública da União recomendou à Universidade Federal do Rio de Janeiro que não adote o Enem como critério de acesso como fase única em seu sistema de seleção.
Nem a própria União vê credibilidade no Enem, imposto por ela? Por que será esse carnaval todo em cima de uma prova que não serve para medir a quantas está a nossa educação – que todos estamos vendo que não vai nada bem – nem serve critério para acesso à universidade pública?
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