Museu Casa Guignard inaugura a exposição “Ouro Preto: Amor Inspiração”

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Museu Casa Guignard, na cidade de Ouro Preto

Evento faz parte do projeto “50 anos sem Guignard”, homenagem ao artista plástico pelo cinquentenário de seu falecimento

O Museu Casa Guignard, instituição vinculada à Superintendência de Museus e Artes Visuais da Secretaria de Estado de Cultura (SEC), inaugura neste sábado (21), a exposição “Ouro Preto: Amor Inspiração”, que reúne 15 desenhos de Alberto da Veiga Guignard em grafite e bico de penas obre papel. Todas as obras têm a cidade de Ouro Preto como objeto de observação.

O mote curatorial da exposição está no projeto “Passos de Guignard”, que leva o público a conhecer os locais de onde o artista observava a cidade histórica e fazia seus trabalhos. Guignard manteve fortes laços com Ouro Preto, à qual chamava de “amor inspiração”. Durante o período de exposição, será promovida uma palestra sobre as práticas de conservação e restauro de trabalhos em papel, orientando os colecionadores e público interessado na manutenção dos trabalhos do artista.

Amostra faz parte das ações da SEC para homenagear os 50 anos do falecimento de Guignard. Grande mestre das artes plásticas do Brasil, Guignard encontrou em Minas Gerais a grande fonte de inspiração para sua obra. Apaixonado pelo Estado, em especial por Ouro Preto, o artista plástico dedicou boa parte de seus trabalhos a retratar as paisagens mineiras, mostrando-as com cores fortes e traços modernistas.

Ao longo do ano, até junho de 2013, o projeto “50 Anos sem Guignard” prevê a abertura de exposições inéditas no Museu Casa Guignard, com acervos de colecionadores privados e públicos, além de lançamentos de livros e debates sobre a obra e vida do pintor e desenhista, fundador da Escola do Parque (que mais tarde viria a se tornar Escola Guignard).

Entre os eventos programados, destacam-se as mostras Flores para Guignard, Retratos de Guignard e Paisagem Imaginária de Guignard, uma rica visão das fases mais importantes do artista, que muito contribuiu para a definitiva implementação do modernismo nas artes plásticas do Estado.

Está previsto também o lançamento do livro Pesquisa Guignard, de autoria da Professora Claudina Moresi, seguido do debate Como Colecionar Guignard, disponibilizando ao público um conhecimento mais profundo sobre as técnicas usadas pelo artista, as variáveis de sua assinatura e as características de seus traços.

Uma vida dedicada à arte

Além de um dos principais nomes do movimento modernista brasileiro, ao lado de Cândido Portinari, Iberê Camargo, Di Cavalcanti, Ismael Nery, Cícero Dias, Oswaldo Goeldi, entre outros, Guignard também teve relevância fundamental na formação de várias gerações de artistas plásticos mineiros, por meio de seu trabalho de educação artística na Escola Guignard, fundada por ele em 1940, em Belo Horizonte. Parte de suas obras pode ser conferida no Museu Casa Guignard, instituição vinculada à Superintendência de Museus e Artes Visuais da Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais.

Guignard nasceu em 25 de fevereiro de 1896, em Nova Friburgo, Rio de Janeiro. Seus primeiros anos de vida foram difíceis. Nasceu com lábio leporino, o que prejudicou sua infância em vários aspectos. Ainda menino, o pai suicidou-se, deixando traumas profundos em suas memórias. Aos 11 anos, mudou-se para a Europa com a mãe, que se casou pela segunda vez com um alemão. Lá permaneceu por mais de 20anos, estudando desenho e pintura em Munique, e participando de salões e exposições na França e Itália. Regressou ao Brasil em 1929.

Iniciou sua carreira como professor de arte na Escola Nacional de Belas Artes (RJ), por um curto período, dedicando-se durante quase uma década a ensinar desenho e pintura para crianças da Fundação Osório (RJ), em um trabalho pioneiro como artista educador no Brasil. No início da década de 40, trabalhou durante algumas temporadas a paisagem de Itatiaia (RJ). Em 1943, organizou no Rio de Janeiro, com alguns jovens artistas, o ateliê coletivo “A Nova Flor do Abacate”.

Convidado pelo então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, transferiu-se para a capital mineira em 1944, para lecionar na escola de arte que hoje traz o seu nome, a Escola Guignard, instituição que teve um papel decisivo na formação de grandes nomes da pintura mineira. Guignard faleceu em Belo Horizonte, em junho de 1962. Conforme o seu desejo, está enterrado na Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto.

Um museu dedicado ao artista

O Museu Casa Guignard foi inaugurado em março de 1987, em um processo que teve início nos anos 60 com a Fundação Guignard, constituída por amigos do artista para apoiar materialmente e difundir sua obra. Após o seu falecimento, a Fundação Guignard se dissolve e o projeto de um memorial dedicado ao artista em Minas é abraçado pelo Estado, com a criação do museu, com sede em Ouro Preto.

O acervo da instituição foi constituído inicialmente com obras, objetos e documentos pessoais do artista, que se encontravam sob a guarda da Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop), oriundos da Fundação Guignard: três desenhos em grafite; duas ilustrações para contos da escritora mineira Lúcia Machado de Almeida; um álbum com desenhos de figurinos para a peça “A Caçadora de Borboletas”; uma série de 12 estudos para um retrato de Guignard, de Carlos Scliar; uma cabeça de Guignard feita em bronze, de Amílcar de Castro; objetos de uso pessoal e trabalho, fotografias do artista e 58 documentos diversos.

Deste material se destaca um livro de autógrafos e dedicatórias, no qual Cecília Meirelles, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Manoel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, entre outros amigos e intelectuais, dedicam a Guignard poemas, desenhos e homenagens. A ele somaram-se, ainda, as doações de um violão pintado, uma cama decorada, ambos de autoria de Guignard, e um desenho de Takaoka, que retrata o artista.

Na década de 80, após a inauguração do Museu, foi adquirido pelo Estado para o acervo da instituição os ‘Cartões de Guignard para Amalita’, o álbum com 111 cartões de amor dedicados à pianista Amalita Fontenele e suas irmãs Lola e Anita, produzidos no Rio de Janeiro entre 1932 a 1937. Também foi incorporada à exposição dedicada ao artista no museu, uma grande paisagem sobre Minas Gerais, de propriedade do Museu da Inconfidência. Em 1997 o museu recebeu uma coleção de 165 fotografias de Guignard em Ouro Preto, do fotógrafo Luiz Alfredo.

 

Agência Minas

Postado por Marta Aguiar

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