Música são-joanense abre a 3ª Mostra dos Conservatórios

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Banda sinfônica do Conservatório Estadual de Música de São João del-Rei

São João del-Rei pode até ser conhecida pelo fato de ser uma cidade histórica e tricentenária de Minas Gerais, mas quem esteve no Teatro Municipal na noite desse domingo (22) passeou por novos ares. As cerca de 600 pessoas que prestigiaram a abertura da 3ª Mostra dos Conservatórios Estaduais de Música de Minas Gerais participaram de batalhas intergaláticas, mergulharam em busca de feras nos oceanos, foram ao passado e vieram de volta para o futuro. Isso porque a banda sinfônica do Conservatório Estadual de Música (CEM) de São João del-Rei abriu o evento de forma criativa e mostrou que trazer os clássicos do cinema para o repertório é uma forma de atrair o interesse e despertar o talento dos jovens. Primeira atração da Mostra, a banda sinfônica do CEM de São João é formada por professores, estudantes e músicos convidados. No palco do Teatro Municipal estiveram cerca de 50 músicos que, apesar de terem começado com uma obra do mestre Heitor Villa-Lobos, inovaram no repertório e foram ovacionados pelo público. Os jovens músicos interpretaram, sim, os clássicos, mas muitos deles do cinema. As trilhas sonoras de “E.T. – O Extraterrestre”, “Guerra nas Estrelas” e “Tubarão”, todas do maestro John Williams, foram algumas das músicas interpretadas pela banda. O ponto alto da noite, contudo, foi o final, quando o coral do Conservatório se juntou a banda e emendou uma série de canções do grupo Abba, como “Dancing Queen” e “Mamma Mia”. Segundo a vice-diretora do CEM de São João, Salomé Viegas, fugir um pouco do repertório de clássicos é uma forma de aproximar a música dos estudantes. “Apesar de estarmos em uma cidade que tem música desde o século 18, nós temos que acompanhar o século 21. Acompanhar a tendência de uma escola de música de ser mais versátil, de apresentar para os alunos não só o programa rígido de um conservatório europeu, mas também o estilo brasileiro. Tem que ter espaços para estilos variados”, explica. A opinião é compartilhada pelo maestro da banda e professor do conservatório, Thiago Henrique de Souza. A frente da banda há pelo menos cinco anos, Thiago garante que o estilo agrada aos jovens, mas também conquista o público. “O repertório agrada, a banda tem essa facilidade de se comunicar com o público, porque as pessoas tem uma afetividade maior com a música”, analisa. “Nós também nos dedicamos a resgatar a tradição da música mineira. Nós tocamos um dobrado que talvez seja o dobrado mais conhecido de Minas Gerais. Eu estive no norte e no sul de Minas e vi partituras de bandas que tocam esse dobrado”, completa, referindo-se ao dobrado “Dois Corações”, de Pedro Salgado.

Talentos

Já no primeiro dia de mostra os anfitriões mostraram a habilidade em produzir talentos. Durante a apresentação da banda sinfônica, alguns estudantes fizeram solos com seus instrumentos. Sara Eulália Batista, de apenas 16 anos, conseguiu arrancar aplausos do público com sua performance ao saxofone. A jovem começou a tocar na banda do Conservatório este ano e já teve a chance de ganhar destaque. “Conseguir um solo na primeira apresentação do ano foi um privilégio”, conta. Sara começou a tocar saxofone da banda de sua cidade, Lagoa Dourada, que fica a 36 quilômetros de São João del-Rei. Seu primeiro contato com o instrumento aconteceu aos nove anos de idade, mas ela garante que o Conservatório foi essencial na sua evolução. “Muito do que eu sei hoje eu aprendi no curso prático do conservatório. É no conservatório que eu adquiri mais habilidade para executar o instrumento”, explica. “É o mesmo clima de uma escola normal, com trabalho, prova, dever de casa, mas é mais divertido. Porque no fim das contas vai repercutir no próprio instrumento e no que a gente gosta de fazer, que é tocar”, completa. Quem também mereceu aplausos da plateia foi o pianista Franz Ventura, de 19 anos. Aluno do Conservatório, Franz deu o pontapé inicial na apresentação e acompanhou a professora Salomé, na flauta, na execução do hino nacional, enquanto o maestro Paulo Miranda regia a plateia na interpretação. O jovem é um prodígio do instrumento e tem planos ambiciosos para o seu futuro como músico. “Pretendo seguir carreira de compositor, quero ir pra São Paulo no ano que vem para cursar uma universidade. Esse ano eu já tenho três recitais marcados só com composições minha e pretendo fazer uma carreira solo”, conta Ventura, que já tem cerca de 30 composições registradas.

 

Agência Minas

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