Visitas a museus reforçam o conhecimento de sala de aula

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A busca pelo conhecimento não se limita às salas de aula. Despertar o interesse de estudantes pelo currículo escolar passa também por romper os muros da escola e ganhar espaços culturais como bibliotecas, centros culturais e museus. No Dia Internacional dos Museus, comemorado nesta quarta-feira (18), fica ressaltada a importância desses espaços na educação dos jovens mineiros. Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, o ensino deve ser ministrado com base em 11 princípios e entre eles está a valorização da experiência extraescolar. Em Minas Gerais, há 319 museus, com destaque para o Circuito Cultural Praça da Liberdade, que oferece aos belo-horizontinos o maior complexo cultural do Brasil. Só o Espaço TIM UFMG do Conhecimento e o Museu das Minas e do Metal, espaços que fazem parte do circuito, receberam juntos a visita de mais de 18 mil estudantes em seu primeiro ano. Para a professora titular da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Magda Soares, os passeios escolares são componentes importantes para o desenvolvimento dos estudantes. São eles que dão realidade ao aprendizado dos alunos. “O estudante vai à escola para desenvolver habilidades e conhecimentos que devem ser utilizados fora da sala de aula. Visitas a locais como museus, por exemplo, configuram-se como um capital cultural que a instituição de ensino tem a obrigação de oferecer a seus alunos”. O Circuito Cultural reúne 13 espaços culturais, entre museus históricos, artísticos e temáticos, centros culturais, bibliotecas e espaços para oficinas, cursos e ateliês. Juntos, os espaços já abertos receberam cerca de 500 mil visitantes no primeiro ano de implantação do complexo. Entre os espaços que servem de fonte de conhecimento para os estudantes está o Espaço TIM UFMG do Conhecimento. O prédio de cinco andares abriga um planetário de última geração – único em Minas Gerais -, observatório astronômico e um conjunto de exposições temáticas interativas que abordam assuntos como o universo, a vida na Terra, o meio ambiente e os processos humanos de simbolização e trocas sociais, com cenários interativos e muita tecnologia. Já o Museu das Minas e do Metal se propõe a ser o retrato do legado do processo de desenvolvimento econômico, social e cultural do Estado. Além de colocar a mineração e a metalurgia em perspectiva histórica, ele desvenda o papel do metal na vida humana, ilustrando sua diversidade, características, processos produtivos e sua inserção no imaginário coletivo. Entre os projetos desenvolvidos pela Secretaria de Estado de Educação (SEE) que incentivam as atividades extracurriculares está o ‘Escola Viva, Comunidade Ativa’, que atende a 440 mil estudantes, em 501 escolas da Rede Estadual de Ensino. Só em 2010, por meio de parcerias com dez diferentes instituições, 385 escolas visitaram museus, órgãos públicos e participaram diversas atividades culturais, o que beneficiou a mais de 38 mil estudantes. Para que a função das excussões escolares esteja completa, não basta apenas que os jovens estejam fora do ambiente escolar, é preciso toda uma preparação, como a que faz o professor de História da Escola Estadual Alaíde Lisboa de Oliveira, Anderson Alves. Localizada no bairro Taquaril, em Belo Horizonte, a escola é uma das instituições que se apropriam das excursões como recurso pedagógico e o professor faz questão de levar alunos preparados para entender o que vão ver. “No ano passado, nossos alunos fizeram uma excursão para o Instituto Cultural Inhotim, em Brumadinho. Antes da visita fizemos uma aula interativa sobre a arte. Apresentei para eles o que seria arte moderna, pós-moderna, contemporânea, entre outras. Foi praticamente uma troca de ideias”. Durante a visita, os alunos questionaram e interagiram com as obras, o que segundo o professor ajudou no processo de aprendizagem. “Os alunos gostam de tudo que fuja do ambiente escolar. As excursões são ferramentas importantes de aprendizado porque aguçam a curiosidade deles. Os passeios funcionam como recreação, mas não deixam de ser uma aula”.

Agendamento de atividades

No intuito de incentivar a visitação dos alunos da rede estadual de ensino a locais que possam servir como fonte de conhecimento, a Secretaria de Estado de Educação (SEE) oferece para as instituições o custeio das visitas. Para isso, basta que a escola envie um projeto detalhado das ações que serão desenvolvidas no passeio. Entre os itens que devem conter no projeto está o objetivo, o custo total, quantos alunos irão e qual o tipo de transporte utilizado. Segundo a superintendente de Educação Infantil e Fundamental, Maria das Graças Pedrosa Bittencourt, as solicitações vão desde visitas a museus a idas ao cinema. “As solicitações das escolas são sempre referentes a um trabalho que está sendo desenvolvido. Muitas vezes elas estão relacionadas à culminância de uma atividade”, explica.

Um espaço para a educação

Quem desejar saber da história da educação mineira tem a oportunidade de visitar o Museu da Escola de Minas Gerais. Localizado no segundo andar do Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG), em Belo Horizonte, o museu conta com um acervo de seis mil peças entre objetos e documentos de várias fases da escola do período republicano. “Neste espaço nós apresentamos quatro momentos das escolas. Temos a Escola Tradicional, a Escola Nova, a Escola Pabaee/Tecnicista e a Escola Contemporânea”, explica a coordenadora do museu, Sônia Aroeira. Entre pesquisadores e alunos de escolas públicas e particulares, o museu, que foi criado em 1994, recebe uma média mensal de 1.500 visitas. Os interessados em conhecer o espaço têm a oportunidade de ver e entender objetos como a palmatória, muito utilizada para castigar os alunos indisciplinados no início do século XX, na chamada ‘Escola Tradicional’. Os jogos pedagógicos em madeira da ‘Escola Nova’ e o projetor de slide da ‘Escola Tecnicista’ também fazem parte do roteiro dos visitantes. Outra curiosidade que o museu abriga é o primeiro computador utilizado pela Secretaria de Estado de Educação, quando funcionava na Praça da Liberdade. Um público constante do museu é composto por cerca de 5.230 alunos, 270 professores e 120 funcionários do IEMG. O privilégio de ter um espaço como esse dentro da escola contribui para os professores realizarem os seus trabalhos em sala de aula. “Como professor de História procuro mostrar aos meus alunos o que é uma fonte histórica. É utilizando esta fonte que o historiador escreve a história do passado. È a luz desses objetos, referências e vestígios que estudamos o passado que não tem como voltar mais”, explica Ronaldo Campos. A aluna do IEMG, Nicole Oliveira Furtado, se diz honrada em fazer parte de uma escola que abriga um museu. “Eu já visitei várias vezes o Museu da Escola, mas sei que nem todos têm essa oportunidade. O interessante é saber como os alunos antigos viviam e estudavam”, comenta a estudante do 6º ano do Ensino Fundamental.

 

Agência Brasil

 

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