Você é maduro?

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Armando Correa de Siqueira Neto*

2617Quem sempre aponta o dedo da culpa para os outros, age de modo adulto? Não é justamente através da responsabilidade pessoal que se cresce solidamente e alcança-se a maturidade mínima para o ideal convívio social? Basta dizer “sou maduro” para se alcançar tal condição? E quanto a enganar a outrem, fugir e se achar esperto, seja por um ato estarrecedor ou por uma mentirinha (aquela que todo mundo conta)? Aliás, é sinal de maturidade fazer o que a maioria faz? Não fica evidente que se está enraizado no jardim da infância ao se revelar sem qualquer pensamento crítico? Mais: confundir independência financeira com maturidade pessoal não é uma maneira de se autoenganar, agradando a si mesmo e a sociedade cuja adoração massificada pelo consumo sobrepuja a autonomia individual pensante?

Pode-se afirmar que é a fantasia dando as cartas no jogo do faz-de-conta quando alguém age irresponsavelmente, tem medo das consequências e, de quebra, ainda foge na esperança de que tudo seja esquecido? Coisa de criança? Revela-se, então, só uma sombra pálida e impotente do “adulto” frente aos muitos chamados da responsabilidade? E quanto às artimanhas usadas pelo autoengano? Falar grosso e gritar (além do astucioso jogo de palavras) não assumiram, pois, a lacuna deixada pela falta de desenvolvimento da fundamental fase do crescimento individual? Então, não é através do grito que a criancinha tenta impor as suas ideias e obter aquilo que deseja? Ou por meio da manha que seduz e conquista? Não estão, portanto, tão evidentes os comportamentos que revelam a infantilidade das pessoas que ainda carecem do devido amadurecimento?

Porquanto, o que fazer? Uma coisa é enxergar, outra é mudar, não é? O que acontece quando se nega, autoiludidamente, que se tem muito pela frente, na escalada da maturidade? Fica-se refém do atraso? Entretanto, ainda que a autoavaliação honesta, profunda e frequente cobre o seu preço através do inevitável mal-estar, não é ela a ferramenta adequada para se conquistar a consciência em relação a si mesmo, além de gerar o incômodo essencial para que se imponha a mudança na direção do crescimento? Mas, para empreender a autorrevisão, o autoconhecimento e a transformação pessoal não é necessária a autorização íntima?

Assim, vale afirmar: Só a pessoa pode oferecer a si mesma o desenvolvimento que se extrai através da reflexão particular. Todavia, apenas ela, igualmente, pode se impedir a tamanho benefício se a sua inconsciência ainda não permite vislumbrar nem a grandiosidade a que tem direito nem a mediocridade a que se submete.

 

*Armando Correa de Siqueira Neto é psicólogo (CRP 06/69637), palestrante, professor e mestre em Liderança. Coautor dos livros Gigantes da Motivação, Gigantes da Liderança e Educação 2006. E-mail: [email protected]

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