Pela 1ª vez na história, Guarani vai decidir fora

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Ao aceitar, mesmo que a contragosto, a proposta da Federação Paulista de Futebol (FPF) de realizar as duas partidas finais do Estadual no Morumbi, em São Paulo, o Guarani abriu mão de uma vantagem técnica importante, já que em 11 jogos em casa venceu dez na competição, e ainda quebrou uma tradição recente de os times do interior fazerem as decisões diante de seus torcedores.

O Santo André aceitou isso em 2010, contra o Santos, mas por outros motivos. Seu estádio, o Bruno José Daniel, tem capacidade para pouco mais de 15 mil torcedores e a cidade fica na região da Grande São Paulo e ABC.

Em 2008, por exemplo, a Ponte Preta exigiu seu direito diante do Palmeiras, fazendo a primeira partida em Campinas. Perdeu por 1 a 0, mas proporcionou uma grande festa ao torcedor.

Em 2001, a história se repetiu com o Botafogo, que enfrentou o Corinthians em Ribeirão Preto na primeira partida. Mesmo com a derrota por 3 a 0, viu sua torcida lotar o Estádio Santa Cruz.

Na histórica final caipira de 1990, Novorizontino e Bragantino, com duelo à parte entre Nelsinho Baptista e Vanderlei Luxemburgo, também jogaram diante de sua gente, mesmo com a capacidade reduzida de seus estádios – Jorge Ismael de Biasi, em Novo Horizonte, e Marcelo Stéfani, hoje Nabi Abi Chedid, em Bragança Paulista.

Em 1988, envolvendo o próprio Guarani, contra o Corinthians, um dos jogos também foi em Campinas. No primeiro, em São Paulo, no Morumbi, houve empate por 1 a 1, com golaço de Neto, de bicicleta, para o Guarani. No jogo da volta, no Brinco de Ouro, foi a vez de surgir Viola, jovem artilheiro corintiano, autor do gol da vitória por 1 a 0.

No ano seguinte, em 1989, a Federação usou seu poder e convenceu o São José a aceitar as duas partidas decisivas diante do São Paulo no Morumbi. Vitória do Tricolor.

Em outras finais históricas, como em 1986, entre Inter de Limeira e Palmeiras – o primeiro título de um time do interior – , e as decisões envolvendo a Ponte Preta, em 1977, 79 e 81, os jogos também foram na Capital por decisão da Federação, mas eram outros tempos, com estádios sempre lotados e o Morumbi definido como palco antes mesmo de a competição começar.

O mais estranho da situação atual é que o Estádio Brinco de Ouro, do Guarani, tem capacidade para mais de 30 mil torcedores (32.453) e já foi palco de três decisões históricas – a do Paulista de 1988 contra o Corinthians, e duas de Brasileiro, contra Palmeiras (1978) e São Paulo (1986), com público de 27.086 e 37.370 pagantes, respectivamente, e ainda com uma conquista nacional do time de Campinas, em 1978, diante do Palmeiras.

Curiosamente, esta será a primeira decisão que o time campineiro não fará em sua casa nos seus 101 anos de história.

Derrota bugrina. Tudo isso sem se falar do aspecto técnico, já que o Guarani tem feito grandes exibições no Brinco, como domingo, no dérbi campineiro, ao vencer a Ponte Preta por 3 a 1.

O presidente bugrino, Marcelo Mingone, chegou a dizer que não aceitaria jogar as partidas em São Paulo, mas acabou acatando a decisão da Federação. Essa, aliás, foi a segunda derrota do dirigente, que antes teve de engolir o dérbi com a presença das duas torcidas, contrariando o que estava combinado.

O Estado de S.Paulo

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