– Estar em contato com a natureza e receber uma boa dose de adrenalina é o que busca grande parte dos praticantes de esportes off-road, como trilhas, enduros e motocross. Pesquisadores de Itajubá, no Sul de Minas, têm mostrado que aliar o prazer à tecnologia pode ser uma boa pedida. Os engenheiros Luiz Sérgio Ribeiro e Tadeu Lyrio Junior, praticantes desse esporte, chegaram a esta conclusão e desenvolveram uma nova tecnologia, a partir da própria necessidade. Eles são proprietários da empresa EMX, especializada no desenvolvimento de softwares embarcados (embutidos) para automóveis, e pretendem colocar no mercado um computador de bordo com mais de 15 funções destinado a motocicletas esportivas.
“Começamos a ver as necessidades que tínhamos como praticantes, pensamos então em fazer nossos próprios equipamentos”, conta Ribeiro. Segundo ele, o computador de bordo, inicialmente bem simples, foi sendo melhorado na medida em que era desenvolvido. O produto, que será comercializado pela própria EMX, foi desenvolvido com apoio daFundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), que liberou R$ 17,7 mil, dentro do Projeto Inventiva que apoia o desenvolvimento de protótipos de produtos ou processos inovadores, e doBanco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), que contribuiu com R$ 117 mil.
Funções
Os engenheiros trabalharam no projeto por mais de dois anos, realizando testes para garantir o perfeito funcionamento do produto. O resultado é um aparelho que auxilia na navegação e funcionamento da motocicleta. Ele possui duas entradas de dados: é ligado ao sinal de pulso da ignição para informações como Rotações por Minuto (RPM) e tempo de motor (horímetro); e em um sensor magnético com um imã instalado na roda dianteira da motocicleta, que gera informações para outras funções no equipamento. “Suas vantagens são a precisão nos dados obtidos, auxílio na manutenção do veículo e o fato de ser destinado a dois mundos dos esportes em duas rodas off-road: aos amantes de trilhas e enduro e aos praticantes de motocross”, afirma Ribeiro.
Explicações do pesquisador indicam que o computador de bordo reúne em um só equipamento as funções que atualmente o mercado disponibiliza em três equipamentos diferentes. “Ele substitui as funções de um painel comum e acrescenta funções de manutenção. Hoje temos três tipos de equipamento no mercado: um para gerenciamento de tempo de prova e treino; outro que tem funções de manutenção, como o horímetro, que ajuda a verificar o funcionamento do motor e um terceiro que dá a relação espaço-tempo. Unimos os três em um só e acrescentamos algumas funções, como o shift light, que, programado, indica a melhor hora de mudar a marcha para ganhar potência e não forçar o motor e o alarme de velocidade, que indica quando a velocidade atingiu determinado ponto”, diz. A proposta é comercializar o produto diretamente para os motociclistas. “É um produto de instalação muito simples”, garante Ribeiro.
Segundo ele, a dificuldade de obtenção de crédito é um entrave para pequenas empresas e o apoio governamental, como o da Fapemig, é decisivo para o crescimento dessa parcela do mercado. “Já temos outros projetos em andamento e esses incentivos são fundamentais para desenvolvimento do país. Não apenas as grandes empresas geram renda e movimentam capital”, diz.
Gosto por inovação
Além de desenvolver tecnologias inovadoras, os engenheiros da EMX procuram identificá-las externamente e agregá-las à sua produção. Em 2009, a empresa adquiriu, por meio de contrato de transferência de tecnologia, os direitos de produzir e comercializar outro produto desenvolvido com apoio da Fapemig. Trata-se da “suspensão compacta” para motocicletas, bicicletas e veículos comerciais leves, como pick-ups de pequeno porte. A inovação, criada pelo inventor Revélson de Souza, reúne em um só eixo o sistema de mola e o “amortecedor radial”, que tem a finalidade de amortecer movimentos de rotação de um eixo em sentido horário e anti-horário, proporcionando um sistema menor e mais leve.
As vantagens do invento sobre os atuais sistemas de suspensão são muitas: ganho de espaço, desempenho, performance (por ser mais compacta e leve), e ainda proporcionar mais estabilidade e resistência aos veículos. O produto ainda está em fase de testes. Além deste, outros 11 acordos de transferência tecnológica para diversas empresas foram realizados com a participação da Fapemig.
Agência Brasil