Brasil vê com desconfiança e cautela processo eleitoral em Honduras

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A três dias das eleições gerais em Honduras, o governo brasileiro acompanha com desconfiança e cautela os acontecimentos no país vizinho. A tendência da Suprema Corte hondurenha de referendar a destituição do poder do presidente deposto, Manuel Zelaya, consolida a decisão brasileira de considerar ilegítimo o processo eleitoral. A expectativa de organismos internacionais era que a Corte mantivesse os termos do acordo autorizando o retorno de Zelaya ao governo.

Porém, em conversas informais, Zelaya vem sinalizando desacreditar na possibilidade de ser restituído ao poder. Nos diálogos que manteve, segundo alguns observadores brasileiros, o presidente deposto demonstrava frustração. Para ele, a tendência é que permaneça abrigado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa até o dia 27 de janeiro de 2010 – quando termina seu mandato.

No mês passado, o presidente golpista, Roberto Micheletti, e Zelaya firmaram um acordo negociado por interlocutores norte-americanos. Nele, ficou estabelecido o retorno do presidente deposto e que Micheletti deixaria o cargo e aceitaria as eleições.

No entanto, os termos do acordo dependem das autorizações do Congresso e da Corte Suprema. Ambos os órgãos postergam as discussões. Daí o surgimento de suspeitas sobre a legitimidade do processo eleitoral em Honduras. Como o voto não é obrigatório, Zelaya disse que só aceitará o resultado das eleições, se mais de 80% dos eleitores comparecerem às urnas.

De acordo com diplomatas brasileiros, é impossível legitimar os resultados de eleições por suspeitas de contaminação, uma vez que o atual governo de Honduras foi estabelecido depois de um golpe de Estado comandado pelo Congresso, a Suprema Corte e as Forças Armadas, em junho deste ano.

Somente os Estados Unidos e o Panamá apoiam o processo eleitoral hondurenho. Os demais países das Américas do Norte, Central e do Sul, sob liderança do Brasil, levantam dúvidas sobre a isenção das eleições. O governo do Paraguai, por exemplo, informou que vai rejeitar o resultado das eleições.

Abrigado na Embaixada do Brasil, Zelaya também levanta dúvidas sobre a isenção do processo eleitoral e não esconde o aborrecimento com a iniciativa norte-americana em legitimar as eleições. Segundo o presidente deposto, a atitude seria um crime contra a democracia. Há pouco mais de 15 dias, homens armados lançaram granadas contra um edifício onde estavam armazenadas urnas.

Ontem (25), o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, reiterou a posição brasileira. “Sem o retorno do presidente [Manuel] Zelaya ao poder, todos os países da América Latina e do Caribe já declararam que consideram as eleições ilegítimas e que não reconhecerão o novo governo. Eu não sei, no futuro, o que vai acontecer com outros países, mas o Brasil continua firme nessa posição [de considerar as eleições, do próximo dia 29, ilegítim

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