Indicadores de produção industrial revelam perda de ritmo em dezembro

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Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A atividade industrial recuou em dezembro, mas o setor não perdeu o dinamismo e deve ter crescido em 2010 mais de 10% em relação a 2009, acima do aumento de 7,6% do Produto Interno Bruto, segundo previsão da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A alta expansão contraria tese de alguns economistas e lideranças empresariais que avaliam que o Brasil está se desindustrializando.

“Essa é uma questão sensível e polêmica”, analisou Flávio Castelo Branco, gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, ao assinalar que além do crescimento do setor é preciso observar o funcionamento das cadeias produtivas e a composição dos produtos industriais (que podem ter componentes e insumos importados).

Segundo Castelo Branco, os números apresentados pela CNI para dezembro de 2010 são bastantes “expressivos”, mas pode estar ocorrendo uma “inflexão” na economia nacional no sentido de continuar crescendo em ritmo menor. A projeção para este ano é que o setor cresça 4,5% (4% se consideradas apenas as atividades de manufatura).

Os dados de dezembro podem apontar uma virada decrescente no faturamento real, no número de horas trabalhadas e na oferta de emprego. Na comparação entre dezembro e novembro do ano passado, o faturamento caiu 0,6%; o número de horas trabalhadas perdeu 2,2% e o número de pessoas empregadas recuou 0,5% – dados dessazonalizados, isto é, descontados os efeitos típicos do mês de dezembro (como o menor número de dias úteis por causa do recesso de fim de ano).

Para Castelo Branco, a diminuição do ritmo tem a ver com o arrefecimento das medidas anticíclicas acionadas pelo governo em 2009 por causa da crise financeira internacional, como a diminuição e até isenção de impostos federais para compra de automóveis e eletrodomésticos.

Passada a crise e a necessidade de medidas fiscais de “alavancagem” econômica, o país mantém um “ciclo virtuoso” mais próximo do que se verificava antes. Na comparação de 2010 e 2008, os indicadores são mais equilibrados: o emprego na indústria supera em 1,7% o nível pré-crise; o rendimento médio real teve alta de 2,1%; a massa salarial subiu 4,2% enquanto o faturamento real da indústria teve aumento de 5,1%.

Quanto à utilização da capacidade instalada da indústria em 2010, a média é de 82,8% um patamar 2,5 pontos percentuais a frente de 2009 e ligeiramente inferior (0,2 ponto percentual) face a 2008. Segundo o economista Marcelo de Ávila, também da CNI, o dado mostra a “normalização” do processo de utilização da capacidade instalada.

A acomodação desse indicador é importante porque revela equilíbrio entre o crescimento da demanda de produtos e os investimentos na capacidade produtiva, o que evita depressão econômica e pressão inflacionária.

Ontem (9), a CNI elogiou o corte de R$ 50 bilhões nas despesas do Orçamento Geral da União anunciado pelo governo. Havia temor entre os empresários de que o aumento de gastos públicos gerasse pressão inflacionária e aumento de juros para contenção, o que onera o setor a fazer empréstimos e pagar dívidas contraídas.

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