Estados Unidos desestabilizam ordem mundial pós-Muro de Berlim, diz professor

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Brasília – A queda do Muro de Berlim, que completou 20 anos em 9 de novembro, e o colapso da União Soviética levaram os Estados Unidos a assumir a liderança mundial, ocupando o espaço deixado pela Europa e que as Nações Unidas não foram capazes de preencher. O professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Virgílio Arraes, avalia que esse abandono do multilateralismo e as ações intervencionistas em outros países marcaram a política externa norte-americana, levando à perda de confiança no sistema internacional.

“Se considerarmos a Guerra Fria, os Estados Unidos venceram três guerras mundiais em 75 anos, mas não foram capazes de derrotar o Afeganistão e o Iraque nos últimos anos. Passaram da liderança eufórica à perda de confiança”, afirmou Arraes, em um seminário sobre a queda do Muro de Berlim, promovido pela UnB, na semana que marcou as duas décadas de derrubada.

Segundo ele, desde os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, a atuação dos Estados Unidos “desestabiliza” a ordem que eles próprios desenharam. “Em 1989, quando o símbolo da Guerra Fria desmoronou, não houve uma reunião para discutir a feição que teria o mundo. Qual seria a arquitetura financeira e política? Assim, nenhum outro país atuou com tanto desembaraço fora do seu próprio território.”

Mas, para o professor de Relações Internacionais, a “perda de confiança” dos Estados Unidos deixa uma lacuna. “Qual é o papel da Europa? Mínimo. A China não substituirá os Estados Unidos. E a ONU [Organização das Nações Unidas] não assumirá esse papel”, previu.

Na mesma linha, o diplomata Paulo Roberto Almeida considera que a Europa atua como um “pequeno protagonista” na ordem internacional estabelecida depois da queda do Muro de Berlim. Ele aposta, no entanto, na integração europeia que avançará ao Leste, podendo abarcar ex-repúblicas socialistas.

“A geração que assumiu o poder na Alemanha com a [chanceler Angela] Merkel não tem compromisso com o passado. Nenhuma espécie de remorso. O futuro é a integração, que terá a Alemanha como centro de convergência.”

Agência Brasil

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