Já disse uma vez que “pobre é que mais gosta de ajudar pobre”.

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ALUIZIO DA MATA - Vicentino - Sete Lagoas, Brasil

Não há nenhum preconceito nesta minha frase. Ela apenas constata o que já vivi dentro da SSVP durante mais de quarenta anos.

Não que alguns ricos não gostem de ajudar. Tem as exceções, mas se formos olhar a grande maioria que contribui de boa vontade com a SSVP, nós a encontramos nas camadas mais humildes, às vezes até pobres mesmos.

Mas há, como disse, exceções. Tenho um amigo que é um dessas exceções.

Ele é um brincalhão. Somos amigos de muito tempo, pois trabalhamos na mesma empresa por décadas. Eu fui aposentado primeiro. Ele ainda falta um pouco de tempo. No tempo que trabalhávamos juntos, ele era meu contribuinte mensal. E no fim do ano, à época do Natal, ele me dava uma quantia bem grande, mas enfatizava: “Quero que você compre só brinquedos para as crianças. Nada de comida e roupas”.

Não sei o porquê desse pedido dele, mas cumpria sua vontade e sempre que o convidava a ir entregar os brinquedos na periferia, ele não aceitava ir.

Como passei três anos fora da nossa cidade, acabei não recebendo mais suas doações.

Hoje, pela manhã, estava indo comprar pão e o vi na loja de informática de um amigo comum. Foi um bom encontro, pois o considero uma pessoa muito legal. Depois de conversamos um pouco, ele olhou para a camiseta que eu estava vestindo e que tinha o emblema da SSVP, e brincou: “A Sociedade de São Vicente de Paulo está ficando rica, pois até camiseta está dando para os seus membros”. Expliquei, embora ele saiba disso, que as camisetas que o confrade e a consócia recebem, cada um paga a sua.

Ele, falando para o nosso amigo, disse: “A Sociedade de São Vicente de Paulo é pobre até para pedir. Eles ao invés de fazerem uma rifa com o bilhete a trinta reais fazem com o valor de cinco reais”.

Eu expliquei que o bilhete mais caro é difícil de ser vendido, pois as pessoas que mais nos ajudam são assalariadas, algumas até pobres mesmos, mas são as que mais têm boa vontade de ajudar.

Aproveitando a ocasião, perguntei se ele gostaria de voltar a seu meu contribuinte e ele aceitou, apenas dizendo que teria que ser cobrado, pois não se lembraria sempre de dar o donativo.

Aí perguntei se ele queria ainda dar a contribuição perto do natal. Ele concordou e me disse para lembrá-lo através de e-mail, já que ele faz parte do meu Grupo de mensagens diárias.

Voltei a perguntar se na época ele gostaria de ir levar os brinquedos para os pobres, e ele disse, quase gargalhando, para o meu amigo: “Você acha que vou querer ir distribuir brinquedos para uma turma de meninos “catarrentos” ficarem falando: Tio me dá um presente?”

Sei que ele não vai entregar os presentes, mas sei também que ele não falou isto com preconceito. É apenas a maneira dele brincar com as coisas sérias da SSVP. Ele sabe que o que arrecadamos entregamos para os pobres.

Quem dera que tivéssemos mais pessoas como João Carlos, esse amigo a quem me refiro.

ALUIZIO DA MATA – Vicentino – Sete Lagoas, Brasil

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