Carta enviada de uma mãe para outra mãe no Ceará , após noticiário na TV:

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Dona Silvarina, de 63 anos, passou mal em casa e foi levada para o hospital, mas não resistiu. Ela sofreu um infarto após enterrar o filho, um policial militar que foi executado por bandidos durante uma abordagem. Foto ilustrativa.

Prisão é punição para dar exemplo. Pensar em recuperação é romantismo e utopia.

PRESTE ATENÇÃO!
DE MÃE PARA MÃE:

Vi seu enérgico protesto diante das câmeras de televisão, contra a transferência do seu filho, das dependências da CPPL, em Fortaleza , para outra unidade prisional Federal.

Vi você se queixando da distância que agora a separa do seu filho, das dificuldades e das despesas que passou a ter para visitá-lo, bem como de outros inconvenientes,
decorrentes daquela transferência.

Vi também toda a cobertura que a mídia deu para o fato, assim como vi que não só você, mas igualmente outras mães na mesma situação que você, contam com o apoio de Comissões Pastorais, Órgãos e Entidades de Defesa de Direitos Humanos, ONGs,OAB etc…

Eu também sou mãe e, assim, bem posso compreender seu protesto. Quero com ele fazer coro.

Enorme é a distância que me separa do meu filho.

Trabalhando e ganhando pouco, idênticas são as dificuldades e as despesas que tenho para visitá-lo. Com muito sacrifício, só posso fazê-lo aos domingos, porque labuto, inclusive aos sábados, para auxiliar no sustento e educação do resto da família…

Felizmente conto com o meu inseparável companheiro, que desempenha para mim importante papel de amigo e conselheiro espiritual.

Se você ainda não sabe, sou a mãe daquele jovem que o seu filho matou estupidamente num assalto a uma vídeo-locadora, onde meu filho trabalhava, durante o dia, para pagar os estudos à noite.

No próximo domingo, quando você estiver abraçando, beijando e fazendo carícias no seu filho, eu estarei visitando o meu e depositando flores no seu humilde túmulo, num cemitério da periferia de FORTALEZA …

Ah! Ia me esquecendo, e também ganhando pouco e sustentando a casa, pode ficar tranqüila, viu, que eu estarei pagando de novo, o colchão que seu querido filho queimou lá na última rebelião.

Nem no cemitério, nem na minha casa, *NUNCA* apareceu nenhum representante destas “Entidades” que tanto lhe confortam, para me dar uma palavra de conforto, e talvez me indicar: _*”Os meus direitos”!*_Talvez a gente consiga acabar com esta inversão de valores que assola o Brasil.

DIREITOS HUMANOS SÃO PARA HUMANOS DIREITOS

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