Negros lutavam pela liberdade muito antes dos 130 anos que marcam a abolição da escravatura

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No próximo domingo (13/05), a abolição da escravatura no Brasil completa 130 anos. O 13 de maio marca a assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel. A luta pela liberdade dos descendentes de africanos, no entanto, é bem anterior a essa data e começa já na chegada dos africanos às Américas, durante o tráfico transatlântico.

A resistência das comunidades quilombolas tornou possível a libertação de milhares de pessoas, mesmo sendo o Brasil um dos últimos países a proibir a escravidão. O professor Clébio Correia de Araújo, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), lembra a resistência do quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, ainda no século XVII.

Sonora: “A sociedade senhorial alagoana é uma sociedade que vai viver quatro séculos aterrorizada. O grande terror da sociedade senhorial alagoana era o ressurgimento de Palmares. E daí que a violência contra qualquer forma de organização política em Alagoas, que tenha como mote a afirmação da negritude, seja tão grande. Porque essa elite sabe de quem nós descendemos.”

Após quase um século de resistência, o Quilombo dos Palmares tombou e os descendentes que sobreviveram à guerra se espalharam por todo o Brasil. Pesquisas recentes mostram a importância das comunidades quilombolas amazônicas para a luta pela abolição da escravatura no Brasil.

Emmanuel Farias Júnior, professor da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), conta que eles representavam a possibilidade de liberdade imediata tendo em vista a dificuldade de encontrá-los em meio à floresta amazônica.

Sonora: “Podemos citar o baixo amazonas, tem quilombos que duraram mais de 40 anos, no caso o Quilombo Maravilha, no rio Trombetas. A gente pode citar também o Quilombo do Piolho, no Rio Guaporé, na fronteira com a Bolívia, o Quilombo Tereza de Benguela, que é considerada rainha. Então, o quilombo foi um movimento de liberdade concreta.”

A abolição formal da escravatura completa 130 anos, mas as comunidades negras permanecem em luta pela sobrevivência. Givânia Silva, integrante da Coordenação Nacional das Comunidades Quilombolas (Conaq), explica por que o movimento considera a abolição inacabada.

Sonora: “Nós queremos viver queremos plantar, estudar. É manter o Quilombo dos Palmares como uma inspiração para a luta que foi e vai continuar sendo. Mas nós precisamos também lutar pelos lugares onde as pessoas estão em quilombos com mais de 3 mil pessoas e se inspiram na luta do Quilombo dos Palmares, na luta por liberdade.”

Amanhã, na segunda reportagem da série sobre abolição da escravatura, você vai conhecer projetos que ensinam crianças e adolescentes sobre a luta negra pela liberdade.

Radioagência Nacional

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