Câmara interrompe votação em função de incidente com senadores

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Alvo de um protesto na Venezuela, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) cobrou nesta quinta-feira (18) que a presidente Dilma Rousseff chame de volta a Brasília o embaixador brasileiro em Caracas, Rui Pereira, para dar explicações sobre o incidente no qual uma comitiva oficial de parlamentares foi hostilizada por manifestantes no país vizinho. Os oito senadores do Brasil viajaram a Caracas para pressionar o governo do presidente Nicolás Maduro a libertar presos políticos e marcar eleições parlamentares.

A Câmara dos Deputados interrompeu, na tarde de hoje (18), a votação de projeto que altera as regras de desoneração da folha de pagamento, em razão das notícias de manifestações contra a delegação de senadores brasileiros na Venezuela.  No momento em que a notícia chegou ao plenário estava em discussão o requerimento de retirada de pauta do projeto do Executivo, que aumenta alíquotas incidentes sobre a receita bruta de empresas enquadradas na desoneração da folha de pagamentos, que substituem a contribuição social patronal.

5oxravl2xv6wi7om7xt413zvyComo as manifestações de repúdio à atitude de venezuelanos aos senadores brasileiros se prolongaram, o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou que não convocaria nova sessão para a noite de hoje, destinada a continuar a votação do projeto do governo, que é o último do ajuste fiscal a ser aprovado. Com isso, a sessão foi encerrada. Cunha já anunciou que colocará o projeto em votação na quarta-feira (25) e na quinta-feira (26) da próxima semana. Ele informou que não pautará a votação para terça-feira (24) porque é tradição da bancada nordestina estar em seus estados para os festejos de São João.

Os deputados da oposição que defenderam o adiamento da votação alegaram que precisam de mais tempo para analisar o parecer do deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ) ao projeto do governo. Picciani já anunciou que deverá manter, em seu parecer, alíquotas diferenciadas para quatro setores: comunicação social, transportes, produtos da cesta básica e call center. O relator está preservando em seu texto cerca de 85% do que o governo pretende arrecadar com o projeto.

Aécio cobra que Dilma chame ao Brasil embaixador na Venezuela 

Depois de desembarcarem no aeroporto de Caracas, o grupo de senadores do Brasil foi cercado por manifestantes em uma rodovia que dá acesso ao terminal aeroviário.

De acordo com relatos de Aécio Neves (PSDB-MG), Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Aloysio Nunes (PSDB-SP) pelo microblog Twitter e pelo Facebook, o grupo foi “sitiado”.

“É preciso que haja uma manifestação do governo brasileiro. Inclusive, na minha avaliação, pedindo o retorno do embaixador brasileiro na Venezuela para saber o que efetivamente aconteceu”, disse Aécio na Venezuela.

“Infelizmente uma delegação oficial do Brasil foi impedida de caminhar por Caracas, de cumprir sua missão”, complementou.

Na opinião do senador tucano, a manifestação foi feita “obviamente a serviço do governo” venezuelano e colocou em risco a vida dos senadores brasileiros. “É uma demonstração clara de que o governo brasileiro não só se omite; o governo brasileiro, de alguma forma, é cúmplice daquilo que vem acontecendo na Venezuela, e colocou em risco a vida dos senadores brasileiros”, criticou Aécio.

Após horas na Venezuela, diante da dificuldade de deixar o Aeroporto de Caracas, a comitiva brasileira decidiu retornar ao Brasil sem cumprir a agenda planejada.

Às 19h do horário brasileiro, os senadores já estavam dentro do avião para retornar ao Brasil. A previsão, segundo o senador Cassio Cunha Lima (PSDB-PB), é que o avião decole às 19h30 e leve 5h para chegar ao Brasil.

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