Paes diz que Prefeitura vai ‘qualificar os serviços’ na Rocinha

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O prefeito Eduardo Paes falou, na manhã desta quarta-feira, sobre prioridades e plano de ação da Prefeitura na Rocinha e Vidigal pós-pacificação. De acordo com ele, “o maior desafio na Rocinha é a coleta de lixo pela dificuldade de acesso à comunidade”. O prefeito acredita que será preciso um número maior de funcionários realizando trabalho de limpeza na favela, e disse ainda que casas com risco de desabamento serão demolidas.

“Dadas as características da comunidade, é necessário um esforço muito maior dos homens da Comlurb. A limpeza tem que ser ampliada porque a produtividade dos garis na Rocinha e no Vidigal é muito baixa. Aumentamos o número de funcionários para trabalhar no local e queremos qualificar os serviços na comunidade”, Comentou.
A partir desta quarta, uma força-tarefa formada por cerca de 300 homens começa a trabalhar na Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu nos serviços de conservação de logradouros, manutenção da iluminação pública (com identificação de áreas apagadas) e intensificação da limpeza urbana. Agentes da Cet-Rio também atuam nestas localidades.

Polícia “caça o tesouro” do tráfico na Rocinha

Encontrar o “tesouro” do traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, ocultado pelo criminoso e seus comparsas na mata da Rocinha, tem sido o desafio da polícia na segunda etapa da ocupação da favela. Antes de fugir e acreditando que poderia refazer em outro local seu império do crime, o chefão do pó escondeu na área de 720 mil metros quadrados seu poderio bélico — como armas, granadas e lança-rojões —, além de drogas, material para refino de cocaína e até dinheiro. Em trabalho minucioso de busca, homens do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) têm feito varreduras e retirado da mata parte do arsenal do bando.

 Ontem, a tropa de elite da PM fez operação na parte alta da favela, onde, há informações de que Nem teria escondido dinheiro. Até ontem, nada foi localizado. Ao vasculhar a vegetação, os policiais encontraram 9 armas, todas de grande porte — uma delas, é uma metralhadora das Forças Armadas modelo  ponto 30, um pouco menor que a ponto 50 ant áeria— além de munição e produtos para endolação de drogas. O material estava dentro de tonel, enterrado em área de mata fechada, no alto da Rocinha.

Trabalho incansável

Além do esforço físico da subida a pé, o trabalho de cavar o solo obriga os ‘caveiras’ a carregar, além dos fuzis, pás, enxadas e picaretas. Enquanto há luz do dia, os policiais não param de vasculhar o terreno. Como a área é imensa, as equipes são divididas. Na região das buscas de ontem, 12 tonéis foram localizados desde o início da ocupação, no domingo. Mas o pente-fino exige muita atenção, pois cada detalhe pode fazer a diferença. Foi atento ao posicionamento de um sofá velho, que um tenente encontrou debaixo dele uma metralhadora ponto 30.

Em ponto mais alto, denúncia levou a equipe a encontrar o tonel com as armas enterrado. O buraco feito pelos traficantes, de quase 2 m de profundidade, engoliu um dos policiais, que precisou da ajuda dos colegas para sair de lá. Pouco a pouco, parte do ‘tesouro’ de Nem foi saindo da terra: dois fuzis, cinco metralhadoras, duas espingardas calibre 12 e munição.

A extensão é de 720 Mil, em metros quadrados, da favela da Rocinha, onde 500 policiais civis, militares e federais trabalham na operação ‘Choque de Paz’ desde domingo, quando o território foi retomado pelo estado com a entrada do Bope.

147 toneladas de lixo foram recolhidas ontem da Rocinha pela Comlurb, que recebeu reforço na equipe e usou a mão de obra de garis alpinistas para retirar sujeira das encostas e locais de difícil acesso. Na véspera, foram recolhidas outras 135 toneladas, após dois dias de coleta interrompida.

Secretário de Segurtança Pública promete 40 UPPs

José Mariano Beltrame,  disse que até 2014 40 UPPs serão construidas. Esse número é mais que o dobro das atuais unidades de Polícia Pacificadora. Com a Rocinha, o Rio de Janeiro chega à sua 19ª UPP, com mais de 64 favelas retomadas pela polícia.

Foram localizados 12 Tonéis enterrados em apenas uma parte da mata da Rocinha, no alto da favela. Dentro deles, o armamento pesado estava cuidadosamente embalado, fuzil por fuzil, com utilização de técnica para evitar a degradação do equipamento bélico e também uso de aparelho localizador

Armas embaladas uma a uma para não enferrujar

O cuidado dos criminosos para esconder o arsenal foi tanto que chamou a atenção dos policiais. Antes de serem colocadas em tonéis de plástico — que levam quase um século para se decompor —, as armas foram cuidadosamente embaladas uma a uma, como se fosse a vácuo, utilizando jornal, plástico e fita adesiva. Os tonéis foram apreendidos pela polícia.

De acordo com os policiais, os canos dos fuzis e metralhadoras ainda foram embebidos em óleo, para evitar que enferrujassem com a ação do tempo e da natureza. As drogas também receberam embalagem especial de plástico e fitas adesivas.

As áreas escolhidas pelos traficantes para esconder o material são de difícil acesso, justamente para tentar evitar que sejam localizadas. Parte do trabalho de busca é feito em cima do mapeamento dos policiais na região. Mas muitas apreensões só foram possíveis graças a denúncias anônimas repassadas ao batalhão.

Mais tarde, foram localizados ainda coletes balísticos, cartuchos, mira telescópica e carregador de fuzil circular e camisa com a inscrição ‘FAL 7.62’, em referência a um fuzil.

Tecnologia a serviço do crime

Material foi enterrado com um aparelho localizador

A polícia descobriu que a quadrilha do traficante Nem vinha se sofisticando e usando a tecnologia a favor do crime. Policiais do Bope encontraram enterrado na mata da favela um aparelho localizador do material escondido.

Debaixo da terra, o equipamento emite sinais para receptor, que ficaria com os traficantes. Assim, eles saberiam exatamente o local onde o material foi ocultado e poderiam voltar para buscá-lo. Com o dispositivo, estavam enterrados dois fuzis novos, material para refino de cocaína, solventes e morfina.

À noite, José Ailton Vieira da Silva, 27 anos, que estava foragido há um ano, se entregou na base do Bope na Rocinha, depois de convencido pela mãe.

“Foi uma decisão muito difícil. Meu coração está apertado, mas eu temia pela vida dele. Quero que ele pague o que deve para ter uma vida normal. Meu filho não tem vício, foi condenado por roubo, mas quer mudar”, contou Joana da Silva Vieira, 47.

Hoje, começam as reuniões com moradores da Rocinha e do Vidigal para implantação da UPP. O encontro, que geralmente é promovido pelo Bope, será feito pela primeira vez pelo Comando de Polícia Pacificadora (CPP). A medida é forma de aperfeiçoar a implantação da UPP, prevista para fim de dezembro.

A ideia é que o órgão que comanda as unidades tenha contato direto com a comunidade para identificar as necessidades. Os moradores receberão informações sobre o trabalho dos policiais e o funcionamento da UPP, além de cartilhas sobre temas como cidadania e direitos humanos.

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