Brasil em nova fase com a Câmara e Senado

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Bolsonaro conquista a chance de governar

Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net

Por Jorge Serrão – [email protected]

Pergunta intrigante feita por um amigo deste Alerta Total, depois da acachapante vitória política do governo Jair Bolsonaro, que fez barba, cabelo e bigode na eleição para a presidência da Câmara dos Deputados e do Senado, emplacando os aliados (mais confiáveis) Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, sob patrocínio do Centrão: Será que agora Bolsonaro enquadra o Supremo Tribunal Federal e seus demais inimigos?

A resposta mais segura é não. Até porque os grandes derrotados politicamente neste começo de terceiro ano da gestão Bolsonaro serão obrigados a recolher as armas, fazendo bravatas apenas para “efeitos especiais” que reduzam a desmoralização. Depois de muitas articulações de bastidores do governo com o “Poder Togado”, o clima, se não beira à pacificação, pelo menos é de profunda trégua. O triunfo do “Bozo” acabou com a palhaçada do impeachment.

Imperdível foi ver o lindíssimo discurso de despedida do Nhonho Botafogo, chorando e pedindo conciliação: “A partir dessa eleição, o passado ficou para trás. E nós precisaremos, unidos, e eu na planície, em plenário, com muito orgulho, com cada um de vocês, construirmos o futuro do Brasil. Não pelos próximos dois anos, mas para os próximos 20 anos”. Rodrigo Maia comoveu os corações mais durões com suas belas palavras…

Não adianta chorar… Agora, a “oposição” entra em fase de cagaço profundo. Já pensou se, agora que recuperou, concretamente, o poder de articulação com o Congresso, Bolsonaro parte, com força, intensidade e vigor, para fazer tudo aquilo que seus eleitores desejam? Imagina a aprovação da prisão em segunda instância, derrubada do estatuto do desarmamento, implantação das regras para a escola sem partido e tantas outras pautas conservadoras, além das reformas na economia e na estrutura estatal? Facilmente, Bolsonaro se torna imbatível para 2022, partindo para a reeleição ou emplacando como vencedor o candidato que apoiar. Os inimigos vão torcer o rabo…

Nos bastidores do governo, apesar da goleada no Congresso Nacional (302 a 151 na Câmara; 57 a 21 no Senado), o discurso que se desenha é o de “conciliação”, para evitar novas turbulências que botem a perder a conquista da articulação política. O plano imediato e tentar atrair aqueles parlamentares menos raivosos e pouco expressivos que votaram no deputado Baleia Rossi e Simone Tebet. A palavra ”retaliação” estaria abolida do dicionário imediato de Bolsonaro e de seus articuladores, sobretudo dos militares. A intenção prática é evitar confrontos e partir para a composição que permite a aprovação das prioridades federais. A mais urgente é o orçamento 2021 – cuja definição não pode se arrastar para abril, maio, sufocando a capacidade de pagamento do governo.

 

O passo seguinte é avançar nas votações. Além do Orçamento, a proposta é terminar as votações dos projetos que o inimigo Rodrigo Maia e o ineficiente aliado Davi Alcolumbre deixaram parados no Congresso. A lista é grande: autonomia formal do Banco Central, reforma administrativa, criação da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) para substituir o PIS e Cofins, a lei do gás e novos marcos legais das concessões, ferrovias e navegação de cabotagem (entre portos). A equipe econômica deseja emplacar a Carteira Verde Amarela para aumentar a formalização do emprego. Também espera promover a reformulação do Bolsa Família.

Apesar da vitória política acachapante, a conjuntura brasileira ainda inspira muitos cuidados. O governo está diante da piora nas mortes por Covidão, junto com a perda de tração na recuperação da atividade econômica. Essa combinação caótica é explosiva. Com a pressão psicológica da mídia funérea, e o terrorrismo administrativo imposto por governadores e prefeitos de oposição, as pessoas não querem saber que milhões se recuperam da doença (que deixa sequelas). Além da saúde, a preocupação também é com a sobrevivência econômica, ameaçada pelo altíssimo desemprego e pela carestia no consumo.

O Posto Ipiranga Paulo Guedes e sua equipe estudam uma nova rodada de transação tributária. A intenção é que a União renegocie com os contribuintes dívidas tributárias. Além de reforçar a arrecadação por meio da recuperação de dívidas, a transação permite limpar os balanços e regularizar a situação das empresas. O objetivo é abrir novas possibilidades de fazer negócios, inclusive com o governo. A equipe econômica deseja atrelar a discussão da PEC Emergencial com o novo formato do auxílio emergencial, aceitando um gasto maior no curto prazo em troca de um desenho mais estrutural de ajuste das contas públicas.

Depois do Carnaval (que provavelmente nem será festejado como p Rei Momo gostaria), o governo sinaliza com uma reforma ministerial. Será o natural acerto de contas com aliados, para a eleição no Congresso e para garantir a conquista das novas vitórias, além da governabilidade. Os deuses do mercado voltaram a ficar otimistas, depois que o Presidente Bolsonaro avisou que seu foco prioritário, na prática, será o pacote de reformas, incluindo privatizações como da Eletrobras (uma das jóias da coroa), dos Correios, e os programas de regularização fundiária.

A pauta, por mais “populista” que pareça, agrada a gregos e baianos, emputecendo e aloprando os inimigos de Bolsonaro e, por extensão, do Brasil. Por isso, o Alerta Total insiste: O negócio é continuar assistindo, de camarote ou da “geral”, ao desespero da “oposição” perdida… E vamos manter a paciência e tolerância com Bolsonaro, sempre sujeito a arroubos emocionais. Ele é um ponto-fora-da-curva, o Presidente que temos para fazer a transição para um Brasil melhor. Em 2022, se for arranjado outro melhor, faça-se a troca na eleição.

O fundamental é que Bolsonaro recuperou a capacidade política para governar. O fundamental é ter sabedoria para fazer tudo direitinho… E nada de vestir sapato alto, porque o piso na Praça dos Três Poderes é muito irregular e o tombo tende a ser catastrófico, se vacilar… Melhor ir “no sapatinho”, Bolsonaro… Os coturnos já foram trocados pelos sociais… 

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