Eleições 2012 confirmam vitória do campo progressista em Minas

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A Comissão Política Estadual do Partido Comunista do Brasil aprovou resolução em sua última reunião na qual analisa o resultado das urnas no pleito de 2012 no estado. O texto ressalta o importante crescimento do PCdoB com destaque para a eleição do prefeito de Contagem e ressalta também que, apesar do relativo equilibrio, o campo de apoio da presidenta Dilma saiu vitorioso.

Leia abaixo a resolução na íntegra:

URNAS DE 2012 EM MINAS GERAIS CONFIRMA VITÓRIA PROGRESSISTA
1 – O resultado do pleito municipal de 2012, em todo o Brasil indica que os partidos da base aliada ocuparam mais espaços, que a oposição continua debilitada e que a presidente Dilma reafirma sua autoridade, assim como continua nítida a liderança política do ex-presidente Lula. Pequeno exemplo é demonstrado pela porcentagem nacional dos votos válidos. Só o PT e o PMDB, maiores partidos da base aliada, alcançaram 33,05% da votação nacional; o PSDB, o DEM e o PPS juntos somaram apenas 20,36% dos votos válidos no país. Aqui não incorporamos a votação dos demais partidos da base aliada.

2 – Em Minas Gerais não foi diferente. Encerrado o pronunciamento do colégio eleitoral de 15.019.135 de mineiros aptos a votar, cada partido procura compreender as escolhas feitas pelos 12.562.386 de eleitores (83,6%) que compareceram às urnas, elegendo 853 prefeitos e 8.440 vereadores. Cada um procura apresentar os resultados como uma vitória sua para reforçar seu poder de barganha no novo quadro que se instala.

3 – O fato é que o resultado das eleições em MG indica a vitória do campo de sustentação da presidente Dilma, mesmo se ressalvarmos os partidos que também integram a base de apoio do governo tucano. Em número de prefeituras conquistadas, os partidos que não participam do governo Anastasia (PT, PCdoB e PMDB) foram vitoriosos em 237 prefeituras. Os partidos que são oposição ao governo da presidente Dilma (PSDB, DEM e PPS) elegeram em 232 cidades. Entre os 29 municípios com mais de 100.000 habitantes, os partidos de oposição ao governo federal estarão à frente de 4 administrações e os que não participam do governo Anastasia elegeram em 14 cidades, sendo 8 do PT, 5 do PMDB e 1 do PCdoB.

4 – Os dados acima demonstram quem efetivamente teve mais votos no colégio eleitoral mineiro, mesmo que, por unidade administrativa, o PSDB tenha garantido presença em 142 municípios (em 2008 ganhara 157); o PMDB, em 119 (121 em 2008); e o PT em 114 (109 em 2008). Na representação parlamentar nas Câmaras de Vereadores há certa inversão nos resultados de cada legenda. O PMDB é o que mais elegeu com 986 vereadores, seguido pelo PSDB com 979, o PT com 814 e o DEM com 740 vereadores. A partir da lógica de cada partido pode-se dizer que não há um grande vencedor no resultado selado em 28 de outubro, em nosso estado. Permanece certo equilíbrio de forças partidárias permitindo que os mesmos possam realizar movimentos ainda não definidos em relação à grande disputa de 2014.

5 – Nessas eleições, o que fez a diferença do ponto de vista político e eleitoral foi o resultado da capital. No último dia do prazo legal, a aliança que sustentava a atual administração foi desfeita, nacionalizou-se a disputa e o PSB ganhou em parceria com o PSDB e mais 18 partidos, alcançando 52,6% (676.215 votos) contra os 40,8% (523.645 votos) de Patrus Ananias candidato do PT, PMDB, PCdoB e PRTB. Cabe analisar o fato de 31% (576.673) dos que deveriam comparecer às urnas votaram nulo, branco ou se abstiveram, em um eleitorado de 1.860.172.

O PROJETO DO PCdoB EM MINAS GERAIS

6 – O PCdoB sai das urnas de 2012 com redobrada responsabilidade. Vai administrar o principal centro industrial mineiro, a cidade de Contagem, terceira em população, com seus 603.442 habitantes, terceiro PIB do estado e 27% do país (R$ 14 869 758,980 mil). A vitória eleitoral em Contagem tem um significado histórico, criando possibilidades de projetar o partido e vivenciar uma nova fase na sua construção no estado. Ao mesmo tempo impõe grandes responsabilidades a todo o coletivo partidário.

7 – Num inédito confronto entre o PT e o PCdoB no segundo turno (se levarmos em conta a história de alianças entre os dois partidos), essa vitória resulta de diferentes fatores. Um claro projeto do prefeito eleito Carlin Moura no que diz respeito à necessidade da cidade reassumir seu papel econômico impulsionador do vetor oeste da capital. Uma aliança ampla no primeiro turno (PDT, PMDB, PTdoB, PSD e PTC) e, no segundo turno mais ainda, cuja participação na condução da campanha se materializou no funcionamento regular do seu Conselho Político. A incorporação da militância dos partidos da base acionadas pelas candidaturas a vereador e vereadora. A agregação de lideranças políticas tradicionais da cidade, de lideranças populares e uma vibrante militância juvenil, liderada pela União da Juventude Socialista que reforçou a presença da campanha nas ruas. Some-se a isso uma forte unidade partidária alicerçada durante o processo eleitoral. Esses fatores levaram à vitória de Carlin Moura por 65% a 34% sobre o candidato do PT Durval Ângelo que disputou com o apoio da Prefeita Marília Campos. Destaque-se aqui o fato inusitado da chapa própria de vereadores ter alcançado 12% dos votos válidos e garantido 3 cadeiras na Câmara de Vereadores.

8 – Além de Contagem, o PCdoB conquistou mais 5 prefeituras entre as 21 que disputou: CATAGUASES(67.384 hab.) na Zona da Mata, JAÍBA (30.386 hab.), FRANCISCO SÁ (24.838 hab.), PINTÓPOLIS (7.727 hab.) e LASSANCE (6.490 hab.) todas no norte mineiro. Elegeu vice-prefeito em SÃO ROMÃO (6.591 hab.), no norte e SÃO PEDRO DE SUAÇUÍ (5.715 hab.), no Vale do Aço. Importante disputa também se deu na cidade de Coronel Fabriciano, onde o candidato do PCdoB, Deputado Celinho do Sintrocell, com uma ampla aliança liderou as pesquisas durante toda a campanha, perdendo por uma diferença de 2.331 votos num universo de 77.738 eleitores. Os fenômenos que levaram a esse resultado ainda necessitam ser melhor analisados, principalmente por ser uma cidade da região do Vale do Aço onde o PT retomou suas posições.

9 – A participação do Partido na disputa para a Câmara de Vereadores teve um salto significativo. Em 2008 disputamos em 174 cidades e alcançamos 156.844 votos com 730 candidatos. Já em 2012 participamos das eleições legislativas em 221 cidades e tivemos 266.730 votos com 1.303 candidatos, um crescimento de 70% dos votos no estado e de 78% no número de candidatos. Na sua representação nas Câmaras Municipais, o Partido sai dos 39 que elegeu em 2008 para 60 vereadores vindos das urnas de 2012.

10 – É importante ressaltar aqui a conquista de 2 cadeiras, com chapa própria, na Câmara de Vereadores da capital. A votação nominal em 2012 cresceu em 70% em referência à de 2008, demonstrando a base social da maioria dos candidatos que disputaram as eleições. Registre-se que o aumento da representação parlamentar em BH se deu em complexas condições onde o PCdoB teve que enfrentar uma alteração na disputa majoritária, em meio ao processo anteriormente iniciado.

11 – O resultado da eleição para as câmaras de vereadores tem uma diferença digna de ser registrada. Dos eleitos no pleito anterior apenas 4 cidades integravam as 29 com mais de 100 mil habitantes. Agora são sete das maiores cidades que têm comunista na Câmara de Vereadores: BH (2), Contagem (3), Coronel Fabriciano (3), Ipatinga (2), Betim, (1), Neves (1), Santa Luzia (1). E temos a 1ª suplência de Montes Claros, Governador Valadares, Sete Lagoas, Juiz de Fora e Ribeirão das Neves, todas cidades com mais de cem mil habitantes. Ressalte-se aqui a perda do mandato na cidade de Uberaba. Nas cidades em que elegemos prefeitos, à exceção de Jaíba elegemos também vereadores. Devemos destacar que se o crescimento de vereadores eleitos chegou a 53%, o lançamento de candidaturas a vereador em Minas cresceu 78%.

12 – Nas cidades onde fizemos coligação na eleição para prefeito, 81 delas foram vitoriosas abrindo possibilidades para uma maior inserção do partido nas administrações municipais e um crescimento na acumulação de forças para as disputas futuras. No que diz respeito às coligações realizadas, salta aos olhos a diversidade na estrutura política mineira e a necessária ampliação das alianças estabelecidas. Dos 221 municípios onde disputamos o pleito de 2012, fizemos coligações as mais diversas: 50 com o PT, 35 com o PMDB, 20 com o PSDB , 14 com o PPS, 12 com o PTB, 11 com o PSB e o PR entre outras. Todo esse movimento realizado teve como centro fortalecer o campo da presidente Dilma.

13 – Quando se concluir o quadro, do ponto de vista legal deveremos nos debruçar com um redobrado rigor porque não foi possível ir mais além nas conquistas das metas previstas. Uma constatação salta aos olhos. À exceção de certos problemas políticos no desenvolvimento da campanha, a serem melhor analisados podemos dizer que, em algumas cidades não conseguimos escolher a aliança mais adequada e em outras, problemas de disputas internas dificultaram nossas vitórias. Esta é uma avaliação que construiremos com as direções municipais respectivas.

14 – Algumas providências imediatas precisam ser tomadas levando-se em conta as diferentes situações das cidades onde atuamos:

– Nas cidades onde conquistamos prefeituras: a) constituição da comissão de transição incluídos os aliados, com atenção especial à situação das finanças do município; discussão interna para analisar quais as áreas prioritárias para a ação do partido; preparação do plano de emergência para os primeiros dias de governo; busca de emendas em Brasília e na Assembleia Legislativa pelo período de discussão da Lei Orçamentária;

– Nas cidades onde apoiamos prefeitos eleitos: a) reivindicar presença na Comissão de Transição; d) unificar o partido em torno da principal reivindicação a ser apresentada;

– Nas cidades onde elegemos vereadores: a) definir o projeto parlamentar para buscar garantir qual Comissão deve priorizar e ser titular; b) conversar com todas as forças que pretendem disputar a mesa da Câmara sem antecipar definições para que o quadro se torne mais claro; iniciar com a direção municipal a montagem do gabinete para sintonizar as necessidades da base que o elegeu com a necessidade da construção partidária;

– Em todas as cidades onde disputamos: a) organizar atividade de filiação para capitalizar as pessoas que participaram da campanha; b) organizar um curso de formação com elas para integrá-las a partir do debate político; c) organizar uma festa de confraternização e comemoração para melhor divulgar o partido;

15 – A direção estadual realizará sua reunião de balanço no dia 1º dezembro, para a qual convidará todos os prefeitos e vice-prefeitos eleitos e outros. Ao mesmo tempo realizará uma plenária com todos os prefeitos, vereadores eleitos com a presença de companheiros que já tiveram experiência de governo para compartilhar as ideias.

Belo Horizonte, 29 de outubro de 2012

Comissão Política Estadual do PCdoB-MG

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