Sorgo de Minas ganha força como matéria-prima para ração

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A demanda crescente de sorgo para a produção de ração animal, principalmente suínos e aves, está estimulando a expansão do cultivo em Minas Gerais. De acordo com estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra estadual de sorgo, em 2011, pode alcançar 356 mil toneladas, volume 16,8% maior do que o registrado no ano passado.

Segundo a assessora técnica da Superintendência de Política e Economia Agrícola (Spea) da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Márcia Aparecida de Paiva Silva, a previsão de aumento da safra de sorgo no Estado é sustentada pela expansão da área cultivada em 21,3%. “Dados da Conab mostram que Minas Gerais conta atualmente com 122,9 mil hectares plantados de sorgo”, diz a assessora.

Na condição de segundo colocado na produção brasileira de sorgo, atrás de Goiás, Minas Gerais tem como destaques as regiões do Noroeste, Triângulo e Alto Paranaíba, com 44,3%, 39,2% e 12,1% de participação, respectivamente. O município que apresenta maior safra é Unaí (Noroeste), onde a área plantada é da ordem de 20 mil hectares e a produção estimada alcança 84 mil toneladas, volume equivalente a um aumento de 45,8% em relação ao da safra anterior.

Em Minas Gerais, a colheita do sorgo – que foi plantado em fevereiro e março – começa por volta de agosto e segue até outubro/novembro. A oferta do produto é grande em Unaí, mas ainda assim a cotação está entre R$ 16,00 e R$ 17,00 a saca de 60 quilos, 50% maior que a registrada na safra anterior, segundo a avaliação do produtor Dirceu Júlio Gato. “Os produtores obtêm um lucro de 20% a 25% do preço pago pela saca.”

Suínos e aves

O presidente da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), João Bosco Martins de Abreu, diz que um grande número de empresários do setor, no Estado, prefere dar aos animais a ração à base de sorgo em substituição ao milho. “O sorgo é uma boa alternativa porque tem boa qualidade nutritiva e possibilita a formulação da ração a um custo acessível.

De acordo com o suinocultor José Arnaldo Pena, os empresários mineiros do setor, em sua maioria, processam a ração na própria granja. “Desta forma os produtores têm o controle da produção”, explica. “O sorgo é um bom substituto do milho na formulação da ração, que dá excelentes resultados sobretudo quando consumida por animais na recria e terminação”, enfatiza o empresário.

Donizetti Ferreira do Couto, responsável pelo setor de Nutrição da Cooperativa dos Granjeiros do Oeste de Minas (Cogran), localizada em Pará de Minas, no Centro-Oeste do Estado, confirma que um número cada vez maior de produtores está adquirindo a ração à base de sorgo para aves, suínos e bovinos. A cooperativa atende atualmente 100 associados e fornece a fórmula da ração para os interessados desenvolverem a composição dos alimentos nas propriedades. Couto ainda diz que o volume de sorgo oferecido atualmente pelas lavouras do Estado não atende à demanda de ração. Ele observa também que seria necessária a criação de uma boa estrutura de armazenagem para garantir uma oferta de sorgo maior do que a registrada atualmente.

Oferta e procura

Para o gerente da Cooperativa Agrícola de Unaí (Coagril), José Márcio Kazmirczak, os criadores de animais ofereceram resistência inicialmente à utilização da ração à base de sorgo. Ele explica que, atualmente, o fornecimento da ração está se ajustando à demanda e o cultivo do sorgo aumenta, embora ainda esteja concentrado na safrinha (plantio de ciclo curto em condições climáticas menos favoráveis).

As plantações são feitas geralmente sobre solos antes ocupados por outras culturas, como o milho e o feijão. Segundo Kazmirczak, esse sistema possibilita a redução do custo de produção. Além disso, o gerente da Coagril diz que a lavoura de sorgo é beneficiada eventualmente por um período maior de chuva e, neste caso, a produtividade dos cultivos pode alcançar até 90 sacas por hectare, um índice cerca de 30% superior ao atual.

“Esta marca já foi registrada em Unaí durante períodos mais extensos de chuvas conjugados com a utilização de boas variedades de sorgo”, ressalta o gerente. Ele acrescenta que a cooperativa ajuda os cooperados com o fornecimento de sementes e adubo e ainda oferece apoio na comercialização do produto. “A saca de sorgo tem a cotação média de R$ 17,00. Este valor equivale a cerca de 75% do preço pago pelo milho, mas o custo de produção da matéria-prima alternativa é mais baixo”, enfatiza Kazmirczak.

Utilizado no Brasil principalmente como alimento para os animais, o sorgo tem grande potencial também como fonte de matéria-prima para biocombustíveis, segundo estudo da Embrapa Milho e Sorgo. Em diversos países, como os Estados Unidos, a cultura é utilizada em volume cada vez maior para a produção de combustíveis.

 

Agência Minas

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