Comida saudável pesa no bolso, afirma estudo realizado no Brasil

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A recomendação de porções diárias de frutas e hortaliças faz bem para a saúde, mas pesa no bolso. Esta foi a percepção de famílias de Florianópolis (SC) pesquisadas em estudo da Universidade Federal de Santa Catarina. No total, 85,6% dos 215 pais de estudantes de escolas públicas consideraram caro o preço de frutas e hortaliças e apenas um terço afirmou consumir regularmente alimentos saudáveis. Na maior rede de supermercados da cidade, um pé de alface custa até 3 reais, preço médio de um cachorro quente.

comidaDe acordo com a nutricionista Maria Caroline Moreira, autora do estudo, embora os pais saibam o que é um alimento saudável, eles não os elegem para composição da dieta da família. “Não é falta de conhecimento. Entre a informação e a ação existe um abismo”, disse. Para ela, o dado mostra que estratégias focadas apenas na educação nutricional podem não ser suficientes. São necessárias ações voltadas para facilitar a aquisição de alimentos saudáveis. “Um estratégia seria taxar alimentos não saudáveis. Se frutas e hortaliças estão mais caras que alimentos industrializados, é preciso reverter este quadro”, disse.

A pesquisa mostrou a mudança alimentar que vêm ocorrendo no Brasil nos últimos anos, com o aumento de ingestão de alimentos industrializados. “Não é que as famílias pesquisadas não comessem frutas e hortaliças, mas elas não atingiram o necessário destes alimentos na dieta diária que é de 10 a 12 porções diárias de frutas e hortaliças”, disse Giovana Fiattes, nutricionista e orientadora da dissertação de mestrado de Maria Caroline.

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Ao comparar dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares realizada em 2008-2009 com a de 2002-2003, é possível perceber que, durante este período, houve persistência de um consumo excessivo de açúcar e aumento no aporte relativo de gorduras em geral e de gorduras saturadas. Maria Caroline ressalta em seu estudo que o consumo conjunto de frutas e hortaliças ficou muito aquém das recomendações nutricionais. “Além disso, alimentos básicos e tradicionais na dieta do brasileiro, como arroz, feijão e farinha de mandioca, perderam importância no período, enquanto cresceu a participação relativa de alimentos processados prontos para o consumo”, diz o estudo com base em dados do IBGE.

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Os depoimentos dos pais – que indicam o preço de frutas e verduras como um limitador na aquisição – vai ao encontro a outra pesquisa realizada nos Estados Unidos. Estudo realizado pela Faculdade de Saúde Pública de Harvard aponta que um cardápio saudável custa em média 1,5 dólar a mais do que um cardápio menos saudável.

O valor é resultado da análise mais abrangente feita até hoje comparando os preços de alimentos saudáveis ​​e padrões de dieta em relação aos menos saudáveis. “As pessoas costumam dizer que os alimentos saudáveis ​​são mais caros, e que os custos limitam melhores hábitos alimentares. Mas, até agora, a evidência científica para essa ideia não tinha sido avaliada sistematicamente”, disse Mayuree Rao, autor do estudo americano que foi publicado este mês no periódico científico British Medical Journal.

Dá status
Mesmo com o fator financeiro sendo apresentado como tão importante na hora da decisão de compra de alimentos, a nutricionista Giovanna Fiates, orientadora do estudo de Maria Caroline, afirma que é preciso levar em conta também o marketing de alimentos processado e até mesmo a pressão social. “Além do preço, tem também a questão do marketing destes alimentos. É preciso ainda levar em conta a questão afetiva de o pai querer agradar o filho com um doce, nunca com uma fruta”, disse.

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