Em sete anos, doações de órgãos aumentaram 616% no Norte de Minas

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A decisão estratégica adotada nos últimos oito anos pelo Governo de Minas, no sentido de canalizar investimentos na interiorização dos tratamentos de saúde de alta complexidade, já possibilitou um incremento de 616% na doação de órgãos e um aumento de 267,5% na realização de transplantes no Norte de Minas.

Enquanto em 2005 o Governo do Estado, por meio da MG Transplantes e Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), contabilizou a realização de 40 transplantes em Montes Claros, em 2011 o número aumentou para 107 procedimentos. Já entre janeiro e julho deste ano, foram efetivados 76 transplantes, o que abre boas perspectivas de superação do número de tratamentos realizados em 2011.

Entre 2005 e 2011, o número de órgãos doados saltou de 68 para 419 e, nos primeiros sete meses deste ano, a Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) no Norte/Nordeste de Minas já contabilizou 188 doações.

A médica Sônia Rodrigues Cruz, coordenadora da CNCDO, assinala que a evolução do número de doações de órgãos e realização de transplantes é um avanço importante, pois garante o acesso da população a serviços médicos de alta complexidade. “Até a década de 2000, estes serviços estavam centralizados nos grandes centros urbanos do país”, lembra a médica.

Além de uma equipe de 90 coordenadores intra-hospitalares de transplantes, que atuam em diversos municípios da região Norte mineira, o Governo do Estado mantém uma equipe de 13 profissionais (médicos, assistente social, psicóloga, técnicos de enfermagem, administradores e motoristas) dedicados à captação de órgãos e realização de transplantes na Santa Casa de Montes Claros, maior hospital filantrópico do Norte de Minas.

Ainda como parte dos investimentos na capacitação de profissionais, em 2010 o Governo do Estado encaminhou a médica Sônia Rodrigues para estágio na Espanha, país que se destaca como maior captador mundial de órgãos para transplantes.

“Adotamos o modelo espanhol, acompanhando de perto os protocolos de morte encefálica, e fazemos as abordagens aos familiares dos pacientes que são potenciais doadores. Com isso, estamos obtendo resultados altamente positivos que estão possibilitando o atendimento às pessoas que esperam a oportunidade de se submeter a um transplante”, assinala Sônia.

Campanhas de conscientização fazem parte do processo

Nos últimos oito anos, o Governo de Minas, por meio do MG Transplantes, intensificou a realização de campanhas de conscientização da população quanto às doações de órgãos e tecidos, aliado a investimentos na melhoria da assistência médica e hospitalar.

Como conseqüência da estruturação das centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos, Sônia revela que, atualmente, está praticamente zerada a fila de pessoas aguardando transplante de córneas no Norte de Minas. “Quem entra na fila do transplante de córneas consegue viabilizar o tratamento num prazo de até dois meses, o que é um resultado excelente”, comemora a médica.

Ela explica que, atualmente, a CNCDO Regional Norte/Nordeste de Minas está com projeto em andamento de captação de órgãos em outros Centros de Tratamento Intensivo (CTIs) instalados na região, com destaque para os municípios de Diamantina, Pirapora, Brasília de Minas, Taiobeiras e Janaúba. A iniciativa deverá viabilizar o aumento das doações de órgãos e, conseqüentemente, a realização de um número maior de transplantes.

Entre 2005 e 2012, já foram realizados na Santa Casa de Montes Claros 229 transplantes de rins e 199 transplantes de córneas. Em 2011, quando a Santa Casa iniciou a realização de transplantes de fígado no Norte de Minas, foram realizados 11 procedimentos. Já nos primeiros sete meses deste ano dez pacientes foram contemplados com a realização de transplantes de fígado.

Nos últimos sete anos as doações de órgãos também obtiveram resultados altamente satisfatórios. As doações de rins aumentaram mais de 583%, saltando de 12 registros em 2011 para 70 no ano passado. Já as doações de córneas tiveram aumento de 580%, passando de 56 em 2005 para 325 em 2011.

Captação de órgãos e tecidos deve ser ampliada

Sônia Rodrigues revela que, entre os próximos passos na evolução dos serviços médicos de alta complexidade no Norte de Minas, está a instalação de uma Organização de Procura de Órgãos e Tecidos (OPOs). A iniciativa está sendo concretizada numa parceria que envolve o Sistema Nacional de Transplantes e o Governo de Minas por meio da MG Transplantes e Fhemig.

Cada OPOs será constituída por dois médicos, cinco enfermeiros dois funcionários administrativos e se constituirá em uma unidade operacional da Central de Notificação e Distribuição de Órgãos e Tecidos.

Além de Montes Claros, serão contemplados com a instalação de OPOs os hospitais João XXIII e Risoleta Tolentino Neves, em Belo Horizonte; o Hospital Municipal de Betim e os municípios de Governador Valadares, Juiz de Fora, Pouso Alegre, Ipatinga, Uberaba e Uberlândia. Numa segunda etapa, a previsão é de que serão contemplados Divinópolis, Sete Lagoas, Patos de Minas, Barbacena, Teófilo Otoni,  Varginha e Alfenas.

As OPOs estão sendo criadas levando-se em consideração o número de habitantes em cada região, o número de hospitais e leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo), a logística de transporte, as distâncias de centros transplantadores e o plano diretor de regionalização. O objetivo é aumentar a captação de órgãos e tecidos em todas as regiões do Estado.

Médula óssea e coração são os próximos passos

Através de parcerias estabelecidas com a MG Transplantes, para os próximos anos a médica Sônia Rodrigues prevê que a prestação de serviços de alta complexidade vai evoluir ainda mais. Isso porque está em fase de tramitação os documentos que possibilitarão a realização de transplante de medula óssea no Norte de Minas.

Futuramente, a Santa Casa de Montes Claros deverá receber autorização para a realização de transplantes de coração. Atualmente, a Santa Casa é a única instituição do interior do Estado credenciada pelo Ministério da Saúde para a realização de transplantes de fígado, além de ser pioneira no interior de Minas na realização de transplantes de rins e córneas.

A ampliação da prestação de serviços de alta complexidade leva em conta o fato do hospital já possuir equipamentos e enfermaria própria para pacientes transplantados. Além disso, o Norte de Minas já possui profissionais tecnicamente capacitados para a realização de transplantes, o que abre boas perspectivas para a consolidação da prestação de serviços médicos de alta complexidade.

Agencia Brasil

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