Algumas pessoas viajaram mais de 700 quilômetros e apesar da guia não tiveram atendimento.
Pessoas com guias para exames pela manhã encontraram portas fechadas.
Pelo menos 20 pessoas que estavam com guia do Sistema Único de Saúde (SUS) para realizar exame na manhã deste domingo (30), no Centro de Tomografia Computadorizada de Minas Gerais, na Avenida Francisco Sales, 1.622, Bairro Santa Efigênia, na Região Centr0 Sul de BH, encontraram o local fechado.
Algumas chegaram ao local antes das 7 horas, vindas do interior, e ficaram, toda a manhã, sem nenhuma assistência médica e sem ter como atender as necessidades pessoais. No local ninguém foi encontrado para dar explicações sobre a existência de exames marcados para a manhã de domingo, dia em que a clínica estava fechada.
Uma das pessoas que aguardavam atendimento, Juverci Moreira Soares, 39, casada, mãe de três filhos, havia saído da zona rural do município de Pedra Azul, no Vale do Jequitinhonha, distante mais de 720 quilômetros de Belo Horizonte, no dia anterior e estava sem alimentação até o meio-dia, esperando, com a ficha de atendimento na mão e a esperança de ser atendida.
Pessoas que trabalham na Avenida Francisco Sales contaram que o centro de tomografia atende pacientes aos domingos, na parte da manhã, quando existem consultas e exames marcados pelo SUS.
Mas não foi o que aconteceu neste domingo. Homens e mulheres com mais de 50 anos, além de crianças, muitos com dores de coluna e outros problemas de saúde, estavam com os atendimentos marcados para a parte da manhã, mas foram obrigados a esperar, na calçada, pela abertura do centro médico, o que acabou não acontecendo no período previsto.
A reportagem teve acesso às guias e confirmou que todos os pacientes estavam com documentação legal, com consultas ou exames marcados entre 7 horas e meio dia.
“Saí lá do meu povoado ontem (sábado), antes das 8 horas, e tive que viajar em três ônibus para chegar aqui e fazer chapas e exames marcados para a manhã de domingo”, lamentou a dona de casa Juverci Moreira Soares, que mora na zona rural de Pedra Azul, perto da divisa com o estado da Bahia. “Estou com um problema antigo, na coluna, e esta guia foi marcada há mais de um ano. Se eu não conseguir atendimento hoje (ontem), não sei como vou fazer. Estou sem alimentação e muito cansada, porque as viagens são muito sacrificadas”.
Muitas pessoas se mostraram revoltadas com a situação e chegaram a telefonar para a Polícia Militar. Uma guarnição do 1º Batalhão da Polícia Militar chegou ao local mas os militares não registraram ocorrência sob a alegação de que não existia nenhum crime para ser relatado.
Entre os pacientes largados à própria sorte estava o aposentado Antônio Geraldo Dias Teixeira, 55, casado. Com fortes dores ele não conseguia sair do leito de uma ambulância da prefeitura de Buenópolis, município localizado na Região Central, a mais de 280 quilômetros de Belo Horizonte.
“Saímos de madrugada de Buenópolis e não esperava que isso fosse acontecer porque lá na minha região é difícil conseguir guias do SUS para consultas e exames. Se eu não for atendido hoje (ontem), não sei como vou fazer porque também tenho problemas com a coluna e estou sentindo muitas dores da viagem”.
Outra que sentia muitas dores por causa de uma hérnia de disco era a dona de casa Maria Amélia do Nascimento, 47, casada. “Acho isso uma falta de respeito com o ser humano”, disse ela, revoltada. Uma mulher com mais de 60 anos, que chegou ao local de carro e teve que ser carregada nos braços do marido e filhos, saiu do mesmo jeito: carregada pelos familiares.
Clínica não se pronunciou
Nenhum responsável pelo Centro de Tomografia Computadorizada foi encontrado ontem para falar sobre o assunto. A assessoria de imprensa da PBH, que nos finais de semana e feriados responde pelos atendimentos do SUS na capital, informou que estava recolhendo informações a partir da denúncia e que o assunto será investigado a partir desta segunda-feira (31).
FONTE: Hoje em Dia