O Jacaré e o Pitbull

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Era paulista, de Lins, e foi pescar no pantanal mato-grossense. Entre um peixe e outro, apareceu-lhe um jacaré dos grandes. Não pestanejou: pegou a espingarda, mirou e atirou. “Isso vai ser o maior sucesso quando eu chegar lá em Lins. Um troféu deste tamanho não se conquista todo dia”, pensou. Pegou o jacaré morto e o depositou no porta-malas do carro, junto com a espingarda. E começou a viagem de volta a Lins.

Lá pelas tantas, viu um pássaro diferente pousado numa árvore e decidiu que queria acertar o bichinho. Parou o carro, foi lá atrás pegar a espingarda. Abriu a tampa do porta-malas e… – vapt! – recebeu no rosto uma incrível mordida de jacaré, que lhe estraçalhou o nariz.

Foi levado ao hospital de Campo Grande, onde teve a primeira de uma série de cirurgias plásticas.

Verdadeira, esta história foi publicada num jornal de São Paulo há alguns anos e reproduzida no livro Português Via Brasil, de Emma Lima e Samira Iunes, que ensina português a estrangeiros.

A princípio fiquei chocado com a história. Mas depois, pensando melhor, tive que admitir que é assim mesmo que ocorre conosco também, quando lidamos com o nosso ego. Damos um tiro nele e achamos que ele está morto. Mas na primeira oportunidade, lá vem esse inimigo e nos ataca em cheio.

Qual é mais perigoso: um jacaré ou um pitbull?

No dia 5 de março último, uma senhora, de 68 anos, em São José do Rio Preto (SP), foi atacada por um cachorro da raça pitbull. Foi defender seu cachorrinho, e o pitbull a mordeu na mão e no braço.

Lembro-me de quando no Rio de Janeiro, há alguns anos, houve casos similares, discutia-se sobre o que fazer com essa raça perigosíssima. Metade do povo dizia: “castra”. A outra metade: “Não castra”. “Mata”, “Não mata”.

O maior pitbull, porém, não está nas calçadas ameaçando as pessoas, mas dentro da gente. Sendo assim, não deixe seu ego solto por aí. Aplique nele a coleira da cruz!

Pr. João Soares da Fonseca – [email protected]

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