Historiografia Manhuaçuense

550

Os primeiros exploradores do Vale do Manhuaçu vieram do litoral, Vasco Fernandes Coutinho Filho (Espírito Santo) e Sebastião Fernandes Tourinho (Porto Seguro), relataram expedições no Rio Manhuaçu. Em 1696, mesmo ano descoberta da primeira pepita de ouro em Mariana (Minas Gerais), Antônio Rodrigues de Azarão e Bartolomeu Bueno de Siqueira, saindo de Taubaté, chegaram em um afluente do Rio Casca, encontrando ouro em abundância, acossados  pelos índios, foram para Vitória, onde entregaram o ouro ao Governador Geral da Capitania do Espírito Santo. Em 1705, o também taubateano, Pedro Bueno Cacunda, sobrinho de Bartolomeu, inicia ex-ploração de ouro nos rios Castelo (Minas do Castelo) e Manhuaçu, relatou estas expedições em três cartas ao Rei de Portugal (Dom Manoel Primeiro) na primeira descreveu uma nação gentia denominada Purys, que assenhorava o Rio Mayguaçu (nome primitivo) e seus afluentes, descreveu também povoou três serras, Manhuaçu, Guandu (Afonso Claudio) e Castelo, pediu a posse das terras da região de Manhuaçu, até seu trineto, comprovado pelo Registro de terras de 1856, na freguesia de Santana do Abre Campo, onde Antônio Dutra de Carvalho, declarou comprou a Serra da Jibota ou Campos do Caparaó (Serra do Caparaó) dos aventureiros Bueno Cacunda. Em 1800, houve um tratado e divisas entre as capitanias de Minas Gerais e Espírito Santo, ao Sul do Rio Doce, passando por uma linha entre os rios Guandú e Manhuaçu, com isto a capitania capixaba perderia grande porção territorial. A partir disto em 1814, o go-vernador do Espírito Santo, Francisco Antônio Rubim, ordenou o início de uma estrada real, saindo de Vitória até Vila Rica e Minas Gerais, foi construída pelo Ten Cel Inácio Carneiro Leão, até Abre Campo em Minas Gerais, tendo nesta época a Capitania Capixaba reivindicado posse das terras até o Rio José Pedro, afluente maior do  Manhuaçu, o que foi contestado por Minas Gerais e viu-se nesta época o povoamento do Vale do Manhuaçu, por essas pessoas das duas capitanias, Domingos Fernandes de Lana por volta de 1820, iniciou comércio com a tribo dos Purys, que habitavam o Ribeirão Coqueiro, bem próximo da atual cidade de Manhuaçu. Com a Revolução Liberal por volta de 1843, vários participantes com medo de punições embrenharam nas matas de Manhuaçu, fazendeiros vindos de Santa Luzia, Catas Altas, Mariana, Ouro Preto e cidades da região de Juiz de Fora, culminando com criação de três distritos vinculados a Ponte Nova, Santa Margarida (1865), São Simão (1869), e São Lourenço do Manhuaçu (1873), foi criado o município do Rio do Manhuaçu em 5/11/1877, abrangendo terras da bacia do rio, com duas vilas a de São Lourenço do Manhuaçu, e a de São Simão, mas com a sede em São Simão, com os distritos de Pirapetinga (Manhumirim), Santa Helena, Santa Margarida, São Francisco do Vermelho, Caratinga, José Pedro (Ipanema) e Dores do Jose Pedro, em 1881, a sede passa a ser a Vila de São Lourenço de Manhuaçu, que passou a chamar Cidade do Manhuassu, sendo primeiro presidente da Câmara, Joaquim Gonçalves Dutra, o segundo foi o Coronel Nicolau da Costa Mattos (1883/1890), vindo de Muriaé, na eleição de 1893, foi eleito Presidente da Câmara  o Coronel Serafim Tibúrcio da Costa, que angariou grandes simpatia das classes menos favorecidas como índios e posseiros sem direito à terra. Com a tentativa de reeleição frustrada em 1896, Serafim acusou seus oponentes, Padre Odorico Dolabela, Frederico Dolabela, Abílio Diniz, Leopoldo Nogueira e Coronel Nicolau da Costa Mattos, tendo ido a Ouro Preto, tentado uma intervenção no município alegando fraude eleitoral, não obteve apoio do presidente da Província Bias Fortes, voltando à Manhuaçu, arregimentou seus correligionários e aquartelou em Caratinga, até maio, quando atacou a cidade com 50 jagunços, simpatizantes seus e outros trazidos de Peçanha, durante 22 dias ocupou o Fórum e Câmara, só não tomou a delegacia, pois Costa Mattos era delegado, e não permitiu, durante este período grande parte da cidade ficou em poder de seus homens, retirou-se para Afonso Claudio (ES), quando ficou sabendo da vinda de uma guarnição do Exército, tenho tornado político, no Espírito Santo, onde também tentou destituir autoridades de Afonso Claudio, derrotado exilou-se em Espera Feliz, onde faleceu, é relatado que antes de morrer veio a Manhuaçu e selou a paz com seus oponentes anteriores, em 1898 foi instalada a Primeira Loja Maçônica de Manhuaçu, sendo seu primeiro Venerável o Capitão José Basílio Nogueira. No início do Século XX, o progresso aumentou com a inauguração da Estrada de Espírito Santo, em 1919, foi inaugurada a energia elétrica, sendo a primeira usina instalada na propriedade até hoje, o município conta com 80.000 habitantes, o mais populoso do extremo leste de Minas Gerais.

José Olinto Xavier da Gama – Historiador de Manhuaçu

9 COMENTÁRIOS

  1. Parabéns José Olinto Historiador de Manhuaçu, se todos historiadores dos os municípios do Brasil fosse iguais a você saberíamos a historia de cada municípios que são atualmente 5568 municípios tem o Brasil. Assim teríamos um enciclopédia maravilhosa.Continue assim meu caro historiador muito sucesso.

    • Nicolau Costa Mattos,vindo de Muriaé instalou no Distrito De Alto Jequitibá,era coronel da guarda nacional,foi presidente da Cãmara de Manhuaçu até 1893,acredito ficou dez anos no cargo,os livros desta época da Cãmara sumiram.
      Não consegui nome de sua mulher,mas teve uma filha chamada Nicolina da Costa mattos

    • Mauricio
      recebi informações de amigos que em 1910,mais ou menos existia proximo a Miracema Rj,Nicolau da Costa Mattos,talvez o mesmo ou parente,vi muitos Costa Mattos em Mar de Espanha,acredito Nicolau tenha nascido lá.

  2. Quando criança eu ouvia muitas estórias sobre um tal Zé Galdino, famoso desafeto da polícia. Gostaria de saber se era verdade ou pura lenda.

FAÇA UM COMENTÁRIO

Por favor digite um comentário
Por favor digite seu nome aqui