Mateus Solano e o sucesso da “bicha má” de “Amor à Vida”

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Algo inquestionável atualmente é o sucesso de Félix, personagem de Mateus Solano em “Amor à Vida”, comentário em rodas de amigos e assunto nas redes sociais. Inegável também que, apesar da fina ironia (e por que não dizer do sarcasmo?), o papel do ator tem sido de grande contribuição social.

Em um País onde prevalece a patrulha do politicamente correto e o falso moralismo (com bancada evangélica propondo em Brasília projeto para legalização da “cura gay”), Félix surge pintoso e com tiradas cada vez mais inspiradas. Quem nunca conheceu um gay como ele? Quem não vê um Félix entre os amigos ou colegas de trabalho? A diferença são as doses de vilania.

Félix tem ataque e quebra o skate do filho. O personagem caiu no gosto popular, pois seduz pelo lado divertido – ainda que vários pontos pesem contra ele. Félix trai a mulher (Edith, Bárbara Paz) com homens; rejeita e maltrata o filho (Jonathan, Thalles Cabral); rouba o pai (César, Antonio Fagundes) e o pior: enganou a própria irmã (Paloma, Paolla Oliveira) ao jogar a filha dela numa caçamba de lixo.

Talvez essa cena forte do primeiro capítulo (para mostrar logo de cara o caráter do rapaz e que ele não está para brincadeiras), tenham acentuado as comparações com Carminha, a vilã mór de Adriana Esteves, em “Avenida Brasil”. O próprio Solano fez questão de despistar, alegando não ser uma “Carminha de calças”.

Embora em alguns momentos esteja levemente exagerado, o ator está arrasando em cena – e vai seguir – dando de ombros aos críticos -, podem protestar, ameaçar boicote ou espernear. Solano deixa transparecer as intenções de Félix nos olhares e nos trejeitos. É ator, ponto. E o autor, Walcyr Carrasco, precisava se redimir com ele após aquela furada de “Morde e Assopra” (2011).

Félix mostra ser mais um resultado da repressão da verdadeira condição sexual, por pressão da família, da sociedade, por conceitos morais e religiosos passados desde a infância – e que aprisionam tanta gente, não só no campo da sexualidade. Mais uma prova de que cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é… ainda que seja uma “Bicha Má”!

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