A “Cultura Oficial” no ventilador

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Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )

Ainda sobre a “seleção” de escritores catarinenses que foram levados pelo Estado à Feira do Livro de Porto Alegre, há muita gente descontente com a maneira como foi feita a escolha. Minha crônica “Escritores catarinenses na Feira do Livro de Porto Alegre”, que denunciava a comissão selecionadora, formada pela FCC, por ter escolhido a si mesma, com exceção do Prof. Lauro Junkes e Jayro Schmidt, para ir à Feira do Livro, foi publicada no meu blog CRÔNICA DO DIA, em http://luizcarlosamorim.blogspot.com e causou repercussão.

Foi um reboliço só, muito e-mail, muito telefonema, muita gente se manifestando. Como disse o Olsen Jr., e eu também assino embaixo, “A impressão que tenho é que isto estava “engasgado” em todo o mundo…”

E por falar no Olsen, a crônica censurada dele, “Carta à Anita Pires”, falando do mesmo assunto, foi distribuída pela internet e também lavou a alma de muitos. Ela contém mais denúncias. Publico alguns parágrafos dela:

“O governo do estado, através da FCC, elege uma “comissão” para escolher os escritores que irão a Feira do Livro de Porto Alegre. Estranho, penso. Se o “Governo” vai facilitar uma locomoção até a feira, bancando o veículo, natural seria se protagonizasse uma inscrição e que todos os interessados pudessem fazê-la, afinal, o governo, administra o Estado e não um feudo, de ungidos e diferenciados por apadrinhamento. Depois, analisando os acontecimentos ligados a minha área, isto é, a literatura, deparei-me com apoteóticas coincidências, senão vejamos: se a senhora, dona Anita Pires, presidente da FCC, por quem ainda tenho grande admiração, observar – basta por as listas dos nomes a sua frente – os membros que compuseram a comissão que selecionou os classificados no Edital Elizabeth Anderle, mais os nomes que integraram aqueles que escolheram os livros que deveriam ser adquiridos na “Lei Grando”(na Cocali – Comissão Catarinense do Livro) para abastecer as bibliotecas do Estado e ainda, esses agora que escolheram os nomes dos escritores para irem a Feira do Livro, nas três listas a senhora irá deparar com nomes que se repetem em todas elas. Isso posto, acrescente-se a má fé, como diria Sartre, em se “ungindo os agraciados com a ida a Feira do Livro com a indicação da cidade de origem, do nascimento, dos “eleitos” para dar uma ideia de “universalidade” e “abrangência” como se tivesse abarcado o Estado inteiro, assim, o sujeito nasceu em Blumenau (mas mora em Florianópolis), nasceu em Lages (mas está em Floripa), nasceu em Tubarão (mas reside em Floripa) e vai por aí… O Estado ajuda muito quando não atrapalha.”

Aliás, mais denúncias contém também a carta de Fátima Venutti, em jornal da Grande Florianópolis, em manifestação a minha crônica publicada na semana passada. Mas a FCC não se pronunciou.

A coisa anda feia, e não é de agora. Fico triste, porque a atual diretora, Anita Pires, revitalizou projetos que estavam abandonados, como a reedição do Concurso Cruz e Sousa, promoveu o cumprimento da Lei Grando, comprando dez livros de autores catarinenses para distribuir às bibliotecas municipais, embora a escolha desses livros também tenha deixado a desejar. Além de editais de incentivo à cultura, também com o dedinho do mesmo grupo que aparece na seleção dos livros e na escolha dos escritores que estão indo para a Feira do Livro de Porto Alegre, etc.

Talvez ela deva repensar esse “grupo” que trabalha com ela. Porque a “cultura oficial” está mal, está faltando transparência, responsabilidade, lisura.

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