Enterro do pintor Malangatana Ngwenya reúne cerca de 2 mil pessoas em Moçambique

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“Hambine, Tatama. Wisa ha honbe” (Adeus, Papai. Descanse em Paz). A frase, escrita na língua changana, na lápide do túmulo do pintor Malangatana Ngwenya, dá uma dimensão do carinho do povo moçambicano com o artista, que teve o corpo enterrado hoje (14). A cerimônia reuniu quase duas mil pessoas, na fazenda em que ele nasceu, em Matalane, a 40 quilômetros da capital Maputo.

Malangatana morreu no último dia 5, em Portugal, vítima de câncer. Depois de receber homenagens em Lisboa, teve o corpo trasladado para Maputo, onde chegou na quarta-feira (12). Desde então, Moçambique está em luto oficial. E um extenso funeral de Estado homenageia o artista, que tinha 74 anos.

“Herói, nesta pátria de heróis, (…) nunca disse ‘missão cumprida’, depois da conquista da nossa sacrossanta liberdade e independência”, disse o presidente de Moçambique, Armando Guebuza, no discurso de despedida. “Autodidata exemplar, decano de nossas artes plásticas, embaixador da nossa cultura (…), esse multifacetado promotor da moçambicanidade leva consigo uma parte de nossa história”, destacou.

Além de artista plástico de carreira reconhecida no exterior, Malangatana foi deputado entre 1990 e 1994, vereador, e membro do Conselho de Estado. Ele também teve participação destacada na luta de libertação nacional, durante a guerra colonial contra Portugal.

Por causa da atuação política, Malangatana passou um ano e meio preso nas instalações da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (Pide), que reprimia os movimentos pró-independência nas então colônias portuguesas.

Nomeado artista da paz pela Unesco, ficou famoso pelos quadros que fez sobre a guerra colonial em seu país. As pinceladas fortes, de cores vibrantes, que retrataram os moçambicanos com expressividade e sentimento, percorreram o mundo.

Além do presidente da república, os presidentes da Assembleia da República e do Tribunal Superior de Moçambique também estiveram na cerimônia de despedida de Malangatana, bem como a maioria dos ministros de estado, e um grande número de parlamentares, diplomatas e artistas, além de moradores da região de Mavalane e admiradores.

Agencia Brasil

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