Fundação Clóvis Salgado apresenta Nabucco

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Direção de André Heller-Lopes

Fundação Clóvis Salgado apresenta Nabucco, primeiro grande sucesso de Verdi

De 19 a 27 de junho, o Grande Teatro do Palácio das Artes, em Belo Horizonte, apresenta a ópera “Nabucco”, de Giuseppe Verdi (1813-1901). A obra, uma das mais executadas no mundo, será produzida pela primeira vez em Belo Horizonte, pela Secretaria de Estado de Cultura, por meio da Fundação Clóvis Salgado. Os ingressos já estão à venda no Palácio das Artes, a preços populares.

O espetáculo tem direção musical e regência de Silvio Viegas e concepção e direção de cena de André Heller-Lopes. Foram convidados oito solistas de diferentes estados e países: Rodrigo Esteves (RJ), Eiko Senda (Japão), Sávio Sperandio (GO), Rita Medeiros (MG), Marcos Paulo (RJ), Cristiano Rocha (MG), Júlio César Mendonça (MG) e Fabíola Protzner (MG). Também participam da montagem a Orquestra Sinfônica e o Coral Lírico de Minas Gerais, o Coral Lírico do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, além de um grande elenco.

Mais de 400 profissionais estão envolvidos na produção, que após a estreia em Belo Horizonte, segue para o Rio de Janeiro, para apresentação em julho, no Theatro Municipal. O espetáculo é resultado de mais um intercâmbio entre a Fundação Clóvis Salgado e outras casas de óperas do país. Além dos artistas de fora, parte dos figurinos foi produzida pelo Theatro Municipal de São Paulo.

“Belo Horizonte tem se consolidado como um dos principais centros de produção operística do Brasil. Temos como desafio estimular ainda mais a interação entre as produções, otimizando custos e estimulando a circulação das montagens”, destaca a presidente da Fundação Clóvis Salgado, Solanda Steckelberg.

“Nabucco” foi escolhida para homenagear os 150 anos da unificação italiana, comemorada em 2011. A ópera é a terceira composição e o primeiro grande sucesso de Giuseppe Verdi; tem quatro partes e estreou em 1842, no teatro La Scala, em Milão. O libreto, assinado por Temistocle Solera, conta a história de hebreus cativos que se tornaram escravos por Nabucodonosor, famoso rei da Babilônia.

Para o maestro Silvio Viegas, o sucesso não se deve só à música – visceral, inovadora, intensa, bruta e, ao mesmo tempo, delicada – mas também porque a história que se passava no palco era um eco do que acontecia na Itália daqueles tempos. Assim como os judeus eram dominados pelos babilônios na ópera, a Itália era governada pelo Império Austríaco.

A música e a poesia se tornaram o veículo perfeito para o sentimento de um povo que não aceitava tal situação. O “Coro dos Escravos” (Va, pensiero, sullalli dorate / Vai, pensamento, sobre asas douradas) tornou-se não somente um trecho da obra, mas um hino pela liberdade. Desde a sua estreia, a música de Nabucco tornou-se o hino do “Risorgimento” italiano pela unificação.

Para o diretor Andre Heller-Lopes, a história é atemporal. Seu ponto de partida para a montagem foi o desejo de trazer ao público de Belo Horizonte um Nabucco moderno e renovado, sem esquecer seu lado histórico e pleno de emoção. “O tema é tão atual, que quase 170 anos depois, é possível identificar, em ditadores do Oriente Médio, a ganância e a loucura de Nabucco. Em falsos profetas, a intransigência religiosa e o desrespeito com a fé do outro, como na personagem Zaccaria. Já o amor de Abigaille, Ismaele e Fenena, felizmente, ainda movem o mundo”, destaca.

Diretor

Ganhador, por dois anos consecutivos, do Prêmio Carlos Gomes de melhor diretor cênico de ópera, o carioca André Heller-Lopes é dono de uma trajetória ímpar no Brasil. “Diário do Desaparecido” e “Savitri” (CCBB-SP e DF) foram apontados como “espetáculos do ano” (O Jornal O Globo); enquanto “Ariadne em Naxos” (TMSP), recebeu elogios dos principais jornais do país. Sua mais recentemente encenação, Tosca, no Kleinesfestpielhaus (Haus für Mozart), em Salzburgo, também colheu elogios de público e crítica.

Especializado em ópera, recebeu o título de Doutor (PhD) pelo Kings College, de Londres, num trabalho inédito sobre a Ópera Nacional Brasileira, entre 1857 e 1863. Sua monografia de Mestrado, intitulada Vozes Brasileiras, abordou, igualmente, o universo operístico brasileiro do século XIX, debruçando-se, de forma detalhada, sobre a vida de cantoras líricas europeias que vinham ao Brasil entre 1844 e 1852.

Desde 1996, é professor do Departamento Vocal da Escola de Música da UFRJ. Em 2003, tornou-se coordenador de Ópera da Prefeitura do Rio, desenvolvendo extensa programação dedicada ao público jovem – atualmente em seu sétimo ano consecutivo. No Brasil, destacam-se suas encenações nos espetáculos “Palavras Brasileiras”, “Viva Verdi” e “Portinari: Música e Poesia” (CCBB RJ e SP), “Samson et Dalila”, “Andrea Chenier” e “La Fille du Régiment” (TMSP) e “Idomeneo” (TMRJ), “Cavalleria Rusticana” e “A Ópera dos 3 Vinténs” (FAO), “Mozart & Salieri” (Festival de Campos do Jordão), “Der Schauspieldirektor” (OSB), “Falstaff e Der Rosenkavalier” (Osesp) e “Der Zwerg” (OPS).

Dentre seus compromissos futuros, destacam-se novas produções de “Nabucco” (Palácio das Artes de Belo Horizonte, Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Festival Amazonas de Ópera e Theatro Municipal de São Paulo), “Die Walküre” (Theatro Municipal de São Paulo) e a estreia brasileira de “A Midsummer’s Night Dream”, projeto ganhador do Britten 100 Award e que será co-produzido pela Osesp e pelo Teatro Nacional de São Carlos.

Maestro

Natural de Belo Horizonte, Silvio Viegas é Mestre em Regência pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais, tendo sido discípulo dos maestros Oiliam Lanna, Sergio Magnani e Roberto Duarte. Ainda jovem, foi agraciado com uma bolsa de estudos, indo estudar regência na Itália. Em 2001, ficou com o primeiro lugar no Concurso Nacional Jovens Regentes, organizado pela Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB).

Desde o início de sua carreira, tem se destacado por sua atuação no meio operístico, regendo óperas como “Così fan Tutte”, “Le Nozze di Figaro” e “A Flauta Mágica”, de Mozart; “Tiradentes”, de Manuel Joaquim de Macedo; “La Bohème”, de Puccini; “O Barbeiro de Sevilha”, de Rossini; “Carmen”, de G. Bizet; “Cavalleria Rusticana”, de P. Mascagni; “Il Trovatore”, de Verdi; “Romeu e Julieta”, de Gounod; e, mais recentemente, “Lucia di Lammermoor”, de Donizetti.

Esteve à frente das Orquestras Sinfônica Brasileira, Petrobras Sinfônica, Orquestra do Teatro da Paz, Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, Sinfônica de Minas Gerais, Sinfônica de Burgas (Bulgária), Sinfônica do Festival de Szeged (Hungria), Orquestra do Algarve (Portugal), entre outras. Foi diretor Artístico da Fundação Clóvis Salgado – Palácio das Artes, de 2003 a 2005. Atualmente, é maestro titular da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e professor de Regência na Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.

 

Agência Minas

1 COMENTÁRIO

  1. Foi surpresa agradável saber que Nabucco será apresentada no Palácio das Artes. É um sonho que se realiza. A ária VA PENSIERO povoou minha adolescência em tempos de colégio. Eu cantava aqueles versos no coral de minha escola. Imaginava os escravos sonhando com a pátria perdida. Sem dúvida estarei lá para ver a promissora montagem da ópera inteira.
    KGC

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