LAN House: Bênção ou Maldição?

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Professora de história Aparecida Elaine Fabiano de Muriaé para o Jornal das Montanhas

O conceito de LAN House foi inicialmente introduzido e difundido na Coréia em 1996 e em 1998 iniciou-se no Brasil. E hoje depois de dez anos de existência aqui, percebemos o grande número de LAN houses que vem surgindo em todo o território nacional.

Concordo com algumas afirmativas, ao declarem que o surgimento das LANs é um grande avanço na inclusão digital da população como um todo. Não posso discordar.

Mas posso fazer algumas ressalvas nesta afirmativa, porque, como professora da rede estadual do estado de Minas Gerais, e trabalhando em uma escola de periferia em minha cidade, tenho percebido que é preciso urgentemente tomar medidas para que neste grande número de estabelecimentos que se auto-intitulam LAN house possam ser cumpridas todas as suas atribuições sem exceção.

Falo isso porque, com a presença constante de crianças nas LANs, sem um direcionamento por parte de pessoas responsáveis, ocorre o que sabemos muito bem as influências nocivas às crianças, já que as mesmas estão num período de formação de caráter e personalidade e ainda não possuem a capacidade de distinguir sobre o que é certo e o que é errado.

Muitos irão concluir: esse é o papel da família. O que concordo plenamente. Mas que infelizmente tem deixado a desejar, já que a família não tem tido “tempo” para ser família.

A escola hoje tem abraçado grande responsabilidade do que antes era responsabilidade das famílias. E as LANs, tem se preocupado com essa carência que muitas crianças que freqüentam seus estabelecimentos também têm? Esse é o meu questionamento maior.

Muitos donos de LANs afirmam que as leis existentes são difíceis de cumprir. Li uma artigo recente onde foi colocado que por ser muito difícil cumprir as leis exigidas, muitas LANs têm surgido na ilegalidade. Outro grande problema! O não cumprimento das leis. Mais uma vez estamos diante do “jeitinho brasileiro”, e mais uma vez esquecemos de que estamos trabalhando com uma faixa etária importante para o presente e o futuro de nossa nação.

Então vejamos, com o surgimento de LANs ilegais, as nossas crianças que estariam tendo a importante oportunidade de se incluir digitalmente, estão criando muitas vezes hábitos nocivos para o seu crescimento como pessoa. O que fazer? Alguns países europeus dão acesso as LAN house apenas para maiores de 18 anos. Creio eu que perceberam o quanto é complicado deixar nas mãos de menores uma máquina que lhes dão acesso a qualquer informação sem um controle responsável e oportunidade de lhes tirarem dúvidas de modo correto.

Outro dia fui a uma LAN, para minha surpresa o responsável do estabelecimento naquele momento era um adolescente de no máximo uns 15 anos. Ele perguntou meu nome, e me pediu um apelido. Depois me deu o teclado e pediu que eu digitasse uma senha. Ao fazer isso a máquina já estava liberada para eu usar o tempo que eu quisesse desde que eu pagasse.

Comecei a usar a máquina, mas fiquei preocupada, será que era esse o cadastro que fazia com todos os usuários? E infelizmente pude comprovar, este era o padrão usado para todos os usuários.

É esta a minha preocupação, que controle as crianças que usam estes estabelecimentos têm? Como são ensinados no processo de inclusão social? Os professores ao ensinarem seus alunos preparam se, estudam, planejam… E as LANs, o que fazem para ensinar as crianças e os adolescentes a entrarem no mundo digital? Qual o método? Qual a responsabilidade? Será a LAN uma bênção ou uma maldição?

veja a matéria completa na página 3 na edição 58 do Jornal das Montanhas

2 COMENTÁRIOS

  1. As LANs Houses são, sem dúvida, um grande “inclusor digital”. É através dela que a maioria da população – que são de baixa renda e por isso não têm condições de ter internet em casa, visto que o custo para tal benefício ainda é alto – têm acesso à internet.
    Mas realmente não se tem um controle dos sites acessados, daí um problema. Crianças e adolescentes no alge de suas curiosidades acabam tendo acesso a conteúdos inadequados, como por exemplo, sites de pornografia. Além disso, ainda tem os jogos on-line. Esses jovens se reúnem em LANs para brincarem com games que “assassinam” a mente que deveria se ocupar com aprendizado de caráter saudável.
    Os donos de LAN House não impedem tais jogos porque atualmente é o que mais movimenta dinheiro neste tipo de comércio; quanto aos conteúdos de sites, apenas colocam um singelo cartaz proibindo o acesso de menores a conteúdos pornográficos, mas não verificam o que seus clientes estão vendo pela tela do computador.
    Neste momento escrevo meu comentário pela internet de uma LAN e, dos 10 (dez) computadores disponiveis a usuários, 9 (nove) estão conectados nos tais Games On-Line.
    LANs Houses deveriam ser usadas para a educação moral e intelectual, para despertar o interesse nas pessoas em estar atualizado e bem informado.

    Priscila Loubach

  2. Estou com um estudo para Lan House que dará um novo enfoque educacional aos jovens, diria que necessito concluir melhor esta matéria, já levei a idéia a campo e teve uma ótima recepção, assim que tiver em mãos dados finais volto a colocar a matéria nesta página.
    Parabéns a Professora de história Aparecida Elaine Fabiano de Muriaé do Jornal das Montanhas, esta preocupação são de muitos pais e acredito que também do Ministério Público.

    Jorge Antonio Coldebella

    Olá Jorge,

    É um prazer para nós poder levar aos leitores todas as opiniões.
    Muito obrigado e fique a vontade para escrever; essa página é do povo.

    Da redação.

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