Mostra transforma jovens de centros socioeducativos em artistas

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 A mostra “Impressões”, que permanece no auditório da Escola Guignard, em Belo Horizonte, até esta quarta-feira (16), surpreende o visitante pela diversidade de cores, formas e sentimentos. São óleos sobre telas, grafites, desenhos à mão livre e objetos em cerâmica confeccionados por cerca de 250 adolescentes que cumprem medida de internação em centros socioeducativos de Belo Horizonte e Região Metropolitana. A abertura da exposição aconteceu nessa segunda-feira (14), com performances teatrais, números de dança e um coquetel em que foram servidos bolos, pães e croissants preparados pelos próprios adolescentes.

As oficinas de teatro, grafite, pintura, dança e arte culinária, que originaram a mostra, são fruto do projeto “Arte e Expressão”, que nasceu de um convênio assinado entre a Subsecretaria de Atendimento às Medidas Socioeducativas (Suase) da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) e a Guignard em 2009. “Esta mostra é a prova da maturidade dessa iniciativa, tanto do ponto de vista estético, quanto da adesão dos adolescentes e da propriedade com que eles falam do assunto”, pontua o subsecretário de Atendimento às Medidas Socioeducativas, Ronaldo Araújo Pedron.
Desafio
Na avaliação do subsecretário o projeto, que será renovado por mais um ano, permite que habilidades sejam desenvolvidas, interesses se renovem e sentimentos, bons ou ruins, sejam canalizados. “Hoje, podemos dizer que a aposta que a Secretaria fez no viés da arte-educação foi acertada”.
A artista plástica Luana Mitre, coordenadora do projeto há um ano, se emociona ao percorrer as obras e relembrar as aulas, as falas dos jovens e todo o processo de construção dos trabalhos. Ela reconhece ter sido “desafiador” adaptar a filosofia da Guignard, calcada na liberdade de expressão, a esse público diferenciado.
De acordo com Luana, foi preciso muito cuidado na seleção dos educadores. Era preciso um carinho especial e um desejo de trabalhar com adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa. “Tem sido um aprendizado mútuo. O que mais vale a pena é a troca de experiências. Arte-educação é um processo onde o mais importante não é o produto final, mas sim a conquista da consciência crítica, da reflexão, do pensar sobre quem é você no mundo”, relata.
Descobertas
A adolescente L.S., de 16 anos, que cumpre medida no Centro Socioeducativo São Jerônimo, conta que está tentando descobrir do que gosta, para o que tem facilidade e o que a faz feliz. “Ainda não sei. Adoro dançar, estou mais solta. Antes eu ficava muito ‘na minha’, caladona. Agora me expresso melhor, estou mais calma, talvez mais perto de achar meu caminho”, conta.
Para outra adolescente, também de 16 anos, a decisão já está tomada. Ela conta que quer ser doceira profissional. A aptidão para os doces a menina descobriu durante as aulas de culinária, que confessa ter começado a fazer a contragosto. “Eu não queria. Achava que ia ser chato. Ia de cara fechada. Mas agora, estou adorando”, relembra

Ag:Minas

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