Para gostar de ler

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Luiz Carlos Amorim

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

O ensino fundamental no Brasil tem, no seu conteúdo programático, a obrigatoriedade das aulas de leitura e literatura, dentro da disciplina de Língua Portuguesa – isto significa dar a conhecer os nossos autores clássicos, tanto brasileiros como portugueses. E digo isso, porque os professores do primeiro e segundo graus, não raro, obrigam suas turmas a lerem José de Alencar, Machado de Assis e outros autores consagrados do passado, sob a condição da nota, o que pode colocar em jogo o gosto pela leitura no futuro de leitores em formação.

É bom frisar que a culpa não é dos autores de livros como “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “Iracema”, “O Guarani”, “A Moreninha”, “Escrava Isaura”, “O Cortiço” e tantos outros. É interessante que conheçamos as raízes da nossa literatura. A culpa é nossa, de pais e professores – sem generalizar, pois existem professores e escolas fazendo trabalho excelente e inovador nesse sentido – que não sabem (ou não podem, ou não querem) como incutir o gosto pela leitura nas crianças, pré-adolescentes e adolescentes.

Criança que não convive com livros em casa, desde cedo, e quando chega à escola é obrigada a ler livros sem ser cativada para isso, sem ter motivação para isso, não vai gostar de ler. Se não lhe passarmos a magia e o encantamento que estão contidos nos livros, o conhecimento e a diversão que podem ser encontrados neles, se não esclarecermos que eles, leitores, terão a criatividade e a imaginação aguçadas, como esperar que gostem de livros? Se o os obrigarmos a ler livros que não tem muito a ver com eles, eles terão, isso sim, aversão a livros, como é comum acontecer.

Então, se livros como os de Harry Potter, Crônicas de Nárnia, O Senhor dos Anéis, Coração de Pedra, A Saga Cargtrofs, etc, dão o prazer da leitura aos pequenos leitores, porque não deixá-los ler esses livros, pra começar, – livros escolhidos por eles – e depois, quando já estiverem firmando o hábito de ler, apresentarmos os clássicos como José de Alencar, Bernardo Guimarães, Machado de Assis, Aluísio de Azevedo, Júlio Ribeiro e outros?

Mas antes de passarmos para os clássicos, deveríamos aproveitar o entusiasmo pela leitura das aventuras fantásticas para introduzir a leitura também fantástica maravilhosa de autores brasileiros. A começar por Lobato, que vai fundo na fantasia e na imaginação das crianças, criando uma boneca viva, uma espiga de milho que fala e que faz misérias, um Saci-Pererê (figura do folclore brasileiro), uma cuca (também do rico folclore brasileiro, conhecida por todos), que é a vila das histórias, e mais, muito mais.

Que criança não gostaria de voar nas asas da fantasia e da imaginação, quando da recriação da criatividade de nossos escritores? E são tantos, que nem me atrevo a enumerá-los.

Fica a idéia para discussão e para os condutores da educação em nosso Brasil – educação que precisa, mesmo, ser revista e repensada.

Sobre o autor: Luiz Carlos Amorim é Coordenador do Grupo Literário A ILHA em SC, com 31 anos de atividades e editor das Edições A ILHA, que publicam as revistas Suplemento LIterário A ILHA e Mirandum (Confraria de Quintana), além de mais de 50 livros. Editor de conteúdo do portal PROSA, POESIA & CIA. e autor de 27 livros de crônicas, contos e poemas, três deles publicados no exterior. Colaborador de revistas e jornais no Brasil e exterior – tem trabalhos publicados na Índia, Rússia, Grécia, Estados Unidos, Portugal, Espanha, Cuba, Argentina, Uruguai, Inglaterra, Espanha, Itália, Cabo Verde e outros, e obras traduzidas para o inglês, espanhol, bengalês, grego, russo, italiano -, além de colaborar com vários portais de informação e cultura na Internet, como Rio Total, Telescópio, Cronópios, Alla de Cuervo, Usina de Letras, etc.

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