Uso correto da vírgula: como superar seus desafios

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Sinal de pontuação garante entendimento correto de um texto. Vírgula não deve ser encarada como pausa para respirar
Imagem: Canva
A pontuação de um texto tem o objetivo principal de ajudar o leitor a compreender e a interpretar de maneira clara o que está escrito. Um dos principais desafios da pontuação na língua portuguesa é o emprego correto da vírgula. Vejamos dois exemplos: 

Não é minha amiga?
Não é, minha amiga?

No primeiro caso, sem vírgula, há uma questão colocada acerca de ser ou não ser amiga de alguém. No segundo, a amiga é chamada, invocada a responder sobre algo. O vocativo, função sintática responsável pelo chamamento, exige o uso da vírgula.

Em outro exemplo:
Não vamos viajar!
Não, vamos viajar!

Como se pode ver, o entendimento geral de que a vírgula é usada basicamente para indicar pausas é reducionista. Assim como outras pontuações, ela é orientadora fundamental da interpretação da ideia da frase. Sinaliza os momentos nos quais a intenção da mensagem precisa ser indicada para ser transmitida corretamente ao leitor. 

A depender do modo como é usada, o sentido que se deseja empregar pode ser radicalmente alterado e expressar uma ideia oposta. Mais do que decorar as regras, perceber esta função da vírgula é o primeiro passo para tornar mais fácil o entendimento sobre a sua aplicação. 

Depois disso, é importante compreender as duas formas de ordem direta de uma frase que, em regra, demandam o uso da vírgula: 1) Sujeito + Verbo + Complemento Verbal; 2) Sujeito + Verbo de Ligação + Predicativo.

Com estes fundamentos em mente, o desafio de usar corretamente a vírgula está a meio caminho de ser superado. A partir disso, sigamos com outras dicas que também ajudam a tirar as dúvidas dos casos mais representativos.

Vírgula não é pausa para respirar

Um dos erros mais comuns é o uso da vírgula separando o sujeito do predicado, como se fosse necessária uma pausa de respiro. Este é um caso típico que mostra por que é importante compreender a ordem direta de uma frase. Exemplos adequados: “O entregador trouxe a pizza.” e “Maria, José e João foram juntos ao cinema.”. Exemplos de uso inadequado: ‘O entregador, trouxe a pizza.” e “Maria, José e João, foram juntos ao cinema.”.

Enumeração

A vírgula também é usada para separar termos e apresentar informações em forma de lista, numa enumeração. Exemplo: “Vamos ao mercado comprar ovos, pão, macarrão e feijão.”. Os objetos da oração – ovos, pão, macarrão e feijão – são separados por vírgula.

Com conjunções

Seu emprego ainda é feito antes de conjunções adversativas e conclusivas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, logo, portanto, então, por isso. Exemplos: “A aluna estudou intensamente, contudo não passou no vestibular.” e “A aluna é muito dedicada, portanto conseguirá bons resultados.”.

Separar o aposto

Da mesma maneira, deve ser usada para separar o aposto, ou seja, o termo que explica ou especifica um substantivo. Exemplo: “Machado de Assis, escritor brasileiro, tem uma vasta obra literária.”.

Adjunto adverbial

Outro uso da vírgula ocorre para separar adjunto adverbial de modo, lugar e tempo. Exemplos: “Felizmente, tudo terminou bem.”, “Aqui, fazemos ginástica todos os dias.” e “Hoje, temos um cardápio variado.”.

Usos facultativos

Há também os casos nos quais a vírgula tem o uso facultativo. Um deles é quando o adjunto adverbial está na ordem direta. Exemplos: “Ela se organizou para ir à praia hoje à tarde.” ou “Ela se organizou para ir à praia, hoje à tarde.”. Ambos os casos estão corretos.

Isso também ocorre depois de objeto direto ou indireto no início da oração. Exemplos: “Os meus filhos eu ensino.” ou “Os meus filhos, eu ensino.”. E antes do “ou” ligando orações: “Precisamos consertar o carro ou não conseguiremos viajar.” e “Precisamos consertar o carro, ou não conseguiremos viajar.”.

Entre regras, usos facultativos e exceções, a complexidade gramatical do português é o que o torna completo. Algumas premissas fundamentais, como as que citamos em relação ao uso da vírgula, nos ajudam a explorar ao máximo a riqueza da nossa língua.

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