Comando da CBF na mão de aliados sem Teixeira

235

Foi, no mínimo, constrangedor. Ao anunciar a renúncia de Ricardo Teixeira e sua ascensão ao cargo de presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin não deixou passar em branco os 23 anos de comando do seu antecessor. Em discurso até emocionado, exaltou o criticado dirigente e prometeu manter sua linha de comando. Com isso, todos os cargos da CBF, incluindo o de Andrés Sanchez, diretor de seleções da entidade, continuam iguais.

Praticamente a cada resposta que dava na entrevista coletiva que concedeu na última segunda-feira (12), na sede da entidade, Marin dava um jeito de inserir o nome de Ricardo Teixeira.

Muitas vezes se alongava ao falar dos feitos do cartola e só era interrompido pelas palmas dos presidentes de federações que prestigiaram o evento, em ação igualmente constrangedora.

Na visão de Marin, que assumiu o cargo de presidente da entidade por ser o vice-presidente mais velho – 79 anos, Teixeira revolucionou o futebol brasileiro e o modernizou. O dirigente aproveitou para avisar que manterá toda a direção da CBF.

– É uma continuidade ao estupendo trabalho que o Teixeira vinha realizando. Eu preciso desses diretores. O futebol brasileiro passou a ser respeitado por causa dessa administração moderna, exemplar e modelo. Não existe novo projeto, existe continuidade. Preciso dos homens de confiança do Ricardo Teixeira. Eles agora serão da minha confiança.

Para Marin, Teixeira não é reconhecido no Brasil da forma que deveria, mesmo tendo, segundo o novo presidente, trazido a Copa do Mundo para o Brasil em 2014. Antes, o País só havia sediado o evento em 1950.

– Nosso presidente Ricardo Teixeira tornou realidade o grande sonho de milhões de brasileiros. Ele está devolvendo a todos nós o orgulho de termos outra Copa no nosso País. Temos de fazer justiça: o responsável por isso se chama Ricardo Teixeira. Contribuiu, acima de tudo, o respeito e a credibilidade que goza em todo o mundo.

No embalo da exaltação a Teixeira, Marin não perdeu a oportunidade de dedicar palavras carinhosas a João Havelange, ex-presidente da Fifa e ex-sogro do ex-mandatário da CBF.

– Presto homenagem também a João Havelange. Guardo gratidão e respeito a essas figuras. Sou grato a eles. Ao menos precisam ser respeitadas. A Fifa hoje é o que é graças ao senhor João Havelange.

O discurso de Marin, que também ocupará o posto de Teixeira no Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014, deixa claro que pouco mudará no futebol brasileiro com a troca de comando.

Ao exaltar o antecessor e manter toda a direção da CBF, dá sinais de que a linha de conduta será a mesma das duas últimas décadas. Assim como Teixeira, Marin é avesso aos microfones e será difícil arrancar declarações nos próximos meses.

Com isso, as recentes críticas e polêmicas que envolveram a entidade nos últimos meses dificilmente serão dissipadas. Ao menos até 2015, quando deverá ocorrer nova eleição para a presidência da Confederação.

R7 Esportes

FAÇA UM COMENTÁRIO

Por favor digite um comentário
Por favor digite seu nome aqui