Vitória apertada é prenúncio de mais sofrimento

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Seleção Brasileira cumpre a obrigação e vence a frágil Coreia do Norte na estreia. Time ainda precisa melhorar para sonhar com hexa, mas já garante vaga com nova vitória no domingo.

Elano e Robinho, que fizeram jogada do segundo gol, dançam no Ellis Park

JOHANNESBURGO – Não se pode encarar como surpresa o futebol sem brilho apresentado pela Seleção Brasileira na magra vitória por 2 a 1, gols de Maicon e Elano, com Ji Yun Nam descontando, sobre a Coreia do Norte, na última terça-feira (15), no Estádio Ellis Park, em Johannesburgo, na sua estreia na Copa do Mundo de 2010. A produção da equipe foi semelhante a de outras partidas em que o time do técnico Dunga enfrentou adversários de um nível técnico muito inferior.
Basta lembrar que, aqui mesmo na África do Sul, em Bloemfontein, no ano passado, a equipe estreou na Copa das Confederações fazendo um suado 4 a 3 sobre o Egito. E depois acabou chegando ao título. Nas Eliminatórias Sul-Americanas para o Mundial, a Seleção Brasileira empatou sem gols, quando foi mandante, com as fracas Bolívia e Venezuela, mas terminou a seletiva na primeira colocação. Na primeira competição sob o comando de Dunga, a Copa América de 2007, na Venezuela, o primeiro passo foi uma derrota de 2 a 0 para o México. Na final, um 3 a 0 sobre a Argentina, que estava completa diante de um Brasil sem suas principais estrelas, garantiu a taça.
É verdade que fica difícil dizer o que foi mais frio, se a noite de Johannesburgo ou o time de Dunga. Sem a menor inspiração, a Seleção Brasileira parou na retranca norte-coreana na primeira etapa. Se não bastasse a falta de criatividade do time, a péssima exibição do centroavante Luís Fabiano também contribuiu para que tudo se tornasse mais difícil. No caso dele, o futebol ruim não se restringiu ao primeiro tempo. Na maioria das jogadas que disputou, cometeu faltas ou estava impedido.
E o matador do time de Dunga, que até antes da Copa do Mundo parecia incontestável, viu aumentar ainda mais o seu maior jejum com a camisa da Seleção Brasileira. Agora já são seis partidas sem balançar as redes. Os últimos gols foram na vitória de 3 a 1 sobre a Argentina, em 5 de setembro do ano passado, em Rosário, quando ele marcou duas vezes.
As vaias da torcida na saída da equipe para o intervalo parecem ter mexido com o time de Dunga. A mudança de produção não foi significativa, mas um pouco mais de inspiração que no primeiro já foi suficiente para que a retranca norte-coreana fosse vencida. É verdade que o goleiro Ri Myong Guk colaborou de forma significativa, mas não se pode tirar o mérito da jogada de Elano e Maicon pela direita, que se transformou no primeiro gol brasileiro, aos dez minutos da etapa final.
Nem a desigualdade fez a Coreia do Norte se abrir, mas o Brasil articulava melhor as jogadas e, quando Elano fez 2 a 0, aos 27 minutos, após receber um belo passe do amigo Robinho, a impressão que se tinha era de a Seleção Brasileira deslancharia. E Dunga até mexeu no time para que isso acontecesse, colocando Daniel Alves na vaga de Elano, trocando Kaká por Nilmar, com Robinho sendo recuado, e lançando Ramires no lugar de Felipe Melo.
Sua intenção era ter um time mais veloz, mas para um grupo que carrega um histórico de sofrimentos em estreias, a impressão era de que os 2 a 0 eram uma goleada. E o Brasil “cozinhou” o jogo até levar um grande susto. A Coreia do Norte diminuiu, aos 43 minutos do segundo tempo. Mas pode-se dizer que foi obra do acaso, pois o time é tão fraco que nem pressão nos minutos restantes conseguiu fazer.
E a magra vitória de 2 a 1, que manteve o Brasil invicto em estreias de Copas, o que acontece desde 1938, deixou ainda o time de Dunga na liderança isolada do Grupo G, graças ao empate sem gols de Portugal e Costa do Marfim. Mais do que isso, no próximo dia 20, quando encara a Costa do Marfim, no Soccer City, também em Johannesburgo, a Seleção Brasileira garante a classificação matemática para as oitavas-de-final em caso de vitória.

Informações do Hoje em Dia

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