A violência mora na esquina…

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A violência mora na esquina. A violência dorme com o parceiro. A violência está no outro. E a sua agressividade? Acaso você é uma barata ou um ser que a controla?

Nos dias de hoje ainda nos perguntamos para onde estamos caminhando. O homem evoluiu e com ele o que poderia ser usado a seu favor tem assumido uma forte decadência de valores e costumes no aspecto mais profundo que o ser humano pode imaginar. As relações interpessoais deixaram de existir, ou passaram a existir apenas nos livros, como uma ciência comportamental da qual o homem não tem mais noção? A violência passou a ser uma constante dentro de casa, nas ruas, nas escolas e nos locais de trabalho. Podemos tomar por partes a instituição familiar, que vem deixando a responsabilidade de passar conhecimentos apenas nas mãos da escola que por sua vez anda cambaleando por não conseguir assumir o papel que é designado para ser realizado junto à família. Como seria se houvesse um giro completo como nas fases iniciais em que ainda dávamos as mãos para brincar de ciranda? Essa parece uma conversa sem méritos até pelo tom infantil com que foi abordada uma possível solução, mas o fato é que a cada dia a socialização tem se tornado mais difícil e isso de certa forma traz a agressividade, gera a violência e provoca o tumulto a que designamos loucura.

Não é difícil compreender porque as Relações Humanas têm sido estudadas como uma ciência. Os problemas de relacionamentos têm gerado conflitos que podemos observar por todos os lados. Vamos calcular que dentro de uma casa um casal tenha idéias divergentes e que não saibam lidar com elas. Isso ocasionaria o primeiro conflito que poderia ser religioso ou político. Não sabendo como lidar com tais situações o casal começaria a discutir ou deixaria que o assunto ficasse acomodado a um canto até que outras divergências surgissem. Aqui a agressividade poderia se manifestar para fora atingindo o outro ou ficar dentro tolhendo o ser (auto-agressão). Os tipos de agressividade dependem de como cada um centraliza seus impulsos.

É sabido que o homem em si possui uma agressividade comum, o que é preciso é analisar o que faz com que isso chegue a violência e alcance um índice tão alto. Culpar instituições não resolveria, já que a luta pela sobrevivência é um dos maiores fatores para que ela se alastre.

Os meios de comunicação exploram imagens como a de crianças no meio do lixo, velhos em asilos com condições precárias e, nós sentamos, assistimos e esquecemos de discutir como pode o próprio homem se violar. Aqui mesmo temos uma forma de violência. A violência da reprodução. A violência do descaso. A violência dos braços cruzados. Não é possível construir um mundo novo com casas com flores nos parapeitos, mas é possível levantar a voz contra as injustiças e fazer valer a educação, a formação do ser através dos seus olhos, sem competições. O estímulo e o incentivo em construir são imprescindíveis para que exista um canal ou vários que conduzam atos agressivos para a compreensão. Não há como fugir da própria agressividade, mas há meios de internalizá-la; meios que conduzam o ser para a socialização inserindo-o no meio de forma que ele aprenda a controlar seus impulsos para que o meio não seja afetado.

Em algumas famílias a agressão começa com certos atos que os pais assumem para manter a ordem. O tema pecado é plantado de forma que mentes mais agressivas se rebelem contra ele ocasionando o caos. Resultado? Estupro de menores.

Não sou uma psicóloga para explicar aqui os meios que levam determinadas pessoas a assumirem tais posições, apenas ilustro o assunto com uma imagem que todos os dias chega em nossas casas como notícia de um jornal.

No meio disso tudo a mãe chora pelo filho, a mãe chora pelo marido. E onde estaria o erro? No homem, nos pais, na formação sexual e intelectual, na mãe que trabalha fora para ‘criar’ sua família em um país onde um tem que ficar para o outro ganhar a vida?

Mas o caso é… Dentro da família estamos livres da violência? E aqui não faço a pergunta apenas em torno do abuso sexual. Questiono o abuso de poder que também existe nas escolas quando o aluno é impedido de pensar livremente, nas ruas quando a autodestruição do indivíduo surge através da droga na promessa de um alívio, nos rótulos que colocamos em determinadas pessoas porque seus pais carregam um delito. Haja psicologia para explicar tudo isso… Haja compreensão para alcançar o ponto x desse problema… E haja filosofia para definir lógicas!

Em dias em que atingimos um momento em que a comunicação parece trazer benefícios temos é mais com o que nos preocuparmos. Há o trabalho, o estresse do dia a dia, a vida corrida, a falta de tempo para o lazer, à falta do gás para o almoço, a falta de pão para a fome. A violência externa assume sua posição e não é com crenças que uma solução surgirá como milagre. Onde estão os direitos do homem? Em algum livro fechado? Caminhamos para a autodestruição através de nossa própria ganância em ter.

A natureza por sua vez vem sendo violada pelo homem em seus momentos de fúria e, também por nós que ficamos calados frente aos desmatamentos e matanças de animais. Isso sem falar na poluição… Resumindo, somos agressivos e está em nossas mãos e nas mãos das gerações futuras a reconstrução não somente do homem, mas da responsabilidade social em levar um projeto de vida à frente.

O que serão das próximas décadas caso não exista conscientização? Ou ainda, é melhor esperar de braços cruzados para que o tempo nos engula? Jovens repetem o que lhes é dado no início.

A formação de mentes conscientes grita nas calçadas, nos bancos frios, por algo maior. Se nada fazemos não temos como exigir um mundo melhor. E não está no outro o que pode ser feito, mas parte de nós a parcela que funciona como mola propulsora. Parte da nossa maneira de ver e agir com o próximo como pessoas capazes de manter um certo controle quando a vontade é de mandar tudo a p…

Apontar é fácil… Cobrar é fácil… Difícil é cobrar e dar testemunhos de que não é pelo caminho mais largo que se chega a algum lugar. A caminhada não é simples, é árdua, porém é necessário que onde o sangue é quente a mente seja branda e funcione na velocidade da luz.

Não adiantam conselhos se as condições de existência são subumanas; a agressividade gera a violência e os ovos são colocados onde não há limpeza. E assim proliferam as baratas debaixo do nariz de quem não quer enxergar a necessidade da sua contribuição.

Eliane Alcântara.

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