Ainda há moradores isolados em Teresópolis, dez dias após tragédia

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Dez dias depois da enxurrada que arrasou municípios da região serrana do estado do Rio, ainda há pessoas isoladas e que dependem unicamente do transporte aéreo para garantir a sobrevivência. Uma das localidades mais afetadas pelos deslizamentos de terra é Santa Rita, distrito distante cerca de 30 quilômetros do centro de Teresópolis. As estradas de acesso à pequena comunidade foram cobertas por toneladas de lama, pedras e árvores na madrugada do dia 12.

Para as famílias que moram em Santa Rita, a única ligação com Teresópolis são os helicópteros, que conseguem pousar em clareiras trazendo comida, água, remédios e ajudando no resgate de doentes ou feridos. Quando avistam as aeronaves, os moradores abanam e começam a agitar lençóis brancos, na esperança de serem atendidos. Instantes depois dos helicópteros tocarem no solo, a carga é retirada com rapidez. “Nós ficamos sem comida e sem água. Estamos ilhados desde o dia do temporal”, vibrava Sônia Maria Ferreira. “Eles estão salvando nossas vidas”, completava a vizinha Maria Aparecida de Oliveira, mãe de cinco filhos.

Sem perder tempo, as aeronaves decolam, pois nuvens pesadas indicam que mais chuva se aproxima. Em seguida, um dos helicópteros, que decolou com 500 quilos de mantimentos, pousa novamente, desta vez em uma região ainda castigada pela enchente, onde casas que ficavam às margens de um riacho agora estão no meio do curso d´água, formando uma ilha.

Ali também os moradores logo surgem, passando por pontes improvisadas, pois sabem que os helicópteros trazem a garantia de sustento. Do alto é possível ver o porque do isolamento: as estradas que ligam os sítios à cidade continuam intransitáveis. Máquinas e tratores ficam pequenos diante do tamanho dos deslizamentos, indicando que ali ainda serão necessários muitos dias de trabalho incessante para liberar o caminho.

A maior parte das aeronaves decola de um campo de futebol, transformado em base aérea integrada. O comando da operação, que conta com seis helicópteros, é do major da Força Nacional de Segurança Roberto do Canto. Com 23 anos de Brigada Militar do Rio Grande do Sul, Canto reconhece que esta é a maior missão de sua carreira. “Essa missão, com certeza, é a mais complexa. A maior em termos de tragédia e a que demandou maior concentração de esforços e integração entre vários órgãos. A experiência é muito válida para que a gente possa, cada vez mais, ir aperfeiçoando a forma de atuar, em conjunto, entre inúmeras forças”, afirmou Canto.

Por dia, os seis helicópteros fazem cerca de 120 missões de socorro e resgate. São duas aeronaves do governo de São Paulo, uma do governo do Paraná, uma da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), uma do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e uma da Secretaria de Segurança do estado do Maranhão, que voou doze horas e precisou pousar cinco vezes para reabastecer antes de chegar em Teresópolis.

Agência Brasil

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