Boas Maneiras

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Por Humberto Pinho da Silva

Assevera Bacon, nos “Ensaios”, que “Para obter boas maneiras, basta não as desprezar, porque habituando-nos a observá-las nos outros, deixamos operar em nós por imitação”.

Assim é, mas os tempos andam tão adversos, que ter boas maneiras, apresentar-se decentemente trajado, possuir modos recatados, saber comportar-se à mesa como deve ser, falar escorreitamente o bom português, tornou-se deprimente, mormente para a juventude.

Outrora o menino, mesmo o de condição humilde, aprendia as elementares regras de convivência no seio da família: imitava os pais e os irmãos mais velhos. Eram normas simples que lubrificavam as relações humanas. Ser delicado, atencioso com os amigos e respeitador com os mais velhos, eram preciosos predicados que diferenciavam as classes e serviam de bitola para pautar o nível social.

Tudo lamentavelmente foi esquecido. As “etiquetas”, o “ parece mal” evaporaram-se. A sociedade nivelou-se, pouco a pouco, pela ralé. O “encanudado” exprime-se do mesmo jeito que o carroceiro ou moleque malcriado. Só se valoriza o dinheiro, e interessa pouco saber como foi obtido.

Tornou-se elegante, chiquismo, até entre senhoras, exprimir-se em gíria ou pior, se possível, em calão; a pornografia verbal salta tanto da boca da doutorada como da regateira boçal.

As palavras que outrora suavizavam as relações inter-pessoais, como: obrigado, por favor, por gentileza, foram esquecidas. No meu tempo de menino quando se formulava uma pergunta dizia-se: por gentileza, por cortesia, por favor ou por obséquio, onde fica a igreja X ?

Foi assim que nos ensinaram. Era assim que se dizia.

Recentemente ouvi em São Paulo, Senhora, Professora Universitária, de larga cultura, interrogar, deste modo, um transeunte:

– “Ó moço!: como vou para a igreja das Perdizes?”

Se assim falam as senhoras de boas famílias e de nível universitário, como exigir que os jovens conheçam as boas maneiras?

Se não educarmos, desde tenra idade, a conhecer as regras de civilidade; se não colocarmos nas suas estantes o livrinho de etiqueta; se não lhes dermos bons exemplos; se não soubermos incutir o interesse pelas boas maneiras, as relações inter-pessoais forçosamente deteriorar-se-ão.

Fácil é atalhar o mal de início, quando se molda e se forma o carácter. Difícil ou impossível é plasmar, quando não se recebeu de berço: educação cívica e moral cristã.

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