Cadeira cativa no lado errado da história

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Percival Puggina
 
 
         Escrevo sobre a frase de Lula a respeito da guerra entre Israel e o Hamas:
 “O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler resolveu matar os judeus” 
Pois é. Se Lula fosse judeu e estivesse sentado na cadeira de Netanyahu é óbvio que a estas alturas já teria tomado meia dúzia de chopes com Al-Synvar. O terrorista teria trazido seus reféns de volta para aconchego familiar em Israel e, meio sem jeito, diria a Lula “Foi mal!”. Lula, por sua vez, encerraria o ciclo de negociações bebuns com um “Desculpa qualquer coisa, companheiro” e voltado cambaleante para casa. Mas Lula não é judeu, não é primeiro ministro de Israel, Al-Synvar é terrorista casca grossa e não bebe.
 
Então, como cidadão brasileiro, se pudesse falar a Lula, lhe diria o mesmo que o rei Juan Carlos I, de Espanha, disse a Hugo Chávez em novembro de 2007: “Por que no te callas?”. Mania essa de ficar, sempre, no lado errado da História, arrastando suas vítimas à mesma perdição!
 
Para quem não lembra, escolher o lado errado é uma síndrome petista. Querem ver?
 O petismo foi contra a Constituição Federal (ele a queria mais socialista);Foi contra o Plano Real;Foi contra o pagamento da dívida externa;É contra as privatizações;É contra a Lei de Responsabilidade FiscalÉ contra o teto de gastos;É contra o agronegócio;É contra o marco temporal e quer entregar tradicionais áreas de lavoura aos índios;Apoia as estripulias imobiliárias dos quilombolas;É contra o direito de propriedade;É contra o direito de herança;Quer implantar a novilíngua e impor a tirania do “politicamente correto”;Apoia, sustenta e agora alimenta as ditaduras de esquerda;Quer impor a censura das opiniões;Quer patrulhar as redes sociais;Criou o MST que promove invasões;Incentiva conflitos, quer sejam de classe, quer sejam identitários;Condena a atividade policial e protege a criminalidade;Quer desarmar as instituições policiais;Manifestamente entende que direitos humanos são privativos de bandidos e companheiros;Quer políticas de desarmamento dos cidadãos de bem;Jamais cogita em tomar as armas dos bandidos e enfrentar os estados paralelos das organizações criminosas;Opõe-se à redução da maioridade penal;Possui verdadeira fobia por presídios e órgãos de segurança;Vale-se da laicidade do Estado para sufocar os valores cristãos, relegando-os ao silêncio das consciências individuais, mas libera e estimula o ataque furioso e multiforme a esses mesmos valores;Transforma as salas de aula em laboratório de encolhimento de cérebros e formação de militantes;É contra a escola sem ideologia, homeschooling e escola cívico-militar;Defende o aborto e naturaliza sua prática;Oficializa o racismo com leis de quotas;Criou e instituiu o Foro de São Paulo;Aparelha a administração pública e os poderes de Estado com seus filiados e aliados;Onde exerce o poder, defende toda pluralidade, menos a de expressão divergente, mesmo quando amplamente majoritária;Financia obras para companheiros e governos maus pagadores;Empenhou-se em impingir à sociedade o PNDH-3 e, agora, quer aplicar a ideologia do partido à rede de ensino com o programa da Conae;Proporcionou os dois maiores e mais rumorosos escândalos de corrupção deste século, o mensalão e o petrolão. 
Tendo sido testemunha viva e atenta desse período da história republicana, conheço pessoas que se encantam com o lado desastroso da história e querem viver nele. Não entendo os que, recusando o inteiro pacote resumido acima, deixam cair os braços, afirmam estar tudo dominado, e repetem, sem cessar, que falar não resolve. Ora, se não resolvesse, Lula e seus consectários não incluiriam entre os objetivos estratégicos comuns os itens 14 e 15 acima.
Percival Puggina (79) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

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