Educação e saúde sobem muito além da inflação

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Não é à toa que muitas famílias brasileiras levam um susto ao receber o aviso de reajuste das mensalidades escolares. Embora os aumentos pelas instituições de ensino pressionem os índices inflacionários somente nos primeiros meses do ano, são suficientes para que a educação tenha uma variação de preços acima da inflação geral da economia na leitura anualizada. Outro gasto familiar que tem subido acima da média é o de planos de saúde. saúde

Levantamento feito pela Tendências Consultoria Integrada mostra que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta de 71,13% entre 2004 e 2013. Considerando, no entanto, apenas o item “cursos regulares” do IPCA, que engloba desde a creche até a pós-graduação, o avanço foi de 101,5% no período.

Ao desagregar o item “cursos regulares”, as creches apresentam a maior variação de preços nos últimos dez anos, com aumento de 129,2%, seguidas do ensino fundamental (128,5%), ensino médio (127,6%), educação infantil (121,7%), ensino superior (79,5%) e pós-graduação (41,4%). As únicas categorias que tiveram inflação abaixo do IPCA cheio em pelo menos um dos anos analisados são ensino superior e pós-graduação.

Planos de saúde. O mesmo comportamento é encontrado nos serviços de saúde, que subiram 114,41% no IPCA entre 2004 e 2013, de acordo com o cálculo da Tendências Consultoria.

O destaque fica por conta do item “planos de saúde”, que registrou alta de 128,5% neste intervalo.

“Importante destacar que a metodologia usada no IPCA leva em conta apenas os planos individuais, que têm seu reajuste regulado pela Agência Nacional de Saúde (ANS), mas representam a minoria dos contratos das operadoras”, explicou a analista Adriana Molinari, da Tendências Consultoria.

A Unimed, cooperativa médica que comercializa planos de saúde, possui cerca de 20 milhões de beneficiários no território nacional. De acordo com o diretor de Integração Cooperativista e Mercado da Unimed do Brasil, Valdmário Rodrigues Júnior, 75% da carteira corresponde a planos corporativos e 25% a planos individuais.

Segundo ele, os contratos corporativos dependem de uma negociação livre das operadoras com cada empresa, e a alta dos preços pode ficar abaixo ou acima do reajuste máximo estipulado pela ANS para os planos de pessoa física – que em 2013 foi de 9,04%, por exemplo.

“A negociação depende do nível de sinistralidade do plano, mas costuma ser balizada pelo reajuste da ANS. Na prática, as empresas contratantes não aceitam aumentos muito acima disso”.

Inflação em forte aceleração, no entanto, é uma tendência no setor de serviços e não se limita à educação e saúde. “Hoje, com o dinheiro de uma consulta médica você paga uma televisão e com o dinheiro de um almoço fora de casa você compra um aparelho de DVD”, diz o professor Heron do Carmo, da Faculdade de Economia e Administração da USP.

Compare

– Índice oficial de inflação (IPCA): alta de 71,13% em dez anos

– Serviços de preços livres: alta de 104,37%

– Cursos regulares (creche a pós): alta de 101,5%

– Serviços de saúde: alta de 114,41%

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