Senadora do PSol rouba a cena na votação do mínimo ao discutir com Sarney

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A senadora Marinor Brito (PSol-PA) corre contra o tempo para marcar posição na Casa, enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) não decide o futuro da Lei da Ficha Limpa. Prepara um requerimento para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o tráfico de pessoas e articula debates sobre o trabalho escravo. A parlamentar — proporcionalmente menos votada na Casa e que ocupa o lugar de Jader Barbalho (PMDB) barrado pela Ficha Limpa — em menos de um mês de mandato foi tachada de “chata” por alguns colegas e de “a nova Heloisa Helena (PSol-AL)” por outros. Ela rebate: “Não sou nem uma coisa nem outra. Sou uma mulher aguerrida, combativa e que não está aqui para dizer ‘sim, senhor’ ao que está vigente”.

Durante a votação do mínimo, Marinor desafiou o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e reclamou da discriminação do líder do governo, Romero Jucá (PMDB), que teria quebrado o acordo entre líderes para votação das emendas à proposta. Segundo a parlamentar, os destaques elaborados pelo PSol não foram colocados em votação. Insistente, Marinor ouviu a reclamação de Sarney, mas não se calou. “Nao é que estou chegando agora. Tenho 12 anos de mandato,” disse, numa tentativa de rebater as críticas de inexperiência. Ganhou risadas ao tentar chamar a atenção de Sarney com “estou aqui, sou senadora, senhor presidente”. Ao discutir o regimento interno, que Marinor gabava-se de conhecer, Sarney, em tom irônico, comentou que nem ele tinha conhecimento completo sobre as regras de funcionamento da Casa.

Os críticos à postura da senadora afirmam que a “disputa regimental” do mínimo não tinha fundamento e que era só uma estratégia do partido de chamar a atenção. Marinor e Randolfe Rodrigues (PSol-PA) tentam quebrar o “monólogo” na Casa. Ao compará-la a Heloisa Helena, os servidores da Casa afirmam que a oposição da alagoana era fundamentada. A ex-senadora teria ficado um ano estudando o regimento interno para a partir daí começar a briga.

Ficha criminal

Aos 51 anos, a professora Marinor, formada em educação física, ocupou por três mandatos o cargo de vereadora na Câmara Municipal de Belém. No entanto, foi na militância sindical que fez barulho. Começou na década de 1980, participou da fundação dos sindicato dos trabalhadores da educação e depois da confederação estadual. Na ficha criminal, ficou o rastro das greves. A parlamentar responde a um processo por desacato à autoridade, desobediência e instigação da ordem pública. A ação corre no Tribunal de Justiça do Pará e ainda não teve decisão. “É perseguição política”, diz Marinor, que aproveita para atacar o “governador do massacre de Eldorado dos Carajás”, Almir Gabriel.

Filha de uma costureira, Marinor nasceu em Alenquer e tem sete irmãos. O patrimônio declarado ao Tribunal Superio Eleitoral (TSE) é de R$ 31,5 mil. O valor é referente a dois carros: uma Parati (R$ 30 mil) e uma Kombi (R$ 1,5 mil)— os anos de fabricação não foram divulgados.

AG. BRASIL

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