Da trajetória petista ao verbo “malufar”

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A campanha política para 2014 já está nas ruas, daqui para frente reuniões partidárias serão intensificadas, visitas dos candidatos será outra que virá com as desculpas de sempre. A presidenta Dilma por certo usará o cargo, assim também como Aécio, que exerce um cargo de presidente de partido, poderá se apresentar em todo o território nacional, fazendo discursos de candidatos, mas sempre usando como pano de fundo o cargo em que ocupa. Os dirigentes partidários sempre têm desculpas para recomeçar suas campanhas, mesmo quando a sigla perde a confiança do eleitor, como recentemente Lula, em uma entrevista, disse que o PT precisa voltar a fazer discursos para jovens. A sigla é criada, adquiri confiança popular e chega ao poder, aí as coisas mudam… O interessante é que ninguém assume seus erros, pelo poder vale tudo. Lembremos a história do PT, que foi fundado por dirigentes sindicais, intelectuais de esquerda e católicos ligados à Teologia da Libertação, no dia 10 de fevereiro de 1980 no Colégio Sion em São Paulo. O partido é fruto da aproximação dos movimentos sindicais, a exemplo da Conferência das Classes Trabalhadoras (CONCLAT) que veio a ser o embrião da Central Única dos Trabalhadores (CUT), grupo ao qual pertenceu o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, com antigos setores da esquerda brasileira.

Quando nasceu o PT os jovens abraçaram a causa, assimilaram bem os discursos daquele tempo, o partido que ainda não tinha cachimbo para deixar a boca torta, apontava as bocas tortas dos outros concorrentes, mostrando com detalhes as trapaças e corrupções patrocinadas pelos políticos da época. O partido não tinha dinheiro, lembro-me bem desses momentos, residindo em Ribeirão Pires, ABC paulista, tive a oportunidade de participar de alguns almoços e jantares para arrecadação de fundos para que o partido tivesse condições de ajudar a eleger seus primeiros articulistas que seriam, na opinião da militância, as pessoas que iriam mudar a maneira de se fazer política no Brasil.

E foi realmente decisiva aquela militância de voluntários que faziam tudo por amor, enquanto os outros partidos desembolsavam dinheiro para pagar a militância. Aquela juventude maravilhada pelo novo doava seu tempo, sua força e seu entusiasmo sem nada cobrar a não ser a esperança de ver a tão sonhada mudança que o PT pregava para o país.

Nas eleições de 1982 foi uma alegria tremenda comemorada por todos os militantes de São Paulo, o PT elegia seu primeiro prefeito na cidade de Diadema no ABC paulista, Gilson Luiz Correia de Menezes, um ano depois, 1983, elege Eduardo Suplicy deputado federal e em 1991, tornou-se o primeiro senador do PT. Edmilson Brito Rodrigues o primeiro prefeito de uma capital: Belém no Pará e nas eleições do ano de 2000 o PT amplia os prefeitos das capitais para 6, dentre elas,São Paulo, com Marta Suplicy. Em 2002 o PT dá um salto enorme elegendo Lula presidente do Brasil, 3 governadores e ficando com uma bancada de 83 deputados federais e 13 senadores. Em 2010 elege cinco governadores, uma bancada de deputados federais de 88 e 13 senadores, em 2012, 87 deputados federais e 13 senadores. O poder sobe a cabeça e os dirigentes petistas ainda não satisfeitos com o crescimento do partido e ansiando por mais poder para assim permanecer para sempre, começaram a negociar com seus desafetos.

Marina Silva, senadora (AC), que foi ministra do Meio Ambiente do governo Lula por seis anos anunciou que, após 30 anos de militância, deixava o PT e se candidatou à presidência da República pelo PV.

Flávio Arns, por sua vez, também deixou o partido, logo após reunião do Conselho de Ética, na qual os senadores arquivaram 11 ações movidas contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Segundo o senador, foi “vergonhosa” a decisão do PT de ajudar Sarney, engavetando as ações para ter o apoio do PMDB. Em 2005, durante o escândalo do Mensalão, o senador Cristovam Buarque (DF), hoje filiado ao PDT, também mudou de partido. Na mesma época, a ex-senadora Heloísa Helena (AL), chorou no senado quando o PT fechou questão em acordo com o presidente do Senado Antônio Carlos Magalhães, outro adversário do partido, Heloisa deixa o partido e funda o PSOL.

Outra baixa ocorreu em 2006, quando Ana Júlia Carepa foi eleita governadora do Pará e deixou a vaga no Senado para o suplente, senador José Nery (PSOL).

Estas baixas são apenas uma amostra de figuras da alta cúpula, mas milhares de militantes deixaram o partido, aquela massa de voluntário que levantavam as bandeiras não existem mais, hoje são interesses ou por cargos ou dinheiro, mas os ideais, estes ficaram só nos sonhos. Lula ensinou o PT a conjugar do verbo “malufar”. A chegada de Paulo Maluf (PP) ao palanque do PT é uma espécie de consagração do verbo “malufar”, agora na versão petista. Petismo, sinônimo de malufismo. Ou vice-versa.

O PT agora quer mudar o discurso para se aproximar dos jovens, quem não é do Bolsa Família não quer saber de PT. O Brasil, talvez, pela maioria dos petistas não professarem nenhuma religião, deixaram o país chegar a um ponto inaceitável de violência e corrupção. Muita gente do governo está sendo acusado de corrupção, várias obras do governo federal estão sendo paralisadas por suspeita de corrupção e acabam de ser presos, 11 dos 12 mensaleiros que tiveram suas prisões decretadas.

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