Festa no Prata resgata tradição de carro de boi

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Na Zona Rural de Mutum e de Lajinha principalmente os familiares dos Franças e dos Gudinhos eram tradicionais donos das maiores boidas e carros de bois que na época comandavam o transporte e os serviços de preparação das terras para o cultivo

Gostaria que o senhor falasse um pouco dos Franças que há muitos anos, lidam com carro de boi.

“Isso aí é da época do meu avô, Joel França e do meu pai, puxava café daqui dos França para Manhumirim, Aimorés… Eu não lembro disso, mas meu pai me contava isso, cozinhava pelas estradas a fora, gastavam 14 dias para ir para Manhumirim, levava café e voltava com cereais, sal, querosene, banha, macarrão, tecidos e demais mercadorias, tudo vinha de Manhumirim, tudo transportado por tropas e nos carros de bois”, disse Joviano França que nos deu uma entrevista, confira:

Jornal das Montanhas _ Quantas juntas de bois vocês ainda possuem?

Joviano _ Apesar da tradição de família, hoje só eu lá dos França (Zona Rural de Mutum) que ainda teimo em continuar é o que mais gosto de fazer e tenho três juntas de bois, que são eles: Joviano _ Proviso, Programa, Perfumado, Porto Novo, Preceito, Poso Alto.

JM _ Financeiramente ainda dá resultado trabalhar com carro de boi?

Joviano _ Eu me sinto bem, faço disso a minha vida, ganho dinheiro com isso aí, tranquilo, na boa. Um dia normal eu cobro R$ 100,00 (cem reais) por oito horas de trabalho, mas, faço por viagem também. Isso é na base da camaradagem, só para não esquecer o ramo. Esse carro puxa trinta balaios, temos um carretão e aro terra para plantar feijão, milho e capim

JM _ Você lembra de alguma história de seu avô?

Joviano _ Não lembro de muitas histórias, mas sempre na época que ele ia para Manhumirim fazia bastante farra, era bem arteiro, mas ficou sendo devoto demais, mandou até construir uma capela e participou ativamente da construção da Igreja Nossa Senhora das Graças, ele só não celebrava, mas rezava tranquilo no nosso meio, éramos todos moleques, se ele falasse um psiu todo mundo ficava de rabinho murcho. A comunidade era muito festeira todo mundo participava das festas, o pessoal do Prata, Ocidente, Santa Terezinha e até de Lajinha e Mutum, todos se juntavam lá, hoje diminuiu muito porque tem várias comunidades, e isso é bom, não precisa andar longe para rezar, reza mais perto.Paulo Gudinho mudou-se para o Distrito do Prata há pouco tempo e percebendo que o povo é carente de festa de fim de ano desenvolveu uma festa com brincadeiras para as crianças com passeio de carros de bois, cavalgadas e a noite um show dançante embalado por ele, um dos talentos de Lajinha.

Segundo ele teve a colaboração de todos comerciantes do Distrito e alguns de Lajinha envolvendo artistas da região e valorizando o que a terra tem de melhor.

A ideia da cavalgada mirim foi trazer para a juventude que não conhece um pouco da cultura que trouxe o progresso da região.

Paulo Gudinho lançou seu quarto CD “Dedo de Prosa” voltado para músicas regionais e para 2010 tem projeto de lançar seu primeiro DVD.

Os CDs são encontrados nas lojas da região, Espírito Santo, Vitória e Manhuaçu.

Paulo Gudinho fez turnê internacional em Portugal levando o trabalho realizado por ele. Em 2010 pretende voltar a Portugal e estender sua turnê até a Espanha.

1 COMENTÁRIO

  1. A melhor lembrança que guardo do meu pai é o velho carro de boi, puxando milho da palhada. Meu pai carreando e eu candeando as juntas, numa harmonia perfeita. Aos 72 anos, jornalista radicado em cidade grande, não consigo esquecer a minha origem, orgulhando-me de ter sido um roceiro.

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